Sem contrato de concessão desde 2008, São José tem no transporte coletivo um dos principais desafios para a mobilidade urbana. Dentre as necessidades, a maior capilaridade do transporte público, mais opções de traslado e modernização da frota.

Há décadas, uma questão que incomoda quem depende de ônibus é a necessidade de ir até o Centro de Florianópolis para chegar em outros bairros de São José.
Embora reconheça as dificuldades, a prefeitura deposita esperança na parceria com a Fepese (Fundação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicos), para modelagem de um novo sistema de transporte coletivo.
O novo Plano Diretor também gera otimismo, pois garante, em até três anos, a criação de um Plano Diretor de Mobilidade.
Alternativas mais ousadas, como o BRT (Bus Rapid Transit), estão no radar, mas parecem mais distantes. Existe, também, expectativa em relação ao Plamus (Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis).
Elaborado há mais de uma década, o Plamus propõe soluções de longo prazo para os problemas de mobilidade na Grande Florianópolis, mas, considerando as transformações urbanas e o crescimento populacional da última década, está em revisão.
A Prefeitura de São José ressaltou que tem defendido a necessidade de investimentos estruturantes no transporte coletivo metropolitano, com foco em eficiência, integração entre modais e atendimento direto às demandas reais da população.
Implementação do BRT 2a5o3a
A Prefeitura de São José salientou que participa de discussões sobre modais na Grande Florianópolis, buscando soluções integradas para a região metropolitana e que pretende implantar medidas que priorizem o transporte coletivo, incluindo estudos sobre o modelo BRT, mas faz algumas ressalvas:
“A implantação de um sistema BRT numa cidade consolidada e não originalmente planejada para esse tipo de infraestrutura representa um grande desafio técnico e urbanístico. A ocupação adensada, a malha viária limitada e as interferências existentes exigem soluções adaptadas à realidade local, demandando estudos aprofundados, readequações urbanas e investimentos significativos”, afirmou a prefeitura.
Sobre a necessidade de deslocamento até o Centro da Capital para chegar de um bairro a outro de São José, disse que é característica natural da conurbação das cidades e resultado da falta de integração no sistema de transporte público da região metropolitana.
“A ausência de um sistema tarifário unificado e de conexões diretas entre bairros obriga os usuários a realizarem baldeações, frequentemente ando por terminais na Capital, o que aumenta o tempo e o custo das viagens”.
A prefeitura também aponta para a ausência de uma política eficiente de e único ou de integração tarifária, para que os ageiros não precisem pagar agens inteiras a cada troca de ônibus.
Para enfrentar esses desafios, reiterou que as pesquisas contratadas vão identificar os principais gargalos no trânsito e no transporte público, subsidiar a licitação para a concessão do sistema de transporte coletivo e orientar políticas públicas com base em dados reais sobre os hábitos e necessidades da população.
Além disso, está em andamento um projeto de integração do transporte coletivo da região metropolitana de Florianópolis, que busca estabelecer um sistema unificado e eficiente.
Considerando que a cidade terá mais de 400 mil habitantes em 2050, a gestão municipal defende que vem adotando uma abordagem estruturada para garantir que a mobilidade urbana acompanhe essa expansão.
Citou investimentos contínuos na ampliação da malha viária, em especial as ligações abertas ao tráfego no último ano, como os os entre Areias e Potecas, Recanto da Natureza e Lisboa e o primeiro trecho da avenida Beira-Rio.
“Garantir a mobilidade urbana até 2050 não depende apenas de infraestrutura, mas também de uma transformação cultural. É necessário que a sociedade e a valorizar modos de deslocamento mais sustentáveis, como o uso de bicicletas”, declarou a prefeitura.
Para que isso se concretize, porém, a gestão reconhece que é preciso olhar com atenção para a requalificação de calçadas, promoção da caminhabilidade e incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte efetivo.
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Ex-prefeito de Curitiba e autoridade em mobilidade urbana pelas transformações realizadas na capital paranaense, Cássio Taniguchi lamenta que o usuário do transporte coletivo de São José tenha como destino o Ticen, em Florianópolis.
Ele avalia que as linhas de São José devem seguir até a UFSC e, provavelmente, até o Norte da Ilha. “Esperamos ter uma mobilidade adequada com integração tarifária, facilidade de interligação direta, por exemplo, de São José para Palhoça e Biguaçu, porque não faz sentido vir a Florianópolis para fazer a integração. Isso é uma loucura completa”.
O arquiteto e urbanista Ângelo Arruda, consultor da prefeitura na construção do novo Plano Diretor, segue a mesma linha: “Fazemos parte de uma rede de municípios legais, do ponto de vista da região metropolitana, somos chamados de região metropolitana, mas não há tratamento jurídico e político como tal. As questões de saneamento e mobilidade, para além das respostas locais, possuem respostas metropolitanas”.
Segundo Taniguchi, a questão metropolitana está definida no Plamus. São José ganharia dois novos terminais: Terminal Norte e Terminal Sul, um em Barreiros, outro em Forquilhinhas.
“Já existe, inclusive, diretriz e projeto funcional para BRT do tipo 2, ou seja, usando faixas exclusivas, porém preferenciais”. Ele frisou que a cidade também aria a contar com pista exclusiva para ônibus ao longo da BR-282.