“Não lia nem rótulo de shampoo”, brinca Luisa Moreira de Oliveira, de 26 anos. A jornalista, natural de Florianópolis, contou que o gosto pela leitura veio aos 12 anos, após ganhar de presente da mãe um livro com foco no público infantojuvenil.

A partir daí, o hábito da leitura foi ganhando cada vez mais espaço na rotina de Luisa, que hoje, tem mais de 400 livros na estante. Ela lê cerca de cinco livros por mês.
Leia também: 4il2v
- Leia mulheres: clube do livro em Florianópolis dá visibilidade à literatura feminina
- Adolescente que leu 87 livros em um ano é premiada em Santa Catarina
Nesta quinta-feira (23), é celebrado o Dia Mundial do Livro. De acordo com a última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, desenvolvida pelo Instituto Pró-Livro, divulgada em 2016, o brasileiro lê, em média, 2,43 livros por ano e o desafio continua a ser incentivar a leitura, uma vez que 44% da população não lê e 50% nunca comprou um livro.
Livro “de verdade” 4mh1t
O ato de manusear o livro, folhear as páginas e sentir o cheiro fazem parte de um “ritual” de leitura que Luisa não consegue deixar de lado, ainda que tenha um leitor de livros digitais, os chamados eBooks.
“Prefiro o livro físico. Tenho mais livros impressos que digitais. O eBook é uma forma de ler mais rápida, mas confesso que não consumo tanto os livros digitais. A ideia de pegar o livro na mão, abrir e ler as páginas é o que eu mais gosto”, explica.
A preferência pelos livros impressos vai ao encontro do projeto, que, recentemente, foi colocado em prática pela jornalista. Ela lançou, no final de 2019, um canal no YouTube onde posta dois vídeos por semana comentando sobre suas últimas leituras e aquisições.
“O livro impresso é mais ‘visual’ para quem me acompanha nos vídeos. Além disso, como leitora, gosto mais da ideia de colocar um livro na estante. De organizá-los”, conta.
- Último livro que leu: Vermelho, Branco E Sangue Azul, de Casey Mcquiston;
- Está lendo: Quinze dias, de Vitor Martins.
Não sai da mochila 5g1c6c
Há mais de cinco anos, o dispositivo eletrônico para leitura de livros digitais não sai da mochila de Paulo Renato Orione, de 27 anos. A relação de Paulo com o leitor de livros digitais, no entanto, não foi um caso de amor à primeira vista.
O empresário comenta que tinha “preconceito” com a ferramenta, pois ainda era apegado aos livros físicos.

“Quando dei uma chance, vi as muitas possibilidades. É portátil, cabe no bolso. Ando com o dispositivo para todo o lado. Não é prático carregar livros físicos e graças ao dispositivo consegui ler muito mais”, conta.
Segundo Paulo, as qualidades do leitor digital são diversas. Ele diz que consegue ler um livro por semana com mais agilidade. “Consigo adaptar a leitura. Posso configurar a fonte e o espaçamento do jeito que eu gosto. Às vezes, o livro físico tem uma letra pequena ou grande demais, ou a folha é ruim, por exemplo”.
Parte da rotina 44w6h
O empresário confessa que ainda encara os livros físicos com certo “romantismo”. Porém, a leitura de livros digitais já ultraou a dos impressos. Paulo reserva momentos da rotina para a leitura, com sessões de 10 a 15 minutos ao longo do dia. As horas perdidas no celular, foram trocadas pela leitura de um eBook.
- Último livro que leu: O futuro do dinheiro, de Rudá Pellini;
- Recomendação: A river in darkness: One Man’s Escape from North Korea, de Masaji Ishikawa.
Futuro do impresso 3165d
Há algum tempo, está em pauta a discussão sobre o fim dos impressos, sejam revistas, livros ou jornais. Para Luisa Oliveira, o fim é improvável, uma vez que ela não acredita que haverá uma migração em massa dos leitores para o meio digital.
De acordo com Rogério Christofoletti, professor do curso de Jornalismo da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), a venda de livros impressos no Brasil ainda é maior do que a de livros eletrônicos. O mercado, no entanto, vem enfrentando uma crise, uma vez que o brasileiro tem deixado de lado o hábito de ler.

Paralelo a isso, o professor explica que a distribuição de livros no país é cara, além dos custos da produção e estocagem, que também impactam o mercado. Para driblar isso, as editoras têm investido em catálogos de livros eletrônicos.
Há, por outro lado, aquelas que investem em projetos gráficos inovadores e na qualidade visual dos livros, para que a experiência de leitura no formato impresso seja única e não possa ser transposta ao meio eletrônico.
“Vejo, com base em dados, que o livro impresso tem muito caminho pela frente no Brasil. Não há uma curva de ultraagem. O eletrônico não ultraou o impresso e isso traz um alento à indústria”, prevê Christofoletti.