
A Justiça da Argentina anulou, nesta quinta-feira (29), o julgamento dos médicos acusados pela morte do ex-jogador de futebol Diego Maradona. A juíza responsável pelo caso, Julieta Makintach (chamada de “Juíza de Deus” pela imprensa argentina) foi obrigada a abandonar caso após a divulgação de vídeos polêmicos em que ela aparece em cenas gravadas sem autorização no tribunal – o que invalidou todo o julgamento.
Makintach é acusada de participar de um documentário chamado “Justiça Divina”, sem informar as partes envolvidas no processo. Nas filmagens, ela aparece caminhando e falando à câmera. A juíza nega que o material faça parte de um documentário e alega que se tratava de uma entrevista pessoal.
O novo julgamento da morte de Maradona ainda não tem data de início, já que depende da formação de um novo tribunal, que será feita por sorteio. As partes ainda podem recorrer da anulação.

‘Juíza de Deus’ transformou julgamento da morte de Maradona em um ‘reality show’, acusam promotores 1q3sf
Para os promotores do caso, Patricio Ferrari e Mario Baudry, a magistrada agiu com má conduta e imparcialidade, transformando o julgamento da morte de Maradona mais em um “reality show” do que em uma busca por justiça.
O escândalo ameaça a validade de 20 audiências já realizadas e mais de 40 depoimentos colhidos desde o início do julgamento, em 11 de março. As gravações geraram suspeitas sobre parcialidade da atuação da juíza e impulsionaram o pedido de impugnação feito por um advogado de defesa.

A morte de Maradona ocorreu em 25 de novembro de 2020. Sete médicos respondem por homicídio com dolo eventual, acusados de negligência no tratamento do ídolo argentino durante uma internação domiciliar. As penas podem chegar a 25 anos de prisão.
A defesa de Makintach sustenta que não houve irregularidade e que o afastamento é resultado de uma operação midiática. Uma das envolvidas nas gravações afirmou ao Ministério Público que o material é uma entrevista e não um documentário.