No mês do terror, conheça os autores que revolucionaram o gênero e dicas de leitura j1c49

Ainda faltam alguns dias para o Halloween, celebrado em 31 de outubro, porém que tal já entrar no clima da data com livros que vão tirar o sono de qualquer leitor? Estamos falando da literatura de terror ou horror, perfeita para esta época do ano.

Começo explicando que existe uma diferença entre literatura de terror e de horror; na primeira, o escritor foca em criar uma atmosfera de suspense, principalmente psicológico, sem exigir a presença de elementos supernaturais (fantasmas, bruxas, vampiros etc).

Já no horror, a característica mais marcante é o sobrenatural, recorrendo a recursos da ficção científica, religião e até folclore. O que há em comum nos dois gêneros é o objetivo de assustar os leitores.

O primeiro romance da história a incorporar elementos sobrenaturais foi “O Castelo de Otranto”, de Horace Walpole, lançado em 1764 e recheado de intrigas, aparições fantasmagóricas e situações inexplicáveis.

Por conta da temática inédita para a época, o autor afirmou que a obra seria a tradução de um manuscrito italiano medieval. No livro, o príncipe Manfredo é assolado por uma maldição, que impede sua posse definitiva do castelo de Otranto.

Na segunda edição, Walpole assumiu a autoria e justificou dizendo que queria mesclar romance antigo, com traços de imaginação, e moderno, mais focado no realismo. A história acabou fazendo sucesso e inspirando centenas de escritores nos anos seguintes.

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O gênero floresceu no século XIX, com grandes obras consideradas clássicos da literatura e grande participação de escritoras mulheres. O maior exemplo é “Frankenstein”, de Mary Shelley, lançado em 1818 (inicialmente sem crédito para a autora).

Apesar de ser considerado o primeiro romance de ficção científica da literatura, “Frankenstein” foi influenciado pelo gênero horror. Naquela época, a ciência ganhou força total e Shelley faz o monstro ganhar vida através de métodos científicos.

Também foi no século XIX que viveu um dos maiores poetas de todos os tempos: Edgar Allan Poe. Com narrativas macabras, o autor é considerado o criador do gênero de ficção policial, além de contribuir para o terror, horror e a ficção científica.

Os textos mais conhecidos do autor se enquadram no gótico. A morte é o tema mais recorrente, abordando aspectos como decomposição, luto e até pessoas enterradas vivas. Poe também publicou sátiras e contos de humor, com muita ironia.

O título mais marcante do período talvez seja “Drácula”, de Bram Stoker, o romance responsável por popularizar a figura do vampiro. O romance publicado em 1897 já ganhou inúmeras adaptações e figura no imaginário dos leitores até hoje.

A história em formato epistolar é narrada por vários personagens. Acompanhamos um advogado que viaja a negócios para ficar no castelo do nobre Conde Drácula, na Transilvânia. Ele escapa do local após descobrir que o homem é na verdade um vampiro.

Outra obra marcante do período foi “O Médico e o Monstro”, de Robert Louis Stevenson, publicada pela primeira vez em 1886. O título apresenta a ideia de múltiplas personalidades, com um personagem que cria uma poção para deixar aflorar seu lado mais reprimido.

Revistas abrem espaço para autores 5c6r1k

No século XX, houve um boom das revistas periódicas com contos de terror/horror. Com custo barato de produção e venda, essa plataforma abriu espaço para muitos escritores, incluindo H. P Lovecraft, um dos maiores do gênero.

O autor foi responsável por introduzir o conceito de horror cósmico na literatura, criando monstros pluridimensionais, dificilmente antes vistos nos livros. Com protagonistas bem diferentes dos tradicionais, Lovecraft escrevia de forma pessimista e por vezes hostil aos seres humanos.

Pela ideia de cosmicismo, a humanidade é uma parte insignificante do universo, que pode desaparecer a qualquer momento. Lovecraft publicou uma infinidade de contos, porém só alcançou a fama após a morte, quando amigos decidiram relançar seus contos.

Em toda a carreira, o autor escreveu apenas um romance. “O caso de Charles Dexter Ward”, produzido em 1927, conta a história de um jovem apaixonado por arqueologia, que acaba mergulhando no ado do avô repleto de magia.

Entre as mulheres, a escritora de maior destaque no terror/horror é provavelmente Shirley Jackson, de “Assombração da Casa na Colina”, lançado em 1959.

O livro segue um grupo de pessoas que participa de um estudo paranormal em uma mansão mal-assombrada. A obra deu origem à série recente “A maldição da residência Hill”, da Netflix.

Outro clássico do gênero foi lançado em 1971. “O exorcista”, de William Peter Blatty, conta a história de uma menina que é possuída por um demônio. O livro é inspirado em registros de um caso real.

O sucesso quase instantâneo transformou o livro em filme em 1973. A adaptação se tornou uma das obras de terror mais lucrativas de todos os tempos e assombra o público até hoje (especialmente porque os atores relataram momentos estranhos durante as filmagens).

O cinema impulsionando a literatura 3km50

As adaptações audiovisuais de livros do gênero foram recorrentes neste período. Considerado um dos maiores filmes de terror da história, “Psicose”, dirigido por Alfred Hitchcock, por exemplo, foi inspirado na obra de mesmo nome do autor Robert Bloch.

O livro lançado em 1959 acompanha Norman Bates, que mora em um local isolado com a mãe dominadora. Ele constrói um santuário para a progenitora e até se veste como ela, algo no mínimo perturbador.

“Horror em Amityville” também é baseado em um livro homônimo, publicado em 1977 e considerado um best seller instantâneo. A obra de Jay Anson mostra os horrores de uma família que se muda para uma casa onde ocorreram assassinatos.

O grande mestre dos ‘livros adaptados para o cinema’ não poderia ser outro: Stephen King, talvez o maior escritor vivo do gênero. Já falamos sobre o autor por aqui, mas vale sempre repetir que a obra de King é extraordinária.

São mais de 60 livros, um título novo por ano no mínimo e mais de 400 milhões de cópias vendidas mundialmente. O acervo de King coleciona adaptações para o cinema e televisão.

King conquistou a indústria audiovisual já no seu primeiro livro. “Carrie – A Estranha” ganhou filme apenas dois anos depois do lançamento. A longa lista inclui ainda “It – A Coisa”, “O Cemitério”, “Misery – Louca Obsessão” e muitos outros.