Entrevista: Presidente da Fesporte, Paulão projeta melhoras estruturais para o esporte de SC p6gg

Paulão concedeu entrevista ao Arena ND+ onde criticou a estrutura atual e citou maneiras de fazer investimentos no esporte catarinense

“Não temos uma lei clara de incentivo, leis de patrocínio, uma política esportiva que possa desenvolver um pouco mais o esporte e o paradesporto”. A declaração é de Paulo André Jukoski da Silva, o Paulão do Vôlei, presidente da Fesporte, sobre as questões estruturais e de desenvolvimento do esporte em Santa Catarina.

Presidente da Fesporte, Paulão concedeu entrevista ao Arena ND+ – Foto: Leo Munhoz/NDPresidente da Fesporte, Paulão concedeu entrevista ao Arena ND+ – Foto: Leo Munhoz/ND

O mandatário concedeu entrevista exclusiva ao ArenaCast, podcast do Arena ND+, na última semana, onde falou sobre as mudanças que visa em seu mandato.

Entre os assuntos, na conversa que durou pouco mais de uma hora com o campeão olímpico em Barcelona (1992), estão a parceria com o Comitê Olímpico e Paralímpico, os meios de encontrar recursos para o esporte catarinense, bolsa atleta e possíveis parcerias com prefeituras e governo do Estado.

Confira a entrevista na íntegra: 3n6573

Arena ND+: Paulão, quais as melhoras estruturais que Santa Catarina precisa fazer que você detectou nesses primeiros três meses na Fesporte?

Paulão: Se eu falar para vocês quantas pistas temos, quantos ginásios temos, são muito poucos. Nossa Capital [Florianópolis] não tem hoje um ginásio para receber uma seleção brasileira. Para mim isso é vergonhoso. Precisamos ter competições de qualidade. Não estou pedindo que seja uma vila olímpica, no entanto, as crianças precisam ter a melhor bola, a melhor quadra, a melhor arbitragem, alimentação, se pudesse dar hotel para todo mundo seria muito legal.

Houve alguma conversa com a ministra Ana Mozer para possíveis parcerias com o governo federal?

Ainda não consegui conversar com a ministra. Assumi a Fesporte em abril e os jogos já estavam se iniciando, é de domingo a domingo. Tem todo o processo de hotel, estadia. Estamos trabalhando com crianças, o trabalho é triplicado no cuidado.

Quais recursos a Fesporte tem para trabalhar hoje?

Todo recurso que chega na Fesporte hoje, é pouco. Porque a gente quer construir, fazer mais eventos, melhorar os eventos, decorar as praças, dar melhor qualidade aos jovens, adultos e professores. A nossa casa tem 30 anos, mas se um cadeirante chegar hoje não consegue ar a minha sala. Vamos corrigir isso, precisamos nos preocupar com o Paradesporto. Antes de falar de orçamento, precisamos corrigir uma série de pequenos detalhes técnicos.

Sua gestão vislumbra possíveis mudanças no formato do Bolsa Atleta?

Vamos aperfeiçoar o Bolsa Atleta na questão de ferramentas para deixar o processo transparente. Estamos fazendo parcerias com o Ministério Público, Tribunal de Contas e controladoria. Objetivo é deixar o ambiente do esporte mais seguro e transparente. Lançamos o Bolsa Atleta, mas também será necessário a bolsa treinador. Estou falando aqui como campeão olímpico porque um treinador pagou a minha agem, meu uniforme, meu lanche, porque meus pais não tinham condições.

Quais cidades de SC hoje têm melhores condições de desenvolver atletas?

Posso citar ville, Blumenau, Jaraguá e Timbó como as referências que temos hoje. Ainda assim, precisamos melhorar as estruturas de ginásios, pistas, equipamentos para o atletismo, como marcadores, cronômetros e tudo que envolve o esporte. Temos excelente cultura, excelente matéria prima (professores e técnicos), mas não temos onde fazer o melhor. Temos ginásio muito carentes e pistas que dão a mínima condição possível.

Presidente projeta investimento no esporte de SC – Foto: Leo Munhoz/NDPresidente projeta investimento no esporte de SC – Foto: Leo Munhoz/ND

Qual a conversa que você teve com o governo Jorginho Mello quando assumiu a Fesporte?

O governador me deu carta branca. Na sua maneira ele disse que o esporte é importante para Santa Catarina e eu me senti dentro do processo. Vejo necessária uma reorganização com uma política pública de esporte. Não temos uma política pública, não temos leis, ou leis pequenas, apertadas, simples demais. Essa leis foram feitas há quase 30 anos, quando foi criada a Fesporte. Eu não estou aqui para mudar nada sozinho. A minha crítica para o momento atual é construtiva. Eu não estou aqui querendo mudar tudo.

Você fazer ginásio depende de uma política pública, fazer uma pista melhor, também. Você vai investir R$ 100 milhões para fazer pistas e ginásios? Por que não? É pouco isso para um Estado que tem uma cultura espetacular. O governo tem a obrigação de fomentar a visibilidade de grandes equipes. Por que não podemos fazer algo mais intenso nas equipes competitivas? Temos muito material e gente boa demais representando SC fora do Estado.

É possível pensar em centros especializados em esporte em mais de uma região do Estado?

Por que a gente não tem um centro em Chapecó, Criciúma, em Lages, ville e Florianópolis? Teríamos cinco centros de excelência, onde tenha ginásios de treinamento, uma pista, locais para desenvolver. São necessárias políticas públicas. Não politicagem, distribuição à vontade de material esportivo, o famoso ‘chegue aqui de caminhão e leve quantos materiais quiser’. Faça um projeto na sua cidade de IDH, e aponte onde a cidade merece e precisa mais.

É possível pensar em parcerias com as prefeituras?

As prefeituras tem recursos próprios, umas mais e outras menos. Cada um vai investir no seu tamanho. Eu não posso pegar R$ 10 milhões e investir numa cidade de 30 mil habitantes. Quando falo de centros esportivos, essa região toda que fica ao redor da cidade poderia usar esses centros. Claro que poderíamos fazer outros subprojetos no sentido de pistas e ginásio em locais determinados. Por exemplo, não posso fazer um local para a prática de tiro com arco em ville, se ninguém pratica a modalidade na cidade. Política pública é meu grande trunfo para que eu possa deixar um legado para Santa Catarina e compartilhar este aprendizado que tive dentro do esporte.

A situação do Darlan Romani, catarinense que é atleta olímpico, mas precisou treinar fora do Estado serve como referência?

No caso dele, tínhamos obrigação como Estado, de ter um centro esportivo para ele. Por que a gente não pode pegar um cara desses e fazer um centro esportivo na região dele e ele ser o padrinho de um projeto até para desenvolver novos atletas? O que pudermos fazer parcerias, e nisso queremos trazer a iniciativa privada, porque tem gente que quer muito apoiar, mas não tem uma legislação que permita isso.

Como a experiência que você teve como atleta olímpico pode ajudar nessas parcerias?

Aproveitando todo esse relacionamento, foram três Olimpíadas jogando e outras três trabalhando, criamos relacionamentos. Abri a minha agenda, fui atrás destas parcerias, estamos fechando parceria com o Comitê Olímpico e outra com o Comitê Paralímpico para trazer eles para dentro do Estado. A ideia é que eles venham com a tecnologia de entendimento do que é realmente o esporte com gestão, qualificação. Melhoria de técnico, arbitragem, preparação física e saúde mental.

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