FOTOS: 4 vinícolas para degustar vinhos de altitude na Serra Catarinense 2t4h2h
Os vinhos de altitude são produzidos em regiões altas do Estado e com vitis vinifera; veja quais são 26 abril 2022 às 14h00 8 Minutos Patricia Stahl Gaglioti Enviar no WhatsApp 2p593y
O enoturismo vem crescendo em Santa Catarina. Ano a ano, mais pessoas viajam para diferentes regiões para participar de vindimas – eventos de colheita da uva, visitar vinícolas e degustar bons vinhos. Esse tipo de turismo só tem a crescer e você já vai entender o porquê.

Santa Catarina é a 4ª maior produtora de uvas do Brasil e a 2ª maior em processamento, ou seja, na transformação da uva em sucos, vinhos e espumantes. A grande produção de vinhos, mais de 80%, ainda é dos chamados vinhos de mesa: são aqueles produzidos com uvas que podem ser consumidas in natura e que costumamos encontrar nos mercados.
A outra porcentagem da produção fica por conta dos famosos e reconhecidos vinhos de altitude. Esses são produzidos em regiões altas do Estado e com vitis vinifera, uma espécie de uva apropriada para produção de vinhos finos. Mais secas e amargas, elas não são próprias para consumo direto. Fazem parte desse grupo uvas como a Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Chardonnay, entre outras famosas mundialmente.
Santa Catarina tem se destacado no Brasil e na América Latina por conta de seus vinhos de altitude. A produção começou na década de 1990, com cultivos experimentais da Epagri. Até então, o Estado não possuía tradição na produção de vitis vinífera, mas foi ganhando adesão à medida que as experiências renderam bons frutos.
No ano ado, os vinhos de altitude catarinenses entraram no mapa nacional e internacional de Indicação Geográfica (IG). Essa é uma certificação concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) que atesta a qualidade dos vinhos produzidos por 29 municípios da Serra Catarinense e do planalto e sua diferenciação em comparação com similares oferecidos pelo mercado.
Para receber um selo IG é necessário provar que o produto possui características únicas devido ao local onde é produzido, valorizando os saberes envolvidos em sua produção e o modo como é feito. Esse processo de reconhecimento é similar ao que o vinho do Porto, em Portugal, e o vinho da região de Champagne, na França, aram também.
O conjunto de solo, clima, variedade de uvas, técnicas de cultivo e altitude são os fatores que fizeram os vinhos catarinenses serem reconhecidos. Entre eles, a altitude é o grande diferencial. Todos os vinhedos que receberam a certificação estão acima de 900 metros de altura em relação ao nível do mar.
Em regiões altas como essas, a amplitude térmica costuma ser maior, com dias mais quentes e noites bastante frias, o que proporciona uma maturação mais lenta das uvas. Nesse processo, a fruta vai acumulando mais açúcar e acidez, que são interessantes para a produção de vinhos finos de qualidade. Isso impacta no corpo, no aroma e no sabor da bebida.
Por conta da certificação dos vinhedos catarinenses, a Rota Turística Vinhos de Altitude de Santa Catarina foi criada em 2021, abrangendo 31 cidades. É na serra que estão algumas das mais respeitadas vinícolas do Brasil. São Joaquim é a cidade com o maior número de vinhedos, ultraando 250, segundo dados de 2019.
Nós separamos quatro vinícolas, em diferentes cidades serranas, como opções para você visitar. Algumas delas, além do eio pelos vinhedos e pelos espaços de fabricação, oferecem degustação e outras atrações. Vale a pena conferir.
1. Quinta da Neve 3yu5z
A Quinta da Neve foi a primeira propriedade a plantar na Serra Catarinense, em 1999, mudas vitis vinífera importadas da Itália, de Portugal e da França. Localizada em Lomba Seca, no interior de São Joaquim, a 1.200 metros de altitude, possui hoje 15 hectares ocupados pelo vinhedo e uma média de produção de 80 mil garrafas por ano.
A vinícola coleciona prêmios de importantes concursos nacionais e internacionais. O Pinot Noir, safra 2005, foi escolhido por um respeitado crítico de vinho como um dos dez melhores Pinot do mundo. Outro vinho que vem ganhando destaque e conquistando prêmios é o Touriga – Lote I, safra 2020.
A Quinta da Neve produz nove rótulos, cinco deles de vinho tinto, dois de vinho branco, um rosé e um espumante. É possível conhecer de perto todo o trabalho realizado por lá e sentir na boca as diferentes texturas das bebidas, dos vinhos mais encorpados aos mais refrescantes.
