David Beckha Santos Herold, o Americano, de 25 anos, ex-soldado dos Estados Unidos, foi condenado nesta terça-feira (17) a 16 anos de prisão em regime fechado pela morte do traficante Thiago Polucena de Oliveira, no dia 26 de março de 2014. O julgamento, que começou às 9h30, terminou por volta das 21h.
A família Polucena comandava o tráfico de drogas no Morro do 25, na região central de Florianópolis. Naquela manhã, a casa onde moravam Thiago e o irmão Leonardo, que não quiseram entrar para a facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense), foi atacada por homens vestidos de preto.
Thiago morreu na hora e Leonardo ficou ferido. Os criminosos deram mais de 100 tiros em direção à casa. A ordem da invasão teria sido ordenada pelo PGC. Segundo a polícia, David estava na cena do crime. Uma das armas utilizada na invasão seguida de tiros, a pistola Glock com cinco carregadores, dois curtos e três longos, foi apresentada no julgamento.
O delegado Ênio de Oliveira Matos demonstrou o funcionamento da pistola e contou que apreendeu a arma na fronha do travesseiro de André Vargas Pinto, no bairro Saco dos Limões. Naquela noite, David dormia na casa de André, amigo de infância.
Ambos foram levados a júri, mas o julgamento foi desmembrado. André, julgado no dia 5 de março, foi condenado a 47 anos de reclusão. A defesa dele recorreu. O recurso ainda não foi apreciado pelo Tribunal de Justiça.
“Sou inocente”, disse o réu que combateu na Guerra do Afeganistão
O réu, que nasceu em Florianópolis e tem dupla cidadania, falou por 30 minutos à juíza Mônica Bonelli Paulo Prazeres. Ele disse estar indignado de ser acusado de um crime que não cometeu e acusou a polícia de ser violenta, de lhe espancar durante uma prisão no Morro do 25.
“Eu nem conhecia o morro. Fui lá com o André porque ele queria comprar maconha. Mas eu não uso drogas”, afirmou David Beckha Santos Herold.
O ex-soldado americano disse que compareceu a todas as audiências agendadas pela Justiça, de dez em dez dias. Falou que entregou os aportes brasileiro e americano à Justiça que o impedia de viajar para o exterior, porém afirmou que não entendeu muito bem se poderia, ou não, viajar para outro Estado durante o processo.
Sem autorização, ele foi a Porto Alegre para participar de um churrasco com amigos e acabou preso em um sítio onde havia drogas. David pediu aos jurados e que analisassem bem o caso antes de formar a decisão. “Sou inocente”, disse.
David foi para os Estados Unidos porque a mãe casou com um americano. Entrou para o Exército quando fez 18 anos. Serviu de 2008 a 2013 e teria participado da Guerra do Afeganistão. Saiu do Exército por causa de uma lesão física e voltou para Florianópolis, onde trabalhava com a família no Riozinho, na praia do Campeche.