Preços abusivos nos ingressos desvalorizam os espetáculos nos estádios de Santa Catarina

O torcedor que quiser assistir um jogo do Criciúma na Recopa ou no Campeonato Catarinense terá que desembolsar R$ 200

*Por Márcia Becker; o colunista Fábio Machado está de férias até o dia 17 de janeiro de 2024.

Pasmem. O torcedor que quiser assistir um jogo do Criciúma na Recopa ou no Campeonato Catarinense terá que desembolsar R$ 200, um valor totalmente fora da realidade de qualquer brasileiro.

Torcida do Criciúma lotou o estádio durante o ano de 2023 – Foto: Criciúma/Divulgação/NDTorcida do Criciúma lotou o estádio durante o ano de 2023 – Foto: Criciúma/Divulgação/ND

Entendemos que o futebol ficou mais caro e, de fato, o mercado está inflacionado e competitivo, mas não é jogando essa responsabilidade toda para o torcedor que as contas serão pagas. Pelo contrário, a elevação dos preços só afasta os torcedores do estádio.

O Criciúma, em especial, tem um ponto a se considerar. O time carvoeiro tem um quadro de sócios ativos que praticamente ocupa todo o estádio Heriberto Hülse, sobrando poucos ingressos para o torcedor comum, e a carga restante para o setor visitante.

De qualquer forma, a elevação dos preços impedem que um simpatizante ou irador possam comparecer ao estádio para conhecer o clube e posteriormente se tornar sócio. Para um família comum, por exemplo, que vai ao estádio pela primeira vez, fica totalmente inviável. Essa prática não só tira um torcedor fanático, mas também aquele que está começando a acompanhar o time e que no futuro pode vir a se fidelizar. É uma ‘cadeia’ que acaba sendo afetada.

Fora que esses preços ‘abusivos’ também não condizem com a qualidade do campeonato em questão (Recopa e Campeonato Catarinense), que agonizam a cada ano pela falta de investimento nas estruturas, nas equipes e nas premiações. O reflexo disso? A baixa média de público, principalmente na primeira fase do Estadual.

Outra questão é o fato de que os valores são semelhantes aos ingressos de jogos da seleção brasileira ou de estádios de Copa do Mundo. Algo que não condiz com a realidade do Criciúma e nem do Heriberto Hülse, que é um dos melhores estádios de Santa Catarina. No entanto, ainda não justifica o valor de R$ 200.

No Campeonato Brasileiro, com a expectativa de casa cheia em todos os jogos, é compreensível querer explorar o lucro no setor visitante. Mas no Catarinense, não faz sentido cobrar o mesmo valor, mesmo que esteja em uma Série A, em um bom momento e com o quadro de sócios cheio. O torcedor catarinense não merece ter essa receptividade.

Isso desvaloriza o espetáculo e afasta o “povão”, que trabalha arduamente para o seu sustento e que usa seu dia de folga para curtir uma partida de futebol. Ele não merece ver o esporte que tanto ama se tornando um entretenimento só para a “elite”. Essa “elitização” do futebol brasileiro não condiz com a realidade do seu povo, que sempre teve o esporte como o seu refúgio para as aflições do dia a dia.

E o Criciúma não é o primeiro e nem o último clube catarinense que irá fazer isso. Outros clubes, como o próprio Avaí no ano ado e em uma partida da Copa Santa Catarina, também fez, ao cobrar R$ 150 em um clássico com jogadores da base. Todos tem sua parcela de culpa em afastar seu torcedor nos momentos bons.

Futebol de fato não se faz sem dinheiro, mas fica ainda mais difícil fazer futebol quando não se tem torcedor para apoiar, principalmente nos momentos ruins. Os clubes e os dirigentes precisam lembrar desses mesmos torcedores que apoiaram nas dificuldades e que merecem aproveitar os momentos bons. Não sendo descartados só porque não podem bancar um valor por mês como sócios.

Afinal, sócio ou não, indo esporadicamente ao estádio ou assistindo apenas pela televisão, o torcedor, de modo geral, merece a mesma atenção e precisa ser cativado para que lá no futuro ele possa se tornar um fiel consumidor da marca para ajudar o clube a crescer. E praticando preços abusivos não é a forma mais inteligente.

Organizada do Figueirense se manifesta

A Torcida Organizada do Figueirense, a Gaviões Alvinegros, emitiu uma nota ontem repudiando os valores praticados pelo Criciúma. Lembrando que a primeira partida do Catarinense é entre o Alvinegro e o Tigre, lá no Sul do Estado.

O texto traz vários pontos interessantes e que devem sim ser considerados e levados aos debates esportivos. Afinal, se não existisse o torcedor, talvez o futebol não tivesse a força que tem.

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Fábio Machado