Diferente das três primeiras revoluções industriais – as máquinas a vapor, a eletricidade e os computadores –, a revolução da Indústria 4.0 possibilita autonomia e conexão entre projetos através de tecnologias de dados e automatização. Com tecnologias como I.A (Inteligência Artificial), IoT (Internet das Coisas) e computação em nuvem, empresas e pesquisadores catarinenses conseguem otimizar operações em diversas áreas com menor custo e maior flexibilidade.
Em 2022, Santa Catarina atingiu a quarta posição geral do ranking nacional de inovação elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), se destacando nas áreas de Intensidade Tecnológica, Empreendedorismo, Infraestrutura e Cooperação.
O caminho é sem volta, resta definir em qual direção seguir – Foto: Divulgação/ND
No mesmo ano, o faturamento do setor de tecnologia do estado foi de R$23,8 bilhões, segundo dados da Acate (Associação Catarinense de Tecnologia).
Seguindo a tendência mundial, empresas catarinenses de diversos setores aumentam a busca por profissionais de tecnologia.
De acordo com a estimativa da Acate, Santa Catarina atualmente conta com cerca de 10 mil vagas abertas na área de tecnologia. Nos próximos dois anos, esse número pode chegar a quase 12 mil.
A Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) calcula que, a nível nacional, as tecnologias que devem atrair mais investimentos até 2025 são a análise de Big Data e a computação em nuvem, ambas inovações da Quarta Revolução Industrial.
Uma das referências na tecnologia 4.0 em Santa Catarina é a WEG, empresa multinacional de fabricação de equipamentos elétricos e produtos industriais com sede em Jaraguá do Sul.
Quinta empresa mais valiosa da Bolsa de Valores brasileira em 2022, a WEG declara que 50% de seu faturamento é fruto do investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação: “Investir na Indústria 4.0 não é apenas uma questão de manter a competitividade, mas também de transformar fundamentalmente a forma como as empresas operam, criando oportunidades para crescimento, inovação e melhorias significativas em eficiência e qualidade.”
Em 2023, a empresa lançou no mercado novidades como robôs autônomos para otimizar processos de logística repetitivos e uma plataforma que permite a digitalização e a operação remota de maquinário industrial.
A WEG ainda firmou uma parceria com o SENAI-SP para capacitar especialistas e professores em sua plataforma em nuvem de soluções para máquinas com internet, a IoT WEGnology.
Tecnologia no governo e no combate à corrupção 7245g
O apoio a profissionais e empreendimentos especializados é uma das prioridades da SCTI (Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação), criada em 2023 pelo governador Jorginho Mello para impulsionar o desenvolvimento, a produtividade e a competitividade de Santa Catarina.
Lançado pela SCTI em março deste ano, o Programa SC Inovadora já desenvolve dois projetos para apoiar o setor de tecnologia.
Pronampe Inovação, que disponibiliza uma linha de crédito de R$100 milhões para empresas estaduais de inovação e tecnologia.
Além disso, a SCTI e a Secretaria de Educação do estado pretendem criar um programa técnico de formação de novos talentos para atuar no mercado tecnológico.
Outra iniciativa da SCTI para acelerar o crescimento do estado é o Nidus, laboratório de inovação criado para atender demandas dos órgãos públicos e desenvolver soluções com a ajuda de empreendedores.
O secretário Marcelo Fett explica que o programa promove a conexão entre a sociedade, o governo do estado e as mais de 8 mil start-ups cadastradas no sistema: “No site do laboratório, quando um ‘desafio’ é lançado, com a descrição dos problemas de forma detalhada, este ecossistema propõe soluções prontas, parciais ou inéditas para resolução dos problemas apresentados. As sugestões das empresas são analisadas pela equipe Nidus, da Acate, e por representantes do órgão público demandante. Em quase 3 anos de existência, já foram apresentadas 353 ideias e 56 foram utilizadas na prática.” A Defesa Civil de Santa Catarina é um dos órgãos conectados ao projeto e, através da colaboração, já mapeou desafios no monitoramento do risco de desastres e na automatização inteligente de alertas para a população catarinense.
A Inteligência Artificial também vem sendo aplicada no combate à corrupção no estado.
Em abril de 2023, a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) deu início ao projeto Céos, uma parceria com o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) e a Fepese (Fundação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicos) que pretende utilizar IA para identificar fraudes e irregularidades em compras e contratações públicas.
