A vitória da boxeadora Imane Khelif, de 25 anos, na manhã desta quinta-feira (1º), nas Olimpíadas de Paris 2024, jogou luz para a polêmica que a atleta enfrenta no mundo esportivo. No ano ado, a argelina foi impedida de participar do Mundial de Boxe por apresentar elevado índice de testosterona, o que fez muita gente deduzir que a atleta era uma mulher trans.

A competição desta quinta foi a primeira rodada da categoria até 66kg do boxe feminino. Logo no início, Angela Carini recebeu um golpe de Khelif e interrompeu o confronto reclamando de fortes dores no nariz.
Quando questionada, a atleta italiana negou que o abandono da disputa tenha sido devido à polêmica que envolve Imane.
True or let her deny it https://t.co/z3OulP5eKJ
— Elon Musk (@elonmusk) August 1, 2024
Imane Khelif é trans ou não? 91m1o
Apesar de ser alvo de transfobia de nomes como Elon Musk, Imane Khelif é uma mulher cis gênero, ou seja, não é trans.
Tudo começou no Mundial de Boxe de 2023, quando o presidente da IBA (Associação Internacional de Boxe), Igor Kremlev, informou que testes realizados para o mundial apontaram que Khelif e a taiwanesa Lin Yu-ting “tinham cromossomos XY e foram, portanto, excluídas dos eventos esportivos”.
No entanto, o COI (Comitê Olímpico Internacional) realizou uma revisão completa e confirmou sua elegibilidade para competir na categoria feminina nas Olimpíadas de 2024.
Para o COI, mulheres transgênero devem ter completado a transição antes dos 12 anos para competir na categoria feminina nas Olimpíadas.
Além disso, o comitê avalia que os níveis de testosterona não devem ser usados como índice exclusivo para determinar se uma pessoa é trans, ou não. Diretrizes que buscam garantir uma competição justa, ao mesmo tempo que respeitam os direitos de todos os atletas.

Quem é Imane Khelif e5l1y
Khelif cresceu na zona rural de Tiaret, na Argélia. Segundo a Unicef, instituição da qual ela é embaixadora, a jovem se destacou no futebol aos 16 anos, apesar do futebol não ser visto como um jogo adequado para meninas.
A atleta contou que os meninos em sua aldeia se sentiam ameaçados e brigavam com ela. Ironicamente, foi sua habilidade de desviar dos socos deles que a levou ao boxe.
No entanto, o boxe se tornou ainda mais desafiador. Como ela precisava viajar 10 quilômetros toda semana para treinar, começou a vender sucata para reciclagem e sua mãe, cuscuz, para arrecadar o dinheiro das agens de ônibus.
O pai dela, além de ficar muito tempo ausente de casa porque trabalhava no deserto do Saara como soldador, não aprovava boxe para meninas.
A primeira competição da carreira foi no Campeonato Mundial de Boxe Feminino em 2018, na Nova Délhi 2018. Ela foi eliminada logo na primeira rodada e ficou em 17º lugar.
A atleta não desistiu e voltou a participar da competição em 2022, quando se tornou a primeira boxeadora argelina a chegar a final. Contudo, perdeu o 1º lugar para a irlandesa Amy Broadhurst.