Jogadora de vôlei de Nova Trento, Rosamaria estreia em Olímpiada 5m62d

Conheça a história de Rosamaria Montibeller, catarinense de Nova Trento convocada para a seleção brasileira de vôlei que vai disputar a Olimpíada de Tóquio

Rosamaria Montibeller nasceu e foi criada em Nova Trento, cidade do interior de Santa Catarina colonizada por imigrantes italianos. Foi onde ela começou a jogar vôlei, aos oito anos, sem pretensão profissional. Hoje, aos 27, está na seleção brasileira e é uma das 12 jogadoras convocadas para a Olimpíada de Tóquio, no Japão. A estreia será contra a Coreia do Sul, em 25 de julho.

De Nova Trento, para a seleção brasileira, a história de Rosamaria no vôleiCatarinense de Nova Trento, Rosamaria Montibeller, 27 anos, vai disputar sua primeira Olimpíada em julho, no Japão – Foto: CBV/Divulgação

Caçula de duas irmãs, Rosamaria teve uma infância simples: “Vivia no mato. Minha avó tinha galinha, vaca, pato e eu vivia subindo e descendo das árvores. Amo esse ambiente ligado a natureza”, conta Rosa. Ela deixou Nova Trento aos 18 anos para jogar vôlei profissionalmente.

Rosamaria em Nova Trento 1p541

Da cidade natal, Rosamaria levou muitos ensinamentos, em especial os transmitidos pela coordenadora do projeto de vôlei da cidade, Vandelina Tomasoni Ribeiro, a Vandeca:

“Desde o início, o objetivo dela era formar cidadãs e teve muito sucesso nisso.” Para além dos fundamentos do vôlei, Rosa adquiriu valores para a vida, como educação, organização e a importância dos amigos.

“As amizades que mantenho daquela época são as melhores até hoje. Cresci ali e estava mais no projeto do que na minha casa. Ela [Vandeca] estava mais presente comigo do que a minha mãe, às vezes. Os valores de vida ficaram muito marcados”, ressalta Rosamaria.

Rosamaria na época da formação em Nova TrentoA professora Vandeca (C) com seus pupilos no tempo em que Rosamaria (D) treinava em Nova Trento – Foto: Divulgação/ND

Fã da escritora britânica Agatha Christie, Rosa gosta de ler nas horas vagas. Ela também aprecia outra arte: “Fiz aula de pintura em Belo Horizonte. Gosto dessa parte de criação. Quando posso, também gosto de ficar em família.”

A primeira convocação de Rosamaria para a seleção brasileira foi na base, com 15 anos. Nessa época, as amigas estavam saindo de Nova Trento para entrar na faculdade. Rosa oscilava entre a carreira no vôlei e o vestibular para arquitetura.

“Fiquei em dúvida e aí as coisas no vôlei estavam dando certo. Já tinha ido para a seleção, mas não tinha muita certeza. Arrisquei e fui. No fim das contas, cá estou”, conta a catarinense.

Renúncias 3vy28

Apesar da realização no esporte, Rosamaria abriu mão de muita coisa para chegar onde chegou: “Acho que todo atleta, ao longo da carreira, renuncia momentos especiais com família e amigos. É aquela famosa frase: ‘não posso, tenho treino’. São esses momentos e escolhas que, às vezes, machucam.”

Depois de duas temporadas – 2020 e 2021 – defendendo o Casalmaggiore, da Itália, Rosamaria vai jogar no Novara, outro time italiano. Ela pretende voltar ao Brasil futuramente.

“Nunca digo nunca. Tive chance de voltar antes, mas, pensando em Tóquio, não quis e, por enquanto, estou bem. Esse ano vou jogar a Champions League, que era um dos meus objetivos. Espero terminar um campeonato na Itália, porque meus dois campeonatos foram terminados pela Covid-19”, desabafa a atleta.

No país da bota, também jogou no Perugia. No Brasil, ou por diversos times, entre os quais São Caetano, Vôlei Amil, Pinheiros, Minas e Praia Clube.

Quando encerrar a carreira, Rosa quer seguir ajudando o projeto de Nova Trento, mas não como treinadora. Também pretende criar um instituto: “A palavra, para mim, é oportunidade. Depois, se elas vão virar atletas ou não, é escolha delas. Quero usar os meus anos de experiência e influência para ajudar outras pessoas.”

A equipe no Japão 6k3x4

Falando da convocação para a Olimpíada, Rosamaria acredita que foi importante ter aproveitado as oportunidades. “Acho que foi um conjunto: dia a dia, treinamentos e ali foi uma prova. Consegui jogar na ponta e na saída, acredito que isso foi bom para mim também, ao longo de todos esses anos, ter jogado nas duas posições, me fez crescer bastante.”

Para ela, quando se trata de defender a seleção, não existe lado: “Não foi uma escolha de ninguém, você é brasileiro e é isso. Acho que mexe com a paixão das pessoas de forma mais intensa do que o clube, mexe com a história da pessoa”.

Seleção x clube 361a67

Rosa vê muita diferença entre vestir a camisa de um clube e da seleção: “Você está representando todo um povo. É uma responsabilidade, as pessoas olham e se veem em mim. Você está carregando o nome de um país.”

As brasileiras em jogo da Liga das NaçõesAs brasileiras após vitória contra a Alemanha, em 13 de junho, na Liga das Nações – Foto: FIVB/Divulgação/ND

Depois do vice-campeonato na Liga das Nações, Rosa acredita que o time chega mais preparado em Tóquio. “A seleção não jogava há dois anos. Sentimos muito nos primeiros jogos, então, a Liga foi importante para a identificação como time. Chegamos na reta final muito diferentes, mas temos muito a crescer para pensar em final, ou em medalha. A briga vai ser grande, mas temos capacidade.”

A catarinense acredita que a Liga não mostrou as verdadeiras adversárias do Brasil em Tóquio: “As grandes equipes não foram com os times principais, por exemplo, Itália e Sérvia. Foi importante, mas não sei se foi parâmetro para os Jogos, acredito que lá vai ser mais complicado.”

A menos de um mês para a Olimpíada, Rosa conta que a seleção brasileira está bastante motivada. “Não vejo preocupação, vejo vontade de fazer. Sabemos que a briga será grande e difícil, mas todo mundo acredita que vai dar certo. Estamos botando o melhor dentro de quadra. É um grupo muito trabalhador e isso traz segurança.”

Depois de um período em São Paulo treinando para Tóquio, a seleção feminina de vôlei está no Rio de Janeiro. Elas embarcam na segunda-feira (12) para o Japão em busca do terceiro ouro olímpico.

Participe do grupo e receba as principais notícias
do esporte de Santa Catarina e do Brasil na palma da sua mão.
Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os
termos de uso e privacidade do WhatsApp.
+ Recomendados