‘O Leozinho do futsal fez história e agora é o Leozinho do campo’ 4q3n6g

Craque na quadra, Leozinho fez história no futsal empilhando títulos, convocações e premiações individuais, mas agora quer fazer história no campo

Duas vezes eleito o melhor jogador jovem do mundo, convocações para a Seleção Brasileira, títulos mundiais, de Liga Nacional, Taça Brasil, Supercopa, tudo pelo Sorocaba. Nas quadras, Leonardo Caetano Silva construiu uma história vitoriosa em pouco tempo, mas tempo suficiente para encantar com a bola pesada nos pés.

Aos 24 anos, Leozinho deixou o futsal e se dedica para repetir história vitoriosa também no campo – Foto: Reprodução/InstagramAos 24 anos, Leozinho deixou o futsal e se dedica para repetir história vitoriosa também no campo – Foto: Reprodução/Instagram

Mas, essa história foi encerrada por uma decisão que chamou a atenção. Aos 24 anos, Leozinho deixou as quadras para ir em busca de um sonho de infância: jogar futebol. “O Leozinho do futsal fez história, a história dele está guardada em um potinho e agora é o Leozinho do campo, meu objetivo é quebrar essa barreira do Leozinho do futsal, me firmar, poder fazer grandes jogos e ter um futuro brilhante”, fala.

E é em Santa Catarina que esse sonho tem início. Natural de Petrópolis e com toda a carreira no futsal construída em Sorocaba, é em Tubarão que Leozinho dá os primeiros os em sua carreira no campo. Ele chegou ao Hercílio Luz com o time na liderança do Campeonato Catarinense e com um trabalho consolidado e de longa data do técnico Raul Cabral e tem o objetivo de buscar seu espaço na equipe que tem a Série D no calendário deste ano e a luta pelo o à Série C.

O anúncio da saída do Sorocaba gerou muita repercussão e especulação e, de acordo com o próprio jogador, a decisão foi do clube, embora o desejo de fazer a transição para o futebol existia há muito tempo e já estava em curso.

O contrato de Leozinho foi encerrado na metade de 2022 e o último jogo dele com a camisa do time paulista foi contra o Foz Cataratas, no dia 15 de julho. Ele contou que a relação com o técnico Ricardinho, que já estava desgastada, implodiu no intervalo do jogo. Após uma cobrança que o jogador discordou, os dois discutiram forte no vestiário e, dias depois, em reunião com a diretoria, a relação que começou em 2017, acabou. Ainda segundo o próprio jogador, discussões entre ele e o técnico eram comuns por “cobranças excessivas” de um lado e “personalidade forte de outro”.

O Foz Cataratas, inclusive, é personagem de momentos importantes dessa transição. Se foi durante um jogo contra eles que a relação terminou, foi às vésperas de uma semifinal contra a mesma equipe que a transição para o futebol começou a ser desenhada. O agora atacante contou que foi na sala da casa dele em Sorocaba que ele, o pai e o empresário tiveram a conversa que deu o pontapé inicial no projeto que culminou com ele vestindo a camisa do Leão do Sul.

“Era pré-jogo, nós tínhamos semifinal da Liga Nacional no dia seguinte e estávamos assistindo a um jogo da MLS quando meu pai disse: não é possível que você não conseguiria jogar aí. Você acha que conseguiria? Eu respondi que sim e meu empresário perguntou: mas você trocaria o futsal pelo campo? Eu disse que sem pensar duas vezes e ele rapidamente falou que trabalharia nisso”, conta.

Leozinho fez história no futsal com a camisa do Magnus Sorocaba e, agora, segue o sonho de fazer história também no futebol – Foto: Reprodução/InstagramLeozinho fez história no futsal com a camisa do Magnus Sorocaba e, agora, segue o sonho de fazer história também no futebol – Foto: Reprodução/Instagram

Meses depois, após toda a repercussão da saída do Sorocaba, Leozinho desembarcava no México para dois meses de avaliação. O caminho dele no país da América do Norte não teve continuidade por situações burocráticas, mas foi em Santa Catarina que o sonho começou a se tornar realidade. “Sempre foi meu sonho jogar futebol e a oportunidade apareceu primeiramente no futsal, eu abracei, construí uma história linda, conquistei muitos títulos muito rápido. Acredito que coloquei o meu nome na história do esporte, mesmo sendo bem novo, mas quando surgiu essa possibilidade de fazer a transição para o campo eu não pensei duas vezes pelo fato de não ser um sonho só meu, ser um sonho do meu pai”, fala.

“Agora estamos buscando contrariar as estatísticas, já tivemos outros atletas que tentaram fazer essa transição e não tiveram êxito. É um peso a mais, mas estou bem tranquilo, trabalhando no dia a dia e espero que dê tudo certo”, salienta.

“É um processo difícil” 8183u

A adaptação não foi difícil para o jovem jogador que, até os 18 anos, alternava o campo e a quadra. Além disso, o período no México com uma comissão brasileira fez com que o atacante conseguisse chegar a Santa Catarina preparado.

Após a saída do futsal, Leozinho ou um mês parado sem treinos intensos e, fora do país, conseguiu voltar à preparação física. A chegada a Tubarão e o acolhimento do grupo e do técnico Raul Cabral aceleraram a adaptação.