Visitação
A vinícola é aberta à visitação de seus vinhedos, locais de produção e armazenamento, todos os dias, exceto às terças, das 10h às 18h. Outra opção é pedir uma tábua de frios ou uma cesta de piquenique para harmonizar com os vinhos e contemplar a paisagem. Sua vista alcançará os verdes morros e o céu azul de Lomba Seca, enriquecendo ainda mais essa experiência.
2. Villa Francioni 5j262x
É também em São Joaquim que fica a Villa Francioni, produtora de vinhos finos desde 2001. A vinícola está em uma localidade de mais de 1.200 metros de altitude, o que oferece excelentes condições na produção de suas uvas.
A propriedade trabalha com duas linhas de produtos, totalizando 17 rótulos entre vinhos tintos, brancos, rosé e espumantes e mais de 100 mil garrafas produzidas por ano. Alguns deles têm reconhecimento nacional e internacional.
O Sauvignon Blanc já foi considerado como um dos cinco melhores da América Latina e o Chardonnay e o VF Rosé como os melhores do país em suas categorias. Aliás, até a cantora norte-americana Madonna já provou e aprovou o VF Rosé da vinícola, em uma de suas visitas ao Brasil.
Visitação
É possível conhecer a Villa Francioni mediante agendamento, acompanhado por um guia especializado e ficar por dentro de todos os estágios de fabricação de seus vinhos. O trajeto termina com a taça em mãos, em um momento de degustação de alguns rótulos. A vinícola também possui uma galeria de arte interna, aberta ao público. O espaço já recebeu obras internacionais e artistas nacionais renomados, entre eles o vilense Juarez Machado.
3. Abreu Garcia 1ry1m
É no interior da cidade de Campo Belo do Sul que se encontra a Abreu Garcia. A vinícola fica dentro da Fazenda Nova Dela Costa. Ali estão os vinhedos de oito castas de uvas, sete sas e uma italiana numa extensão que ocupa dez hectares da propriedade.
Na Abreu Garcia são cultivadas uvas Merlot, Malbec, Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc, Chardonnay e Vermentino. O primeiro vinhedo foi plantado em 2006 e a primeira colheita feita três anos depois, em 2009.
Desde então, a vinícola vem se consolidando e se destacando dentro e fora do país. Sua produção conta com nove rótulos que até agora já receberam mais de 11 premiações. No cardápio, você encontra vinhos tintos, brancos, rosé e espumantes.
Visitação
É possível visitar os vinhedos, de terça a sexta-feira, sem guia e sem degustação. Se preferir, pode almoçar por lá, nas datas pré-estabelecidas pela própria vinícola, normalmente aos sábados. O cardápio inclui receptivos, entrada, prato principal e sobremesa. Todos eles, é claro, harmonizados com vinhos Abreu Garcia. Neste caso, a visita guiada pelos espaços da vinícola está inclusa.
Outra opção é fazer um piquenique em meio à natureza, cercado pelos vinhedos da propriedade. Os piqueniques são sempre à tarde e, se der sorte, será agraciado com um lindo pôr do sol na serra. O serviço também tem datas estipuladas pela vinícola e precisa ser agendado. Na cesta contratada, vem pães, frios, castanhas e o vinho que o cliente escolher, entre quatro opções do cardápio da Abreu Garcia.
4. Thera 6s634p
A vinícola Thera fica dentro da Fazenda Bom Retiro, na cidade de Bom Retiro. O empreendimento existe desde 2013, mas a maioria de seus vinhedos, que hoje se aproximam de dez hectares, já havia sido implantada em 2002.
São nove rótulos diferentes de vinhos produzidos no local. As mudas dos vinhedos são originárias da França e da Itália, todas certificadas. São cepas de uvas como Sauvignon Blanc, Chardonnay, Pinot Noir, Merlot, Cabernet Franc, entre outras, que dão origem a vinhos brancos, rosé, tintos e espumantes. Em seu cardápio, a Thera possui três vinhos premiados.
Visitação
Você pode conferir tudo isso de perto, pois a vinícola oferece visitas guiadas por um sommelier que conta um pouco sobre a história do local e as variedades de uvas na propriedade. Aos fins de semana, as visitas são seguidas de degustação. Esse é o momento que você poderá sentir na boca o resultado de todo o cuidado no processo de fabricação.
Além dos eios pelos vinhedos, a Thera oferece mais duas opções aos visitantes. No wine bar, você poderá harmonizar os vinhos com pratos da alta gastronomia. De quinta a domingo, são servidos almoços e jantares no espaço. Agora, se quiser curtir de forma mais prolongada a fazenda, o clima serrano e os sabores dos vinhos de altitude, é possível se hospedar na pousada que fica dentro da propriedade e conta com 18 suítes.
Todos os serviços precisam ser agendados previamente.