Jônata Tyska, professor do Departamento de Informática e Estatística da UFSC e coordenador do projeto, conta que 20 pesquisadores e estudantes já estão trabalhando na implementação do Céos: “Estamos fazendo reuniões com o MP para entender como é o processo para detectar uma fraude, como a investigação é conduzida. O MP mostra quais dados podem ser importantes para que a gente possa alimentar o algoritmo e, a partir daí, vamos desenvolver os algoritmos inteligentes para atuar nesses dados cruzados em múltiplas bases de dados.”
O professor explica que a vantagem do uso da IA em casos como esse é a capacidade da tecnologia em lidar com grandes volumes de dados complexos, incluindo textos, valores, áudios e imagens.
Além do combate à corrupção, o projeto Céos tem mais duas linhas de pesquisa usando a Inteligência Artificial: a extração de dados de processos do MPSC para formar uma base de dados pública mais completa e a detecção de padrões de ocupação de leitos hospitalares nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) do Estado, com o objetivo de antecipar problemas de superlotação e informar políticas públicas.
Através dessas iniciativas, Tyska e os outros sete docentes do projeto pretendem transformar a UFSC num centro de referência na aplicação de IA e métodos estatísticos para a análise de dados do setor público: “A gente tem conversado com outras instituições para que elas possam agregar ao projeto, como o Tribunal de Contas do estado, a Polícia Federal de Santa Catarina, promotores do Ministério Público Federal e de MPs de outros estados, como o da Paraíba, que tem muito conhecimento nessa área de cruzamento de dados. É um domínio que pode trazer grandes ganhos para a sociedade.”
As principais tecnologias da Indústria 4.0 55z29
TECNOLOGIAS MADURAS:
São ferramentas que já estão em uso há tempo suficiente para compreender bem sua base científica e identificar suas falhas
Big Data
Também chamada de macrodados, é a obtenção e análise de grandes volumes de dados com muita variação. Através das informações coletadas, é possível, por exemplo, detectar falhas, prever desdobramentos e analisar a performance de quase tudo que tenha uma base de dados, de equipamentos à istração pública
Nuvem
É o fornecimento de serviços e recursos através da Internet, sem necessidade de armazenamento no dispositivo ou s. Dessa forma, a navegação é mais cômoda para o usuário e mais barata e eficiente para o provedor
TECNOLOGIAS EMERGENTES: 716h25
É o nome dado a inovações com o potencial de mudar o mundo dos negócios e o cotidiano nos próximos 5 a 10 anos
Inteligência Artificial (IA)
É um campo de estudo que desenvolve dispositivos e algoritmos capazes de simular, em grande escala, habilidades do cérebro humano, como o raciocínio, a aprendizagem, o reconhecimento de padrões e a interpretação. Com infinitas possibilidades, pode ser aplicada em mecanismos de busca, reconhecimento facial e criação de conteúdo, como as ilustrações destas páginas, geradas pela IA DALL-E 2.
Internet das Coisas (IoT)
Ela permite que objetos do dia a dia, como veículos, sistemas de segurança e televisores, se conectem à Internet e sejam controlados de forma remota. Os aparelhos smart podem incluir muitos outros recursos, como reconhecimento de voz e integração com outros dispositivos
Blockchain
É uma forma descentralizada de compartilhar dados e permitir transações de forma mais segura. É muito usada na compra de moedas digitais criptografadas, mas tem outras aplicações, como no monitoramento de estoque e transferência de produtos
TECNOLOGIAS DE NICHO: e3u9
Avanços tecnológicos que impactam uma parcela mais específica do mercado
Realidade Virtual (VR)
É uma tecnologia que permite visualizar um ambiente virtual de forma imersiva, geralmente com sons e imagens em 3D e perspectiva de 360º. Já a Realidade Aumentada (AR) projeta elementos virtuais no mundo real, como aplicativos que “inserem” animais ou personagens no ambiente quando a câmera do smartphone captura fotos ou vídeos.
Impressão 3D
Termo amplo para técnicas capazes de reproduzir fielmente objetos em três dimensões utilizando diversos materiais, como plástico, metal e até chocolate. Tem modelos mais íveis que podem ser usados em casa e versões altamente especializadas, de uso industrial.
