Ivo Silveira, Colombo Salles e Celso Ramos. Com todos esses catarinenses o engenheiro agrônomo Glauco Olinger trabalhou. Criador da Acaresc (Associação de Crédito e Assistência Rural do Estado de Santa Catarina), Olinger completou 99 anos em 17 de setembro e tem autoridade para dizer: “Não estão dando às florestas o valor necessário para sua manutenção. Dos 64 milhões de km² que existiam no planeta, restam menos de 15 milhões de km²”, registra.

Natural de Lages, Olinger é um vulto nacional e mundial quando o assunto é agricultura. Quem situa Olinger como referência mundial é o jornalista e comentarista político do Grupo ND, Moacir Pereira, que recebeu o engenheiro agrônomo na segunda-feira (27) no programa Conexão ND.
“Se você suprimir a água do planeta, ele se torna estéril. Mas se você suprimir o homem, o grande predador, devastador, poluidor e adversário da sustentabilidade do planeta, não fará falta”, disse ele.
“Em todo projeto de desenvolvimento governamental, é preciso considerar o meio ambiente. A falta de florestas, hoje, é um dos grandes responsáveis por essa descontinuidade no regime de chuvas”, defendeu o especialista.
O jornalista Laudelino Sardá diz que Glauco está “entre os homens mais inteligentes de Santa Catarina. Criou o polo de fruticultura na Serra, a Acaresc e a extensão rural em Santa Catarina. A agroindústria do Oeste deve ao Glauco”, disse Sardá, amigo de Olinger há mais de 40 anos. Segundo Sardá, Olinger tem quatro livros publicados pela Editora Unisul.
O mais recente é “Breves Considerações sobre a Água Doce no Planeta Terra”. Justificando a escolha do tema, Olinger é direto: “Água doce, aproveitável, é menos de 3% da água disponível. É mínimo e esse mínimo está sendo desperdiçado”.
Segundo seu próprio criador, a Acaresc, atual Epagri, surgiu em decorrência da instalação rural no Brasil, na década de 1940. O começo foi em Minas Gerais, depois nos Estados do Nordeste, até chegar nos Estados do Sul e, em Santa Catarina, em 1956.

“Era um sistema que estava se expandindo. A assistência técnica, com ensino e educação e financiamento através do Banco do Brasil, e o antigo Besc (Banco do Estado de Santa Catarina)”.
Falando sobre os desafios atuais do agronegócio catarinense, Olinger critica a falta de foco dos governos em ferrovias. “Nossos políticos, agora mesmo, estão procurando atender rodovias. São problemas que precisam ser atendidos, mas estão abandonando a ferrovia e dando prioridade para as rodovias. Isso foi um dos maiores erros cometidos no governo de Juscelino Kubitschek. Deveria, paralelamente, desenvolver ferrovias”, defendeu Olinger.
Segredo para longevidade 583p1
Falando sobre a longevidade, Olinger recorre às lições dos anos 1930, no Colégio Catarinense. “Meu regime alimentar é decorrência de conselhos que recebi do Padre Alvino Bertholdo Braun, antigo professor do colégio dos Jesuítas, que dizia: a digestão começa pela boca, o estômago não tem dentes. Você tem que ptialinizar os alimentos. Transformar os albuminoides em peptonas e mandar para o estômago pré-digerido”, rememorou Olinger no momento mais descontraído da entrevista no Conexão ND.

Ele deu mais dicas: “Não encha o estômago! Deixe espaço e faça exercícios físicos”. E, ao longo da vida, Olinger aplicou as recomendações que transmite hoje. Foi jogador de futebol de salão até os 69 anos. Nessa fase, conquistou até um título como ponta-direita da Embrater (Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural), que ele presidiu:
“Tinha 64 anos, jogava como um guri de 18”, brincou Glauco Olinger, dono de diversas distinções no Brasil e em Santa Catarina, com destaque para a Medalha Anita Garibaldi, a mais importante no Estado.