Enquanto as peças se movem na Copa do Mundo de Xadrez, que iniciou no dia 30 de julho e terminará na quinta-feira (24), a Fide (Federação Internacional de Xadrez) anunciou a implementação de novas diretrizes para competidores transgêneros. A instituição determinou que mulheres trans serão proibidas de jogar nos torneios oficiais até que uma revisão, que pode levar dois anos, seja concluída.

De acordo com as novas regras, mulheres trans que tenham feito a transição para o gênero masculino terão seus títulos e prêmios revogados. No entanto, a mesma regra não será aplicada às pessoas que transacionam do gênero masculino para o feminino.
Além disso, a solicitação para mudança de categoria deverá ser acompanhada de documentação que ateste a conformidade com as leis do país de origem da pessoa, incluindo certidão de nascimento, aporte ou outros documentos de identificação.
A Fide afirmou que a regulamentação foi necessária frente a alta demanda de solicitações de alteração de gênero recebidas nos últimos dias. Segundo a instituição, a decisão se trata de “questões de evolução para o xadrez”, que devem ser tomadas de acordo com “evidências de pesquisa”.
Reações e posicionamentos 596e4
Diversas federações de xadrez, incluindo as da Alemanha e dos Estados Unidos, se manifestaram contrárias a essa decisão. Entidades que defendem os direitos das pessoas LGBTQIA+ apontam que essa medida discrimina tanto mulheres trans quanto cisgênero.
O Centro de Igualdade Trans expressou sua discordância nas redes sociais, alegando que as novas normas são baseadas em “ideias anti-trans ignorantes” e representam um “insulto às mulheres cisgênero, às mulheres trans e ao próprio jogo de xadrez”.
Angela Eagle, membro do parlamento britânico e campeã de um torneio nacional de xadrez, usou suas redes sociais para se manifestar sobre o assunto: “Não há vantagem física no xadrez, a menos que você acredite que os homens são inerentemente mais capazes de jogar do que as mulheres. ei minha carreira no xadrez ouvindo que o cérebro das mulheres era menor que o dos homens e nem deveríamos estar jogando. Essa proibição é ridícula e ofensiva para as mulheres”, diz ela.
A decisão da Fide segue uma tendência de regulamentações que dispõem sobre a participação de atletas transexuais em outros esportes, incluindo natação, atletismo e ciclismo.