Eduarda Idalina Amorim, mais conhecida como Duda Amorim, nasceu em Blumenau e conquistou tudo no handebol feminino, inclusive o mundo. Por influência de sua irmã mais velha, Duda começou a jogar handebol aos 11 anos, no colégio Barão do Rio Branco.
Ana Carolina Amorim, sua irmã mais velha, na época já fazia parte da seleção brasileira juvenil e Duda conta que sempre acompanhava os treinos e ficava esperando a irmã, até que acabou convidada para jogar também. A escolha da atleta pelo handebol rendeu frutos como o título mundial com a seleção brasileira em 2013 e o prêmio de melhor jogadora do mundo em 2014.

A atleta construiu grande parte de sua carreira fora do Brasil, quando se transferiu para o Kometal Skopje, da Macedônia, em 2005. Antes, Duda atuou por São Bernardo e São Caetano no Brasil, e atualmente defende o Győri Audi ETO KC, da Hungria.
Para Duda, quando foi jogar na Europa a situação do handebol feminino era muito melhor no Brasil. Hoje a atleta diz que a diferença aumentou bastante, seria como comparar um esporte profissional (na Europa) com um esporte amador (no Brasil).
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“O handebol aqui na Europa seria como comparar com o futebol no Brasil, conta com uma excelente estrutura e temos tudo o que precisamos à nossa disposição”.
Pan de Lima e Olimpíada de Tóquio 452w13
Nos Jogos Pan-Americanos de Lima, Duda ajudou a seleção brasileira a conquistar o hexacampeonato na competição e reforçar sua hegemonia no continente. A atleta comemorou o resultado afirmando ser importante mostrar para os europeus a força do Brasil nas Américas e principalmente garantir a vaga nas Olimpíadas de Tóquio, além de inspirar futuras atletas.
“É legal (a conquista do Pan) porque com os resultados nós podemos inspirar atletas mais jovens, isso é um privilégio. É importante ser essa inspiração porque a próxima geração ainda vai manter um bom nível e dessa forma também inspirar outras futuras atletas”, destacou Duda.
Em relação aos Jogos de Tóquio, a atleta preferiu não criar expectativas e projetar a conquista de uma medalha.

“É muito difícil falar de resultados, nós vamos saber melhor e ter uma base depois do Mundial [de 30 de novembro a 15 de dezembro no Japão]. Estamos em um momento de transição, com uma equipe que ainda falta experiência internacional, eu acho difícil pensar em medalha agora, mas jogando sempre é possível, vamos em busca disso. Gosto muito dessa nossa equipe e confio em todas as atletas, confio em um bom resultado mas ainda é muito cedo para falar de medalha”.
Próximos desafios r3x3
A temporada europeia de handebol começou e o clube de Duda, o Győri ETO KC, fez sua estreia na liga nacional neste domingo (1). A atleta, que está em fase final de recuperação de uma lesão, não irá participar dos primeiros compromissos da temporada, mas a expectativa é de retornar normalmente às atividades dentro de duas semanas.
Além da liga nacional, o Győri também irá disputar a Liga dos Campeões (campeonato continental), que começa em outubro, e a Copa da Hungria. A equipe é a atual campeã das três competições e a expectativa de Duda é de novamente conquistar tudo o que disputar.

“Temos um time muito forte, mantivemos a base do último ano e ainda acrescentamos três excelentes atletas que vão nos ajudar bastante. Queremos continuar no topo e conquistar os três títulos”, projetou a atleta.
Pela seleção brasileira, a equipe fará uma fase de treinos em setembro e se reunirá novamente em novembro para a disputa do Mundial no Japão. Depois disso, a equipe se reúne outra vez em março e por fim em junho e julho para a disputa das Olimpíadas.
Handebol feminino no Brasil 1p2039
Em 2013, o Brasil surpreendeu o mundo ao conquistar o título mundial, disputado na Sérvia e que elegeu Duda como a melhor jogadora do torneio. Para a atleta, o Brasil não soube tirar proveito do título para fazer o esporte crescer e atrair mais patrocínios.
“Depois do título o nível caiu, principalmente o nível da liga nacional que todo mundo achou que iria crescer e seria melhor. A seleção tentou manter um nível alto, mas a troca de geração acabou prejudicando um pouco. Ficamos com atletas mais jovens, sem a mesma experiência e dificultou para manter o nível que tínhamos”, afirmou.
Duda destaca ainda, que o que houve de positivo depois do título mundial foi que as portas para atletas brasileiras atuarem na Europa se abriram.

“O respeito das jogadoras brasileiras aumentou muito aqui fora. Muitos clubes e empresários aqui da Europa me perguntam sobre jogadoras brasileiras para fazerem testes e serem observadas, antes isso não existia”.
Apesar das portas internacionais abertas, Duda enxerga uma falta de incentivo geral ao esporte, não apenas ao handebol feminino. A atleta também reclama de uma falta de recursos de maneira geral, e não de uma instituição ou confederação específica.
“Os clubes podem ser privados, mas falta interesse em investir em um esporte como o handebol. A base é muito boa, temos técnicos e clubes que sabem criar atletas, mas, com 15, 16, 17 anos, quando você precisa de uma estrutura para se profissionalizar não tem como, a estrutura não existe”, comenta a atleta.
Para Duda, muitas atletas deixam de seguir a carreira no handebol pela falta de incentivos na categoria adulta. Muitas jovens que tiveram um excelente trabalho na base acabam abandonando o esporte na idade adulta até mesmo pelas dificuldades financeiras.
“Equipes adultas do Brasil não conseguem pagar salários exclusivos para atletas e isso faz com que elas tenham que ter um trabalho além do handebol, buscar alguma outra ocupação e isso prejudica demais o handebol nacional. Todo o investimento feito na base acaba porque a atleta não pode seguir”, finalizou a multicampeã.