Foi em um momento de dificuldade que Juliana Cavalheiro Bentz, de 36 anos, recebeu uma profecia de que algo grandioso aconteceria em sua vida. Coincidentemente – ou não -, dois dias depois um vídeo de Juliana cantando uma música de Marília Mendonça, sentada em um ponte de ônibus, em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, viralizou na internet e alcançou repercussões inesperadas.

“Uma profeta ligou e disse que eu estava perdendo o sono, mas que Deus estava me curando. Disse ainda que meu travesseiro não foi feito para chorar e sim para sonhar alto. Ela reforçou que nos próximos dias eu ia ver o que Deus faria na minha vida e que era algo grandioso”, conta Juliana.
Dois dias depois, a moto que Juliana usava para ir trabalhar estragou. A volta para casa foi feito de transporte urbano e foi exatamente em um ponto de ônibus que Sirlei Pinheiro Lima gravou Juliana cantando a música “Todo mundo menos você” e publicou na internet.
Em poucas horas a postagem viralizou e chegou até dona Ruth Moreira, mãe da Rainha da Sofrência, e ao pequeno Léo, filho da sertaneja.
Primeira profecia
Porém, a primeira profecia que Juliana recebeu foi aos oito anos. “Uma pessoa profetizou que eu iria para todos os cantos do mundo cantar. Disse que através da minha voz pessoas seriam alcançadas”. O relato emocionado de Juliana mostra mais uma coincidência com a trajetória de Marília Mendonça.
A maior turnê realizada pela cantora levou o nome “Todos os Cantos”, semelhante com a profecia de que Juliana recebeu de que cantaria em todos os cantos do mundo.
“Eu era muito fã da Marília. Ela era uma mulher maravilhosa, em todos os sentidos, e as músicas dela sempre me inspiraram muito. Quando as pessoas começaram a dizer que eu me parecia com ela, eu não acreditava muito, mas depois que o vídeo viralizou e teve toda essa repercussão, ei a acreditar mais”, conta.

O caminho de Juliana na música começou cedo. Aos nove anos foi cantar na igreja e ou por uma situação que a marcou. “Uma menina me perguntou como eu tinha coragem de ir cantar na igreja. Na hora achei que era um elogio, mas ela disse que minha voz era horrível”, lembra.
Entristecida pelo comentário, Juliana foi para casa, se ajoelhou, orou e chorou. “Eu olhei para o céu e disse: Deus, o Senhor me prometeu que eu ia cantar em todos os cantos do mundo, mas eu preciso dessa voz que me prometeu”.
A oração daquela menina de nove anos foi relembrada 27 anos depois quando a vida de Juliana mudou completamente em fração de minutos. Em 10 dias o vídeo alcançou uma repercussão inimaginável. Já foi compartilhado inúmeras vezes em perfis de música sertaneja com milhares de seguidores. O perfil pessoal de Juliana também atingiu 53,5 mil seguidores de maneira repentina.
“Pretendo seguir na carreira artística como cantora. Quero começar a compor minhas próprias músicas, tanto seculares como gospel. Afinal, tudo isso é graças a Deus”, acrescenta.
Nesta sexta-feira (8), Juliana embarcou rumo a compromisso em São Paulo. No Programa Ver Mais Oeste, apresentado pela jornalista Tata Fromholz, foi ao ar uma reportagem especial contando a história de Juliana.
Assista a reportagem do Ver Mais Oeste:
Relembre a história
Juliana viralizou na internet após ser filmada cantando a música “Todo mundo menos você”, sentada em um ponto de ônibus. O que causou surpresa foi a semelhança de Juliana com Marília Mendonça.
E ela não é apenas física. A voz da chapecoense também se assemelha em muito com a da rainha da sofrência. O vídeo foi gravado e compartilhado na internet. “Enquanto esperava o transporte urbano com uma amiga, comecei a cantar. Uma mulher me ouviu e pediu se podia gravar. Eu disse que sim. Então ela postou, mas não sabia que teria tanta repercussão”, conta Juliana, que trabalha como caixa em uma loja de utensílios.
A chapecoense lembra que há algum tempo clientes da loja, amigos e familiares começaram a comentar sobre as semelhanças entre elas. “Os clientes diziam que eu lembrava muito a Marília, então eu cantava para eles e todo mundo achava a voz parecida também.”
Vídeo de Juliana cantando foi gravado enquanto ela esperava o ônibus. – Vídeo: Sirlei Pinheiro Lima/Reprodução/ND
Contato com Dona Ruth
Dona Ruth seguiu e entrou em contato com Juliana. Ela a parabenizou e a incentivou a continuar cantando e disse que a filha ficou na história das mulheres. Ruth ainda pediu para que ela não deixasse o legado da rainha da sofrência morrer. “Então, se você canta assim e se parece com ela usa isso. Você tem talento, usa a seu favor”, disse.
A sósia catarinense de Marília conta que se emocionou quando Dona Ruth a seguiu nas redes sociais e mais ainda quando entrou em contato. “Eu sempre cantei por amor a música e ao trabalho que a Marília fazia. Jamais quis imitar ela, isso saiu naturalmente e me surpreendeu muito.”
Coincidências
Juliana relata que outras coincidências entre as duas também chamaram a atenção, principalmente de familiares. Assim como a rainha da sofrência, a chapecoense começou a cantar na igreja ainda quando criança.
Depois — semelhante com história de Marília — ou a se apresentar em restaurantes e postos de combustíveis, até chegar aos barzinhos. “Assim como ela tinha, eu também possuo a córnea retorcida, o que me faz ter problema de visão e acabar usando óculos que, inclusive, também são parecidos com os dela.”

Carreira profissional
Juliana contou à reportagem do ND+ que está surpresa com tudo o que vem vivendo, mas pretende continuar o legado deixado por Marília Mendonça – que morreu em novembro de 2021 vítima de um trágico acidente aéreo. A própria mãe de Marília incentivou a chapecoense a continuar e usar as semelhanças ao seu favor.
Juliana destaca que sempre foi fã de Marília e que as comparações com a sertaneja vieram ainda quando ela era viva. “De tanto as pessoas falarem das semelhanças, comecei a me apresentar em barzinhos, restaurantes e aniversários. No início tudo por prazer e amor à música e pela iração ao trabalho da Marília. Há cerca de 7 meses ei a fazer isso também de forma profissional”, explica.
O dom para cantar veio de Deus, já que Juliana nunca fez curso de canto e a voz encanta e atrai a atenção de quem a ouve. A moradora de Chapecó não teve a oportunidade de ir a um show de Marília, mas pretende continuar honrando seu legado e sua memória com apresentações cover da cantora.