Após quase dois anos sem público nos estádios de futebol, Santa Catarina avalia a volta parcial dos torcedores para o mês de outubro. A informação foi confirmada à reportagem do ND+ pelo secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, na tarde desta sexta-feira (3).

Segundo o chefe da pasta, o decreto que prorroga o veto ao público por mais 30 dias, divulgado na última terça-feira (31), foi justamente para avaliar a evolução da vacinação, o número de casos ativos da Covid-19, além do impacto da variante Delta sobre a população do Estado.
A avaliação, além das conversas com o setor e entidades, como a Fesporte (Fundação Catarinense de Esporte) e FCF (Federação Catarinense de Futebol), é necessária para a adaptação de protocolos seguros para essa possível retomada, de acordo com o secretário.
“Dependendo desses fatores, acredito que para outubro já tenhamos condições de realizar eventos com público, de uma forma bem controlada e elaborada com antecedência”, pontua.
Em relação a nota divulgada nesta semana pela FCF, onde a entidade se mostrou “estarrecida” com a nova restrições ao público por mais 30 dias, André Motta disse que entende o descontentamento das pessoas, uma vez que já há a proibição há mais de um ano e meio.
“Nós entedemos as reclamações, as pessoas não aguentam mais. É natural que se manifestem com essa inconformidade, mas claro, sempre de maneira respeitosa. Estamos sempre em contato com todos os setores da sociedade catarinense, para tomadas de decisão que atendam às expectativas sem deixar de lado os cuidados em relação a pandemia”, afirma.

Uma reunião entre a pasta, a Fesporte e a FCF e outros agentes envolvidos com o tema deve acontecer após o feriado da próxima terça-feira (7), para debater todo o ambiente envolvido em um evento esportivo e quais os cuidados necessários.
“As pessoas falam: ‘mas estádio de futebol é lugar aberto’. Sim, mas temos que ressaltar que cada estádio tem uma capacidade, largura de portão de entrada e saída, números específicos de portões, fluxo nos banheiros durante o intervalo e antes da partida, estacionamento, além da ida até lá. É toda uma dinâmica além de espalhar os torcedores pelas arquibancadas de maneira que haja o distanciamento social”, explica o chefe da pasta.
Situação da pandemia em SC 4q281g
Questionado sobre como enxerga o momento atual da pandemia da Covid-19 em Santa Catarina, André Motta afirmou que o momento é de atenção, uma vez que o Estado apresenta números “razoáveis” nos indicadores.

“Existe uma certa tranquilidade, mas estamos sempre em atenção. O quantitativo de pessoas contaminadas ainda é muito alto, acima de 10 mil. Além disso, temos uma região do Estado em nível gravíssimo [Nordeste], além da contaminação comunitária da variante Delta. Já tivemos momentos piores, mas não podemos deixar os cuidados de lado”, completa o secretário.
Segundo boletim divulgado pela SES (Secretaria de Estado da Saúde) nesta sexta-feira, Santa Catarina tem 1.160.164 casos confirmados da Covid-19 desde o início da pandemia, além de 18.774 mortes.
Clubes pedem volta do público 6q3q37
A reportagem do ND+ conversou com todos os times catarinenses envolvidos em disputas do cenário nacional no último mês. Chapecoense, Avaí, Brusque, Criciúma, Figueirense, ville, Juventus e Marcílio Dias se mostraram contrários a nova restrição de 30 dias imposta pelo governo do Estado.
Em nota oficial publicada na tarde desta quarta-feira (1º), a entidade máxima do futebol profissional em Santa Catarina, FCF manifestou indignação com a nova determinação.

Além de citar “graves problemas financeiros” a entidade revela que os dirigentes “sequer são ouvidos” pela alta cúpula do governo.
Sob uma campanha denominada “Futebol não é vilão”, o comunicado oficial ainda cita a relação nacional em que os protocolos sanitários de Santa Catarina foram elevados.
“Mesmo diante dos rígidos protocolos produzidos por suas áreas médicas, algumas com vitoriosos trabalhos em nível nacional, o futebol catarinense está cada dia mais rejeitado pelos órgãos competentes”.
“As autoridades estaduais cada dia mais dispostas a imputar ao esporte uma culpa que não lhe pertence, teimam em transformar o futebol no vilão da pandemia. O futebol, uma prática esportiva absolutamente privada, não pode ser considerado o vilão desse comportamento público”, diz a nota da entidade.