Roda de Choro Mulheril traz clássicos e protagonismo feminino para a rua em Florianópolis 2r1m4j

Grupo se reúne todo sábado, às 14h, na rua Victor Meirelles, no Centro da Capital 731c2z

Sobre os paralelepípedos da rua Victor Meirelles cadeiras são organizadas em um círculo, e aos poucos, mulheres chegam e se acomodam para afinar seus instrumentos. Todo sábado, às 14h, a cena que se repete no Centro de Florianópolis dá início à Roda de Choro Mulheril, onde instrumentistas tocam clássicos da música popular brasileira e músicas de compositoras menos conhecidas pelo público.

Grupo se reúne todos os sábados, às 14h, na rua Victor Meirelles – Foto: Gabriela Ferrarez/ NDGrupo se reúne todos os sábados, às 14h, na rua Victor Meirelles – Foto: Gabriela Ferrarez/ ND

Elas tocam choro – um gênero instrumental caracterizado pelas rodas de instrumentistas que entoam, sem ensaio, música popular brasileira. Natália Livramento, uma das idealizadoras do projeto, afirma que o grupo não é exclusivo para mulheres, mas é protagonizado por elas.

A roda, que começou em junho de 2022, tem violão, cavaquinho, reco-reco, flauta, violão de sete cordas e pandeiro. No entanto, a diversidade não se limita aos tipos de instrumentos.

“É um coletivo de mulheres, a roda tem esse caráter de diversidade: de histórias, processos, caminhada musical, corpos, de idades”, fala Natália.

Foi ando pela rua que Sônia Pereira, de 75 anos, conheceu a roda. Ela conta que logo lhe entregaram um chocalho e ou a fazer parte do grupo. Um ano após o encontro, Sônia toca o pandeiro, instrumento que aprendeu a tocar ainda em 2020, no início da pandemia.

Fernanda da Cruz, de 63 anos, que também faz parte da percussão, definiu a roda como “democrática”, pelo fato da música ser tocada na rua, sem necessidade de ingresso.

“Fui chegando, devagarinho, pelas beiradas, hoje me considero uma aprendiz de pandeiro, me sinto muito acolhida pelas meninas”, afirmou. “Eu trabalho com saúde do idoso. É um hobby que me faz muito bem, uma terapia pra mim, mas eu também uso os recursos da música no meu trabalho”, completou.

A abertura encontrada no grupo também foi a razão para a cantora e instrumentista Solange Scolaro se aventurar em apresentações públicas com o violão. Formada em licenciatura de música, ela explicou o porquê decidiu entrar na roda.

“Acho que por ser uma roda de mulheres, na verdade, foi o porquê eu me senti confortável de tocar em conjunto, me expor”, fala.

Entre clássicos como Brasileirinho, de Waldir Azevedo, e Carinhoso, de Pixinguinha, a roda também prestigia músicas de compositoras menos conhecidas.

O protagonismo das mulheres na roda destaca uma classe que, na opinião da percussionista Giovana Dutra, de 35 anos, sempre existiu e foi invisibilizada. Ela começou na música tocando em escola de samba e, quando o grupo começou, foi convidada por uma amiga para participar.

“A questão do machismo que a gente sabe que existe, no samba isso fica mais nítido, porque geralmente as mulheres estão sambando e os homens estão tocando. Mas a mulherada sempre tocou, isso não é novo. É uma questão de espaço. Aqui elas sentem essa abertura”, explica.

Apesar do caráter espontâneo do choro, que faz com que os integrantes de uma roda de choro não ensaiem em conjunto para apresentação em público, as pessoas que participam já entram com uma noção de música e do instrumento que irão tocar, explica Natália.

As percussionistas Virgínia Meirinho e Eduarda Silva, de 26 e 27 anos respectivamente, explicam que em outras rodas, a capacidade como instrumentistas é sempre colocada em dúvida.

“Em outras rodas, que tem em maioria homens, a gente tem que provar que sabe” , fala Eduarda.

“Sempre falam coisas como: ‘Mas você sabe mesmo tocar? Fica aqui do lado e assiste antes de participar’. Aqui já não, existe essa abertura”, completa Virgínia.

Assista trechos da roda 1q531j

A Roda de Choro Mulheril todos os sábados, às 14h, na rua Victor Meirelles, Centro de Florianópolis – Vídeo: Gabriela Ferrarez/ ND

Roda deu início a projeto de capacitação em choro 3m5g4w

A partir da Roda de Choro Mulheril, surgiu a oportunidade de realizar uma formação no gênero instrumentista. Com o financiamento do edital de incentivo à cultura Elisabete Anderle, um grupo de cerca de 70 mulheres instrumentistas aram a ser capacitadas para tocar no choro.

“No final do ano ado, a gente sentiu uma necessidade de ampliar. A gente pensou que tem uma série de mulheres, que querem tocar mais, se desenvolver”, explica Natália.

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