
Em 2012, atuando como repórter esportivo de uma rádio da capital, acompanhei bem de perto a saída do goleiro Wilson do Figueirense. Na época, a diretoria não renovou o seu contrato e o caso gerou revolta por parte da torcida. Para piorar, na mesma barca, outro ídolo do alvinegro, o meia Fernandes, simplesmente o maior artilheiro da história do Figueirense, também foi mandado embora. O goleiro seguiu a sua carreira, o meia praticamente pendurou as chuteiras bastante magoado pelo ocorrido. (Fernandes até tentou seguir no Red Bull Brasil, mas não tinha mais condições emocionais e físicas para isso). Nos dois casos faltou sensibilidade.
Wilson poderia sair do clube, poderia não ter o seu contrato renovado, é claro, afinal o ciclo faz parte do mundo da bola e a vida segue – como seguiu, aliás. Mas comentava na época que o maior goleiro da história do estádio Orlando Scarpelli deveria pelo menos ter saído com agradecimento e reconhecimento oficial da instituição. E não pela porta dos fundos como ocorreu. Alguns alvinegros atônitos organizaram um jogo de futebol sete em uma quadra em São José para que esse reconhecimento – pelo menos por parte da torcida – fosse concretizado. Wilson e Fernandes marcaram presença e juntamente com outros ex-atletas convidados sentiram de perto e, muito próximo, o calor dos torcedores. Foi uma festa de sorrisos, abraços, lágrimas e muito carinho.
E uma constatação: desde aquele ano a torcida ou a sumir do estádio Orlando Scarpelli. A identificação do torcedor com o seu time ou a minguar e o clube começou a mergulhar na maior crise da sua história. Não, não foi uma simples coincidência. O maior pecado que um clube do “povo” como o Figueirense pode fazer com o seu torcedor é tirar a sentimento de “pertencimento”. Sentimento que começou a ser resgatado no dia 24 de setembro de 2009 quando mesmo perdendo de 3 a 0 para o Bragantino em um jogo da série B e com a saída dos gestores aventureiros, a torcida cantou e aplaudiu durante os 90 minutos de jogo e as imagens percorreram o mundo. O destino, ah o destino! Uma década depois, com a volta do Wilson, com a presença do Fernandes no grupo e com uma diretoria focada na retomada do clube, a chance real de recuperar todo o tempo que foi perdido no Figueirense Futebol Clube.