O cantor Seu Jorge de 52 anos sofreu ataques racistas durante um show no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre (RS), na noite da última sexta-feira (14), em virtude de discurso contra a redução da maioridade penal e defesa de jovens negros de comunidades pobres.

O caso se tornou público por meio de denúncias postadas nas redes sociais por pessoas que estiveram presentes no evento. Um dos depoimentos feitos no Twitter diz que era possível ouvir gritos de “vagabundo” e “safado” contra Seu Jorge.
Outras publicações relatam que tinham pessoas imitando macacos quando o artista retornou ao palco para finalizar a sua apresentação.
Antes do encerramento do show, Seu Jorge convidou um jovem negro para tocar cavaco no palco. O que teria causado o ataque racista, segundo as denúncias divulgadas nas redes sociais, foi o discurso do artista contra a redução da maioridade penal e os assassinatos de outros jovens negros de comunidades pobres.
Seu Jorge se posiciona 3c3d1v
O cantor Seu Jorge se pronunciou pela primeira vez sobre o caso. Em um vídeo postado no Instagram, o artista se posicionou firmemente na luta contra qualquer tipo de preconceito.
“Estaremos bem mais fortes e unidos na luta intensa contra o racismo e toda a forma de preconceito e discriminação. Vamos vencer essa guerra que segrega o nosso povo à miséria e à falta de oportunidade no Brasil. Que mata e maltrata nossos filhos, sobrinhos, primos, primas, irmãos e irmãs todos os dias. Estaremos na luta juntos denunciando e combatendo todo tipo de tipificação de nossa gente e respondendo com excelência, preparo, sabedoria e diplomacia”, disse Seu Jorge.
“Nunca, jamais, nos curvaremos ao racismo e à intolerância, seja ela qual for. Não cederemos um milímetro sequer ao ódio e combateremos e cobraremos das autoridades que a justiça prevaleça e os criminosos sejam punidos”, completou o cantor.
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“Temos que combater o racismo estrutural e institucional do Brasil, promovendo meios e ferramentas para que a juventude negra brasileira possa seguir o seu caminho com oportunidade para buscar suas realizações e desenvolver suas capacidades”, disse Seu Jorge.
Após a repercussão do ocorrido, o Grêmio Náutico União publicou uma nota oficial, afirmando que está “apurando internamente os fatos” e que, se comprovado o crime, os “envolvidos serão responsabilizados”.
Polícia Civil investiga o caso 70213u
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul disse, por meio de nota, que está investigando o caso e pediu imagens de segurança da casa onde o show foi realizado. Leia abaixo:
Por meio da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), do Departamento Estadual de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV), está investigando o, em tese, crime de racismo cometido contra o cantor Seu Jorge, durante show realizado no último dia 14 de outubro, em Porto Alegre. Um vídeo em que parte da plateia aparece chamando o cantor de macaco já está sendo analisado pela equipe de investigações da DPCI. Ainda hoje serão solicitadas imagens das câmeras de segurança do Clube e testemunhas deverão ser ouvidas ao longo da semana.
Com informações do UOL e R7