Uma das principais dúvidas em relação ao alargamento da Praia Central de Balneário Camboriú, e argumento utilizado diversas vezes em discussões na internet, que levaram o nome da cidade para os assuntos mais comentados, é o mesmo: o mar vai buscar o que é dele.
Para entender melhor se essa frase é verdade, e o que pode acontecer décadas após o alargamento da praia, o ND+ foi atrás da resposta.

Segundo a secretária de Meio Ambiente, Maria Heloísa Lenzi, o “mito” pode sim ter um fundo de verdade. Nos próximos séculos, sim, o nível do mar deve subir e tomar o que, hoje, é terra. “Portanto, um dia, ‘o mar poderá vir buscar o que é dele’ e isso pode incluir sua casa, mas você precisará viver algumas centenas de anos para ver”, brinca.
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O que existe e pode acontecer mais próximo de nós é a sedimentação, causada pelo constante movimento do mar. A parte da praia que está sendo alargada e deve ficar submersa, se estendendo por cerca de 350 metros para dentro do mar.
Toda essa extensão submersa da praia é necessária para manter a parte emersa (a parte de fora) na largura projetada. Como a colocação de areia é feita de forma mecânica, utilizando a draga e o maquinário em terra, há um limite até onde essa areia poderá ser empurrada para dentro do mar. O trabalho de espalhar o restante da areia para a parte submersa da praia é do mar e dos ventos. “É a natureza trabalhando por nós”, afirma.
Com o aumento do nível do mar, obras semelhantes devem se tornar ainda mais comuns. Nova York, Hong Kong, na China, e Holanda são exemplos citados pela secretária de obras de “alimentação da praia”, tecnologia semelhante a do alargamento. Em Nova York, a obra é de 1922, há 99 anos.
No Brasil, um dos exemplos mais famosos de alargamento de praia é a de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 1971. Além disso, há pouco tempo, Canasvieiras, em Florianópolis, também foi alargada.