“Aqui foi mais a parte tática do futebol, do que o Raul pede e é algo que ele vem me ajudando bastante, é um estilo de jogo parecido com a formação que eu jogava lá no México, então é algo que facilita, creio que estou muito bem adaptado tanto fisicamente como taticamente e agora é dar sequência, continuar trabalhando no dia a dia para conquistar meu espaço, ter mais tempo e poder mostrar o meu futebol”, explica.

O trabalho para buscar espaço anda lado a lado com o objetivo de quebrar a barreira de “ser o jogador que veio do futsal”. Leozinho tem a consciência do lugar que ocupava – e ainda ocupa – na história do futsal e sabe que, no campo, a história começa do zero.

“Não é uma barreira fácil de ser quebrada, é um processo difícil porque eu venho de um esporte onde eu era consolidado, era peça importante de um clube, era peça importante de uma seleção e eu abri mão de tudo isso para começar do zero, seguir um sonho. Eu sabia que o processo seria difícil. Eu cheguei a um clube que era líder do campeonato catarinense, que está totalmente encaixado e eu tenho que buscar espaço, o que já era difícil ficou ainda mais, mas eu sou um cara movido a desafios, creio que somente de fazer essa troca mostra isso um pouco, o fato de eu ser uma pessoa que gosta de desafios e eu levo isso da melhor maneira possível”, garante.

O que pesou na escolha 3b1p18

Em ascensão no futebol catarinense e recém consolidado como SAF (Sociedade Anônima do Futebol), a estrutura do Hercílio Luz foi determinante para a escolha do atacante. O time, que disputa a semifinal nesta quarta-feira (29) contra o Criciúma e precisa reverter uma desvantagem jogando em casa, terminou a fase classificatória na liderança e tem o sonho de conquistar o o para a Série C do Campeonato Brasileiro sendo um dos representantes catarinenses na Série D deste ano.

“Foi algo que chamou muito minha atenção e chegando aqui isso foi mostrado concretamente, presencialmente que é um clube muito organizado e mostra o porquê tem colhido bons frutos, o porquê era líder do campeonato, está nas semifinais, é algo que fez muita diferença na minha decisão”, diz.

Ainda com poucos minutos, mas muito trabalho nos treinos para conquistar seu espaço, Leozinho quer mostrar, mais uma vez, o potencial de desequilibrar e decidir jogos e campeonatos. “Eu fico ali no banco me coçando para entrar logo, mostrar meu potencial e me firmar”, conta.

Quebra de barreira e inspiração 5cq11

Os questionamentos são naturais, afinal, há exemplos na história de jogadores que tentaram a transição e não conquistaram o mesmo sucesso das quadras no campo. Falcão é o maior exemplo de todos, mas Manoel Tobias e Mithyuê também fizeram o mesmo e voltaram para o futsal.

Leozinho sabe que as perguntas são “companheiras” e um dos objetivos é, justamente, respondê-las em campo.

“O que eu falo de quebrar barreira e tirar um pouco essa coisa do Leozinho do futsal é que às vezes as pessoas de fora se perguntam ‘ah, será que ele vai conseguir render o que rendia no futsal? Será que as distâncias, o gramado podem atrapalhar ele?’, coisas  que realmente são dúvidas. Quero quebrar isso e falar em tempo é difícil porque é difícil de mensurar, mas espero que seja o mais rápido possível, conquistar grandes coisas, quem sabe um dia, que seja rápido, estar disputando uma série A, Libertadores, pegando seleção. Como eu brinco, sonhar é de graça, então eu sonho estar no mais alto possível e vou trabalhar para que isso aconteça o mais rápido possível também”, fala.

Com características muito marcantes, o atacante tem inspirações que se assemelham e muito ao seu estilo de jogo. Irreverente, audacioso, com dribles desconcertantes, Leozinho escolheu a dedo seus “exemplos”.

“Quando mais novo, minha inspiração sempre foi o Ronaldinho Gaúcho, sempre foi um cara que chamou muito a atenção pelo estilo de jogo, é o estilo de jogo que eu gosto de fazer, com objetivo, mas com irreverência, jogadas plásticas, é algo que eu trago muito para o meu jogo. Hoje Neymar, sem dúvida alguma, o nosso melhor jogador brasileiro, Vinicius Jr. e um cara da seleção que está dentro das minhas características e busco sempre é o Raphinha do Barcelona.  São caras que eu me inspiro e espero conquistar o que eles conquistaram, chegar a metade do que eles fizeram no nosso esporte será grandioso”, diz.

Com a história que já construiu no esporte, Leozinho sabe que sua decisão chocou o mundo do esporte, mas também está muito certo e firme para buscar o sonho de infância.

Nesta quarta-feira (29), ele terá mais uma oportunidade de mostrar seu talento. O Hercílio Luz recebe o Criciúma, às 21h, no estádio Aníbal Torres Costa, no jofgo de volta da semifinal do Campeonato Catarinense. Depois de perder por 2 a 0, o time de Tubarão precisa vencer pelo menos pelo mesmo resultado para forçar a decisão por pênaltis.

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