Situação da Lagoa da Conceição melhora, mas banho segue contraindicado, diz IMA 1k2e10

Segundo órgão, balneabilidade e nível de oxigênio apresentaram melhora em análise coletada nesta terça (9); nota técnica da UFSC de segunda (8) aponta presença de microalga nociva ao ser humano

O IMA (Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina) comunicou que, com base em amostras colhidas na manhã desta terça-feira (9), não foi identificada nenhuma microalga que seja tóxica ao ser humano na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. O resultado é preliminar e aponta também que o nível de oxigênio na água apresentou melhoria.

As amostras de microalgas e de balneabilidade foram coletadas na região entre a avenida das Rendeiras e o Rio Vermelho. O laudo completo sobre a situação da Lagoa e dos canais de drenagem analisados será divulgado nos próximos dias, conforme o IMA.

Lagoa da Conceição tem expansão de “zona morta”, afirmam pesquisadores da UFSC – Foto: Leo Munhoz/NDLagoa da Conceição tem expansão de “zona morta”, afirmam pesquisadores da UFSC – Foto: Leo Munhoz/ND

O instituto realizou ainda uma observação qualitativa das amostras de microalgas coletadas nesta terça (9) em um microscópio óptico invertido junto ao Laqua (Laboratório de Algas Nocivas e Ficotoxinas), do campus de Itajaí do IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina).

Com isso, a equipe do IMA concluiu de forma preliminar que as microalgas que predominam nas amostras não são reportadas como nocivas aos seres humanos em nível global. A equipe técnica também constatou que, na data da coleta, uma das espécies de microalgas dominantes já foi associada à produção de compostos nocivos para peixes.

Enquanto isso, a nota técnica nº04/PES/2021, publicada pelo o PES (Projeto Ecoando Sustentabilidade) da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) nesta segunda-feira (8), aponta que as condições da água após o desastre ambiental do dia 25 de janeiro em conjunto com outros fatores observados ao longo das últimas semanas, como a onda de calor, favoreceram a microalga nociva Fibrocapsa japonica.

As toxinas produzidas por esta espécie são perigosas ao ser humano, causando sintomas como náusea, diarréia, vômito e até formigamento, dormência e perda de controle motor, descreve o documento produzido pelo projeto.

Os dados apresentados pelo PES são referentes a coletas realizadas em oito pontos amostrais ao longo de toda a laguna no dia 3 de março, acompanhando vistoria técnica da FLORAM, para identificar e quantificar a comunidade das microalgas e avaliar a presença da alga nociva F. japonica.

Tanto a nota técnica do projeto quanto o IMA recomendam que as pessoas evitem tomar banho e realizar atividades na água.

Níveis de oxigênio 3a3021

“Foram avaliados ainda diversos parâmetros físico-químicos da água em mais de 10 pontos da Lagoa, tanto na superfície como no fundo, e a situação de ausência de oxigênio (anoxia), relatada nas últimas semanas, não estava mais presente”, informou o IMA. No entanto, a análise preliminar indica que os níveis de oxigênio dissolvido na água continuam baixos.

De acordo com o professor Paulo Antunes Horta, dos cursos de pós-graduação em Ecologia e Oceanografia da UFSC, “os dados das últimas semanas revelaram valores baixos de O² em muitas áreas [da Lagoa], especialmente a partir de 1 metro de profundidade”.

Maré marrom f1361

Com o desague de efluentes da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) da Casan, toneladas de substâncias foram carregadas para a água. O aumento da concentração de nutrientes no ecossistema aquático, chamado de eutrofização, favoreceu a floração das microalgas nocivas e gerou uma coloração anômala da água, de um marrom escuro, turvo e viscoso.

Segundo o PES da UFSC, um primeiro ciclo desta anomalia, também chamada de maré marrom, foi registrado pelos moradores da comunidade da Costa da Lagoa em 16 de fevereiro.

Novo ciclo da maré marrom foi registrado na Lagoa da Conceição o último fim de semana – Foto: Divulgação/NDNovo ciclo da maré marrom foi registrado na Lagoa da Conceição o último fim de semana – Foto: Divulgação/ND

“A água com essa cor já apareceu na Lagoa, depois no Canto dos Araçás e agora no Parque”, relatou o presidente da Associação dos Moradores da Costa da Lagoa, Volnei Valdir de Andrade. Segundo ele, a estação da Casan é uma das únicas construções na região e pode vir a ter relação com o acontecido.

Em nota, a empresa negou e afirmou que não sabe de onde vem a água com coloração escura. “Não tem relação nenhuma com as unidades de tratamento da companhia, cuja operação está absolutamente dentro da normalidade”, afirmou a Casan.

“Um segundo ciclo [da maré marrom] está ocorrendo nesta semana e se estende por toda a laguna, levando a mortalidade de peixes e invertebrados na região da avenida das Rendeiras”, alertou a equipe do PES, que também recomendou que as pessoas não tenham contato com as “águas marrons”, nem com os animais mortos ou vivos associados à floração.

Na semana ada, uma moradora filmou a água de coloração escura na estrada que dá o ao Trapiche da Costa da Lagoa e a por dentro do Parque Florestal do Rio Vermelho.

O IMA informou que novas coletas foram feitas no Parque Estadual do Rio Vermelho, para verificar a qualidade das águas presentes nos canais e valas de drenagem. Os dados obtidos das vistorias desta semana juntamente com todas as informações existentes até agora devem ser utilizados na elaboração de um documento técnico detalhado sobre a Lagoa e os eventos recentes.

No laudo completo, o IMA também pretende integrar informações levantadas por outras instituições, tais como ARESC (Agência de Regulação de Serviços Públicos de Santa Catarina), IGP/SC (Instituto Geral de Perícias de Santa Catarina), FLORAM (Fundação Municipal de Meio Ambiente de Florianópolis) e UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

Propostas de ações emergenciais 5v524f

Para reduzir os prejuízos socioambientais, o PES da UFSC propôs ações emergenciais. “Precisamos investir em soluções eficientes que venham a mitigar os prejuízos em curto, médio e longo prazo”, reforça o professor Horta.

Confira quais são elas:

  • Plano de Resgate de Fauna associado ao programa de monitoramento, para resgate da fauna de locais atingidos pela hipoxia/anoxia e sua soltura em áreas mais resistentes com concentrações de oxigênio mais elevadas;
  • Instalação de sistemas de oxigenação superficial (aeradores) e hipolimnética (oxigenadores hipolimnéticos) nos locais onde se detecta hipoxia ou anoxia;
  • Estabelecer imediato e sistemático monitoramento do ecossistema da Lagoa da Conceição.

Os pesquisadores da UFSC sugerem ainda a recuperação da Lagoa da Conceição através do manejo de algas e plantas marinhas.

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