Quando criança, ao ar pelas águas da Lagoa da Conceição e Beira-mar, Matheus Dellagnelo observava os velejadores e dizia para o seu pai que também queria velejar e entrar nesse mundo. Os anos se aram, o sonho se realizou – com a conquista de títulos nacionais, continentais e mundiais – e agora Matheus sente que sua missão deve continuar fora das águas, trabalhando para a popularização e crescimento do esporte.
Matheus, natural de Florianópolis, começou a velejar com apenas oito anos de idade e aos 11 já conquistou seu primeiro título nacional. Fez parte da equipe jovem do Brasil até os 15 anos e chegou a conquistar quatro títulos mundiais.

A medalha de ouro conquistada nos Jogos Pan-Americanos de Lima foi a segunda na carreira do velejador de 30 anos. A primeira veio no Pan de Guadalajara, em 2011, logo depois de ter se profissionalizado.
Com a medalha de ouro na bagagem, Dellagnelo voltou para o Brasil cheio de ideias para difundir e popularizar a vela no Brasil, mas nenhuma dessas ideias inclui a participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.
“Hoje o sonho olímpico acabou ficando em segundo plano, não tenho mais tempo e nem a vontade que tive outrora. Já tive esse sonho, mas hoje a vida fez eu acabar mudando a minha trajetória. Tenho interesse em disputar o Pan do Chile em 2023, quero estar presente. Tenho condições de disputar medalhas em algumas classes que já conquistei títulos, mas não vejo abertura no meu estilo de vida atual para ir além disso”, afirmou o campeão.
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Os planos para o futuro incluem ser treinador e principalmente promover eventos que possam tornar a vela mais ível para o público e difundir e popularizar a modalidade.
Além de uma vida sobre as águas, Matheus Dellagnelo é formado em engenharia de materiais pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e também concluiu seu mestrado em 2017.
No mesmo ano em que concluiu o mestrado, Matheus abriu sua empresa de banco de dados em Florianópolis, hoje a empresa conta com mais de 20 colaboradores e ele veleja pelas águas do ramo empresarial. O campeão pretende aliar seu novo negócio ao esporte, usando a tecnologia em prol do esporte para desenvolver mais ainda a vela.
“Quero poder ajudar a vela e o esporte, a participação maior do público faz muita diferença. Tenho projetos para ajudar a modernizar a vela, dar mais visibilidade e trazer o público para mais perto. Precisamos melhorar nossa estrutura para ter mais divulgação da mídia e para que os atletas não tenham que abandonar seus sonhos”, contou para a reportagem do ND+.
Mesmo com os novos projetos, o atleta não pretende abandonar as competições. Além da expectativa de disputar mais um Pan em 2023, Matheus se planeja para o campeonato Sul-Brasileiro, em novembro.
Apoio à modalidade 1c1y6y
Matheus Dellagnelo também reclamou da falta de apoio que a vela enfrenta no Brasil. Segundo o atleta, além de não ter o mesmo apoio que as grandes potências têm, existem muitos problemas de organização que vão desde os clubes até o COB (Comitê Olímpico Brasileiro).
Para Dellagnelo, vivemos um momento de atualização em todos os campos, e os esportes, e principalmente a vela devem ar pelo mesmo processo de modernização.
“Os moldes atuais estão ultraados, um esporte profissional como a vela é muito caro, precisamos permitir que a nova geração viva disso. Espero que as boas campanhas e desempenhos possam mudar as coisas, desde a organização do COB e Confederação até a proximidade com o público”, comentou o atleta.
Novos projetos para a vela 5d6v39
Matheus Dellagnelo tem um ambicioso projeto de popularizar a modalidade e segundo ele mesmo diz “trazer todo mundo para a vela. O idoso, a TV, a mídia, os meios digitais”.
O Pan contou com muita tecnologia para o acompanhamento das regatas, teve GPS, teve aplicativo para o público poder acompanhar. A ideia é trazer o público para perto da vela, dessa forma vem o investimento, formamos profissionais capacitados e conseguimos ter um futuro melhor para o esporte”.
Dellagnelo ainda afirmou que atualmente está em contato com o pessoal da vela e pretende apresentar seu projeto para os governos municipais e estaduais, de forma que possa apresentar e viabilizar a realização de dois eventos pilotos em Florianópolis.
A ideia é realizar os eventos na Lagoa da Conceição e na Beira-mar, em novos moldes, trazendo uma grande inovação para as competições de vela no Brasil.
Matheus pretende aproximar o público do esporte, fazendo com que as pessoas realmente entendam uma competição de vela, com uma forma inovadora de fazer a transmissão do evento.
“É preciso dar experiência aos atletas. Podemos usar o modelo do Pan e utilizar drones, GPS, um locutor do trapiche e montar uma estrutura para que as pessoas nos barcos também possam acompanhar e visualizar sem estar afastados. Precisamos de uma estrutura como um todo, fazer um evento com comida, bebida, dar voz aos atletas com entrevistas”, afirmou o possível novo empresário do ramo esportivo.
O campeão ainda completou dizendo que pretende realizar os eventos pilotos em um sistema de regatas curtas com quadrangular, avanço e eliminação. A ideia é de a partir das próximas semanas já realizar conversas com o Governo e outros possíveis interessados em participar do evento.