No próximo dia 14 de outubro, acontece em São Bento do Sul, no Planalto Norte de Santa Catarina, um dos júris mais esperados e emblemáticos dos últimos anos. O empresário Milton Zanghellini Ruckl, acusado de matar seis pessoas no trânsito, estará no banco dos réus.

Como se trata de um caso de grande comoção, haverá distribuição de senhas para o público, 30, no total. O júri está marcado para começar as 9 horas no Fórum de São Bento do Sul.
Relembre o acidente m95x
No dia 6 de setembro de 2014, Milton Zanghellini Ruckl, 32 anos à época, dirigia sua BMW por volta das 22 horas após ter ingerido bebida alcoólica.
Do Centro de São Bento do Sul, no Planalto Norte catarinense, Milton foi para a rodovia SC-301, onde, em alta velocidade, fez uma ultraagem em local proibido, ou por cima da sinalização conhecida como “tartarugas” e invadiu a pista contrária, batendo lateralmente com o veículo VW/Gol e frontalmente com o veículo GM/Kadett Ipanema.
Seis pessoas morreram no acidente: Wagner Felipe dos Santos, Roselindo Fragoso, Ilair dos Santos, o casal Nelson do Nascimento e Adriane Linzmeyer e a filha deles Maria Eduarda Linzmeyer, na época com um ano. A família voltava da festa de aniversário de um ano da menina. Outra pessoa ficou ferida no acidente e foi levada ao hospital.
Ruckl também foi levado para o hospital, mas aproveitou o momento de distração dos funcionários devido ao grande número de vítimas do acidente que estavam sendo atendidas no pronto-socorro, e fugiu antes da chegada de policiais militares rodoviários, que realizariam o teste do bafômetro.
O empresário já respondeu a outro processo por um acidente com vítima fatal, em Fazenda Rio Grande, no Paraná.

O processo 5n563w
Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso, indiciando Milton Zanghellini Ruckl por homicídio doloso uma vez que assumiu o risco de matar ao dirigir embriagado e em alta velocidade.
Foi preso preventivamente à época (09/09/2014) e o Ministério Público ratificou a prisão. A defesa do empresário pediu a revogação da prisão preventiva a qual foi negada.
No entanto, a defesa impetrou um habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça de SC e conseguiu tirar Ruckl da prisão sob pagamento de fiança no valor de R$ 100.000,00. Ou seja, o empresário ficou 40 dias detido no Presídio de Mafra. Desde a soltura, responde pelos seis homicídios em liberdade.
O Ministério Público pediu a condenação de Milton Zanghellini Ruckl por seis homicídios qualificados e por dirigir embriagado, mas novamente a defesa agiu e conseguiu tirar as qualificadoras dos crimes (perigo comum, recurso que impossibilite defesa da vitima e motivo torpe).
Portanto, o empresário será julgado no próximo dia 14 por homicídio simples com dolo eventual (com intenção de matar) por ter dirigido embriagado.
Lembrando que as penas para homicídio simples variam entre seis e 20 anos e para homicídio qualificado, entre 12 e 30 anos. s
O que diz a defesa do empresário 6w564k
Nilton Ribeiro de Souza, advogado de Ruckl, informou que vai tentar desconstruir o dolo eventual.
“Pretendo fazer com que os jurados entendam que ele não agiu com dolo eventual. Foi um acidente”, frisou.
O advogado vai, inclusive, levar ao júri um perito criminal e um psiquiatra forense para serem ouvidos. Objetivo é que eles ajudem a evitar condenação do empresário pelas seis mortes com dolo eventual.
“Dolo não existiu porque o meu cliente teria de ‘aceitar’ a condição de que poderia morrer. Inclusive, ele estava levando a filha dele de quatro anos na cadeirinha atrás do carro”, argumenta Nilton Ribeiro de Souza.