O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, criticou, nesta terça-feira (15), autoridades que foram para a COP27 (27° Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) por ida em jatinhos particulares para a reunião no Egito.

“Filantropos, líderes e empresários e seu sempre exagerado número de assessores vieram em jatos particulares ao luxuoso balneário do mar Vermelho para cobrar metas de redução de emissões dos outros, sugerindo carros ultramodernos a hidrogênio ou 100% elétricos, completamente desconexos da realidade de diversas regiões do Brasil e do mundo”, comentou.
De acordo com informações do R7, Apesar disso, o ministro não mencionou o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foi à conferência no jatinho do empresário José Seripieri Junior.
Lula tem sido alvo de críticas por ter embarcado para o Egito na aeronave do empresário que foi acusado de envolvimento em suposto esquema de corrupção e investigação pela Operação Lava Jato.
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Além disso, o ministro alertou que o mundo deve caminhar para uma política ambiental racional que mire o desenvolvimento econômico. Mesmo com os “enormes desafios”, ele aponta que o Brasil avançou ao investir em soluções climáticas e ambientais “lucrativas para as empresas, as pessoas e a natureza”.
“O Brasil acredita que o mundo deve caminhar para uma política ambiental racional, não na redução de emissões extremamente forçada, via taxas e custos a vários setores econômicos, com risco de geração de inflação verde e aumento da pobreza”, disse Leite. O ministro coordena a delegação do Brasil no evento, que acontece em Sharm el-Sheikh, no Egito.
Assim como citou o mercado regulado de carbono e a monetização dos ativos ambientais como potência nacional que colocará o Brasil na liderança da compensação de emissões na exportação de créditos de carbono para países e empresas poluidoras.
Além disso, elencou como avanços do Brasil na área ambiental nos últimos anos o Novo Marco do Saneamento e Resíduos, os resultados do programa Lixão Zero e as iniciativas de pagamentos por serviços ambientais, reciclagem.
“Os governos têm a responsabilidade de atuar nesta agenda com racionalidade, sem discursos populistas e utópicos”, comentou.
Ele também citou como exemplo de política pública de sucesso o financiamento para a renovação de frotas de caminhões, carros, tratores e embarcações.
“No Brasil, temos mais de 900 mil caminhões com mais de 25 anos, imagine essa quantidade de veículos ao redor do mundo; isto sim reduz emissões, melhora a saúde pública e gera empregos”, justificou.
Sobre as energias verdes, tema da participação brasileira na conferência deste ano, o ministro citou que o Brasil tem a matriz energética mais limpa entre as grandes nações, com 85% de geração de energia de fontes renováveis. O potencial, entretanto, é muito maior, sobretudo na ampliação da geração solar e eólica em terra e no mar.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), comentou, nesta terça-feira, durante discurso na COP27, que o Brasil necessita priorizar o combate ao desmatamento, especialmente na Amazônia, e que os gargalos na área ambiental podem prejudicar a imagem do país no exterior.

“Há uma grande expectativa para a apresentação de um plano de ação sustentável, capaz de mobilizar as instâncias de fiscalização, de controle e de policiamento para, de fato, não só combater o desmatamento ilegal, como também recuperar a imagem do Brasil junto aos demais países”, comentou.
Segundo Pacheco, o Brasil vive uma crise de imagem “pautada no desmatamento ilegal das florestas”.
“A Amazônia é nossa, é do Brasil, mas ela tem interesse para todo o mundo e é natural que haja questionamentos ao Brasil em relação à preservação da Amazônia”, explica, completando que o país precisa reconhecer os problemas na área do meio ambiente e apresentar soluções para o tema. “O combate ao desmatamento ilegal das nossas florestas precisa ter lugar no orçamento”, enfatizou.
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Os debates da COP27 foram iniciados no dia 6 de novembro e vão até sexta-feira (18). O objetivo dos ambientalistas e dos países em desenvolvimento é fazer com que as nações mais ricas se comprometam com a criação de um fundo para cobrir os danos causados pelo aquecimento global.

Nesta semana, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também participará da COP27, no Egito. Além do petista, vão os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL) e a deputada federal eleita por São Paulo Marina Silva.
O convite foi feito pelo Consórcio de Governadores da Amazônia Legal. No evento, a expectativa é que Lula, diante de líderes mundiais, reforce seu compromisso com a agenda ambiental.
*Com informações do R7