Medo, nervosismo e ansiedade: três palavras que descrevem os momentos que antecederam o anúncio da Seleção Brasileira de Flag Football para três atletas de Florianópolis. Elas foram convocadas para treinar com as melhores do país na última quarta-feira (28).

Karen Francine, Leisiliê da Silva e Vitória Pitz garantiram o nome na lista cobiçada por atletas de Flag Football de todo o país. Além delas, outras 23 meninas devem participar dos treinos que antecedem o Campeonato Sul-Americano, nos dias 19 e 20 de novembro.
As atletas representam a equipe feminina Desterro Atlantis, com sede na Capital. Essa não é a primeira vez que uma jogadora do time é convocada; Gabriela Bankhardt já faz parte da seleção desde 2018.
Para as três catarinenses, a convocação representa a realização de um sonho e celebra os anos de esforço dedicados ao esporte. Durante o anúncio, que aconteceu por meio de uma live no YouTube, foi praticamente impossível segurar a emoção.
“Eu assisti a convocação sozinha e quando ouvi os nossos nomes eu só consegui chorar de alegria e orgulho. Eu pensei: é real, a gente tá na seleção!”, lembra Karen.
“Eu sabia que teria Atlantis no meio daquela lista, era uma certeza, mas estava receosa, achando que não seria meu nome. Eu só conseguia chorar, de emoção de ter conquistado o que eu tanto desejei”, complementa Leisiliê.
O reconhecimento, no entanto, não é apenas das atletas. Elas ressaltaram que o apoio de toda a equipe, especialmente da comissão técnica, foi essencial para garantir a vaga na seleção.
“Sabemos do talento e capacidade das jogadoras do time e que várias tinham chance de conseguir uma vaga na seleção. Cada atleta e treinador teve sua influencia nesse resultado e não queremos parar por aqui”, destaca Vitória.
Ao ataque! 40o4o
Há seis anos, a então estudante de Jornalismo Leisiliê foi convidada por amigas para conhecer um esporte novo: o Flag Football. Ela se apaixonou já no primeiro treino e topou fazer parte do Desterro Atlantis, uma equipe recém formada.

Desde o início, Leisiliê queria ser quarterback, porém não tinha preparo físico para a posição.
“Meus lançamentos eram fracos, sentia muitas dores no braço, ficava toda travada… isso acabou me fazendo desistir e me dediquei a ser recebedora”, conta.
Trocar de posição acabou não dando certo. A atleta voltou à ideia inicial e decidiu que conseguiria se tornar quarterback. Leisiliê se preparou fisicamente, mudou a alimentação e intensificou os treinos.
Em 2019, chegou a ir sozinha para São Paulo treinar com os melhores nomes do esporte. As técnicas vivenciadas foram colocadas em prática no Desterro Atlantis, o que ajudou o time a ganhar campeonatos. Aliás, essa é a parte favorita da atleta.
“Eu amo competir porque em campo somos todos iguais. Esse jogo de estratégias é que me instiga a querer sempre melhorar. Ganha quem melhor se adapta, e quanto maior é o nível das competições, mais você precisa pensar e se desafiar pra vencer o adversário”, diz.
Leisiliê já disputou oito competições. Em 2022, ela e a equipe participaram da Superfinal da Copa do Brasil e conquistaram a 4ª colocação.
Reforço na defesa 6t3z1z
Diferente de Leisiliê, Vitória já entrou no Desterro Atlantis como atacante. Apesar de não saber nada sobre Flag Football, a atleta tinha curiosidade em tentar um esporte diferente e participou de uma seleção para a equipe em 2018.

O Flag conquistou Vitória já no primeiro treino. Logo que entrou no time, a atleta já começou a disputar campeonatos, porém depois de alguns jogos, decidiu trocar de posição.
“Durante a pandemia, tivemos uma grande perda de jogadoras. Eu sempre quis fazer defesa, então comecei a estudar e pedi para trocar de posição. No primeiro treino em campo pós-Covid, em dezembro de 2021, joguei na defesa e nunca mais parei”, conta Vitória.
Foi como defensora que a atleta conseguiu a vaga na seleção, assim como Karen, que entrou no Desterro Atlantis junto com Vitória, em 2018.
O carinho da equipe foi fundamental para fazer Karen se apaixonar pelo esporte. Para ela, já era uma responsabilidade grande representar Florianópolis em competições pelo Brasil, mas a camisa da seleção tem um peso ainda maior.

“Daqui para frente a dedicação só aumenta, com mais treino e estudo. Jogar com as melhores atletas do Brasil será uma experiência incrível e o foco para continuar vestindo a amarelinha por muito mais tempo será ainda maior”, comemora.
Sobre o Flag Football 384p3p
A modalidade é derivada do futebol americano. O objetivo é fazer a bola chegar até a zona final do território adversário para marcar pontos.
Os atletas não utilizam equipamentos de proteção, porque não há a mesma agressividade do futebol americano. As equipes não precisam derrubar os adversários no chão, mas sim retirar uma das fitas utilizadas na cintura.
Cada equipe tem quatro tentativas de marcar o touchdown. Se os atletas não conseguirem alcançar o meio do campo ou chegar ao final, perdem a posse de bola e a outra equipe ganha a chance de atacar.