A atual situação da Lagoa do Peri, no Sul da Ilha de Santa Catarina, vem sendo debatida. Responsável pelo Sistema de Abastecimento Costa Sul/Leste, a Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento) prevê a redução na captação de água da Lagoa do Peri para 15% na temporada de verão 2020/2021, quando há aumento da demanda.

Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (10), a Companhia explicou que já tem reduzido em 50% o volume captado habitualmente na Lagoa, aumentando o tempo de operação dos poços da região do Campeche, cuja água é tratada na estação do próprio bairro.
Com a redução, o restante do abastecimento será feito por sistemas alternativos. Entre eles, o aquífero do Campeche, o Sistema Integrado que vem do Continente e a interligação da nova adutora via Aeroporto Internacional Hercílio Luz.
O objetivo é diminuir o impacto da estiagem prolongada e garantir a qualidade de água no sistema de abastecimento. A Casan pode captar até 200 litros por segundo de água da Lagoa do Peri e possui licença de operação emitida pelo IMA (Instituto do Meio-Ambiente) válida até 2024.
Estiagem afeta abastecimento 432o73
Apesar da forte estiagem, a Casan afirmou que o nível da Lagoa se mantém na marca de 1,52 metros de profundidade média há pelo menos três meses. Segundo a Epagri/Ciram, o volume de chuvas no Sul da Ilha é o menor de Florianópolis e um dos menores índices do Estado.
Conforme o diretor de Operação e Expansão da Casan, Fábio Krieger, os dados fornecidos pela Epagri/Ciram indicam que só no final do primeiro semestre de 2021 a situação da estiagem poderá estar normalizada.
“Até lá, vamos continuar ampliando a importação de água do sistema integrado, abastecido via adutoras de Santo Amaro da Imperatriz, para suprir a necessidade e preservar o manancial da Lagoa do Peri”, afirmou.
Situação em 2020 5m5d15
De acordo com o engenheiro Joel Horstmann, superintendente Regional Metropolitano da Casan, no primeiro semestre de 2020 o abastecimento era feito com 50% – 120 L/s – de captação de água da Lagoa do Peri e 50% de poços auxiliares.
No segundo semestre, com o avanço da seca, a captação de água da Lagoa foi reduzida para 25%, (60 L/s) e os outros 75% de água (180 L/s) vem de poços auxiliares, com a interligação do Sistema Integrado de abastecimento da Grande Florianópolis e do Rio Vermelho.
Ações para reduzir a captação 72e4y
A Casan informou que tem colocado ações em prática para reduzir cerca de 85 litros por segundo na captação de água da Lagoa do Peri.
A primeira ação é a construção de uma adutora de 9.200 metros para interligar a região da Lagoa da Conceição a poços do Rio Vermelho (servidão Recanto dos Manacás e rua do Moçambique), não afetando o sistema da Costa Norte.

O objetivo dessa adutora é dar flexibilidade ao abastecimento, auxiliando em caso de manutenções, de estiagem prolongada e para reforço do sistema da região da Barra da Lagoa na temporada de verão. Essa operação, cujo investimento estimado é de R$ 1,60 milhão, deve reduzir em 25 litros por segundo a captação.
Uma terceira interligação pela região do o ao Aeroporto Internacional Hercílio Luz levará mais água do Continente para os moradores do Sul da Ilha.
Essa interligação fornecerá cerca de 30 litros por segundo do Sistema Integrado para o Sistema Costa Sul na primeira etapa, reduzindo ainda mais a necessidade de captação da Lagoa do Peri.
Além disso, outros três poços, todos localizados no Campeche, vão reforçar o abastecimento de água no Sul da Ilha. Essa ação prevê uma redução de 30 litros por segundo. Nas obras da interligação e dos poços serão investidos R$ 950 mil.
Racionamento de água 4ik2h
Caso o racionamento de água seja uma medida imprescindível para preservar a Lagoa do Peri, essa hipótese será levantada pela Casan. O racionamento não teria sido adotado ainda, segundo a Companhia, porque afetaria com mais intensidade os bairros mais distantes e casas em locais mais altos, como morros.
Áreas no meio da rota das adutoras (Campeche e Novo Campeche, por exemplo), seriam pouco, ou nada, afetadas. Por isso, a Casan reforça que os moradores do Sul e Leste da Ilha devem economizar água.

Roberta Maas dos Anjos, diretora-presidente da Casan, explicou que essa hipótese está sendo evitada, também, por conta da pandemia da Covid-19.
“Estamos evitando o racionamento pela segurança das pessoas. Temos uma campanha de educação ambiental. Vamos conversar com órgãos locais e com os maiores consumidores de água, levando a mensagem do uso consciente para que não seja preciso o racionamento”, disse a diretora.
Auditoria no TCE/SC 5c2432
O TCE/SC (Tribunal de Contas de Santa Catarina) determinou nesta quarta-feira (9) a realização de uma auditoria operacional para averiguar o risco de a bacia hídrica da Lagoa do Peri entrar em colapso e os danos ambientais. O pedido da auditoria foi feito pelo Ministério Público de Contas.
Sobre a auditoria, o superintendente Joel Horstmann afirmou que a Casan “está tranquila e segura”.
“Já começamos as ações antes mesmo de receber a notificação do Tribunal. Temos ações em andamentos e outras que ainda serão executadas ao longo do segundo semestre. Vamos responder conforme o solicitado”, disse o engenheiro.