Foi com o depoimento de Lucas Cauduro Peranzoni, que era o DJ na Boate Kiss na noite do dia 27 de janeiro de 2013, que se encerrou o segundo dia de depoimentos no Tribunal Popular do Júri, em Porto Alegre, onde acontece o julgamento de uma das maiores tragédias do País.

Lucas Cauduro Peranzoni era DJ e tocava há 6 meses na Boate Kiss, inclusive, na festa “Agromerados”. A testemunha foi a última a ser ouvida nesta quinta-feira (2). Antes, precisou receber atendimento psicológico e seu depoimento foi marcado por bastante emoção.
Lucas narrou como começou o fogo, a partir do acionamento do artefato pirotécnico. “Surgiu uma bola de fogo e, depois, uma nuvem preta muito densa. Ela se espalhou muito rápido. E estava muito escuro”, afirmou.
“A sensação é que tinham tocado gasolina”, acrescentou. Marcelo e outras pessoas que estavam perto do palco tentaram apagar o fogo jogando água e utilizando o extintor de incêndio, mas não conseguiram. Lucas afirmou que não ouviu ninguém alertar para que o público saísse.
Como conhecia a boate, conseguiu sair a tempo, mas ele acredita que quem não conhecia o local teria dificuldades. “Perdi muitos colegas, muitos amigos e conhecidos”. A danceteria estava cheia, mas, no ambiente em que ele estava, não tinha tantas pessoas. Após deixar a boate acabou desmaiando e sendo levado ao hospital.
Lucas foi contratado como freelancer por Elissandro Callegaro Spohr (Kiko) e por Mauro Londero Hoffmann, os sócios da Kiss e réus no processo. Mas disse que questões istrativas eram tratadas com o Kiko e sua equipe.
Ele não tinha conhecimento sobre a colocação de espuma no teto do estabelecimento. Também não soube dizer se a Gurizada Fandangueira [grupo que se apresentava quando o artefato foi disparado] utilizava artefatos nos seus shows. E disse que conhecia a banda de Kiko, chegou a viajar com ela e estava presente quando o clipe do grupo foi gravado na Kiss.
A testemunha informou que nunca ouviu uma ordem para que os seguranças barrassem o público para não sair sem pagar. Respondeu também sobre controle de público na danceteria; que sabia que existia esse controle, mas não se efetivamente se cumpria.
Afirmou que havia placas de sinalização no interior da boate, mas naquele momento, não podiam ser vistas devido à escuridão. O depoimento de Lucas foi encerrado pouco depois das 22h.
Engenheiro depõe t1c2r
Em depoimento nesta quinta-feira, no segundo dia do julgamento dos quatro réus acusados de serem os responsáveis pela morte de 242 pessoas no incêndio na boate Kiss, o engenheiro civil Miguel Ângelo Teixeira Pedroso, de 72 anos, afirmou ter desaconselhado o proprietário Elissandro Spohr a fazer a reforma do estabelecimento com espuma para o isolamento acústico.

“Só um leigo ou ignorante na área poderia achar que espuma seria conveniente dentro de uma boate”, disse ele ao juiz Orlando Faccini Neto.
Pedroso fez um projeto de isolamento acústico para o estabelecimento, mas acabou não executando a obra.
O engenheiro criticou a adoção de espuma. “Existe um material acústico que se utiliza para tratamento acústico, um tipo de elastômetro, que é a espuma que não é inflamável. Existe uma marca que a gente usa que tem essa característica, que não é inflamável, que é segura. Outros tipos de espuma podem ser mais inflamáveis”, disse. “Eu soube que tinha espuma no local [boate] quando eu estava no Recife.” Durante o depoimento, Pedroso afirmou também que isopor não é adequado para isolamento acústico. “Esse material é absolutamente ineficiente.”
3º dia de depoimentos 1q1of
Nesta sexta-feira (3), está prevista a inquirição das testemunhas de acusação Daniel Rodrigues da Silva e Gianderson Machado da Silva (que pediram nos autos para antecipar os seus depoimentos). E, na parte da tarde, a testemunha Pedrinho Antônio Bortoluzzi (arrolada pela defesa de Marcelo) e a vítima Érico Paulus Garcia.
*Com informações do Portal R7