O CEE-SC (Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina) é uma instituição com 60 anos e inúmeras contribuições à educação em Santa Catarina. Uma das mais recentes é a participação do conselho na reformulação curricular do novo ensino médio em Santa Catarina.
Felipe Felisbino é o vice-presidente do CEE-SC – Foto: Divulgação/NDNo prefácio da coletânea que celebra os 60 anos da entidade, o presidente do conselho, Osvaldir Ramos, destaca que a mudança “transforma o estudante em protagonista da sua aprendizagem a partir da escolha do seu percurso formativo.”
Vice-presidente do CEE-SC, Felipe Felisbino explicou, em entrevista ao ND, os desafios da implantação e como se deu a formatação do novo ensino médio no Estado.
Ele também ajuda a mensurar a qualidade do ensino médio catarinense em relação aos demais estados brasileiros. Confira!
ND: Qual a qualidade do ensino médio catarinense? 2s4a1f
Felipe Felisbino: Estamos entre os dez melhores resultados do Brasil referente a aprendizagem. A proposta catarinense do novo ensino médio tem os seguintes diferenciais: na formação geral básica, mantivemos todos os componentes curriculares em todas as séries, o que não ocorre em todos os estados; o itinerário formativo para a rede estadual é composto por: projeto de vida (nas três séries); componentes curriculares eletivos (por semestre nas três séries), trilhas de aprofundamento (oferta semestral na segunda e terceira série), e uma segunda língua estrangeira (ofertada nas três séries).
ND: Especificamente sobre o itinerário formativo, o que merece destaque? w3y5v
F.F.: O estudante de Santa Catarina cursará uma segunda língua estrangeira: espanhol, francês, alemão ou italiano; os componentes curriculares eletivos e as trilhas de aprofundamento são semestrais, permitindo maior diversificação do percurso formativo.
No mínimo, o estudante fará seis componentes e quatro trilhas. Além disso, teremos 25 opções de componentes curriculares eletivos e 25 de trilhas de aprofundamento de área do conhecimento ou integrada entre áreas.
ND: Como fica a carga horária dos alunos com o novo ensino médio? 6k4g29
F.F.: A proposta no Estado apresenta diferentes possibilidades de matrizes curriculares que, por sua vez, possuem cargas horárias diferenciadas. Há uma matriz com 1.000 horas anuais, totalizando as 3.000 horas mínimas.
Mas há matrizes com 1.100 ou 1.400 horas anuais. Cada unidade escolar ouviu a comunidade e escolheu a matriz que melhor respondesse aos seus anseios.
ND: De que forma o conselho enxerga a mudança? 2l476c
F.F.: A reforma está centrada no protagonismo do aluno e na construção de seu projeto de vida. Atualmente, a proposta curricular possui conteúdos obrigatórios nos três anos e 100% da carga horária com 13 disciplinas obrigatórias.
Agora, as disciplinas serão reunidas em quatro grandes áreas do conhecimento, com 60% da carga voltada a conteúdos obrigatórios, e 40% de percurso formativo flexível.
Novo ensino médio começa num contexto de transformação em que o celular também está na sala de aula – Foto: Leo Munhoz/NDO CEE-SC vê o novo ensino médio como uma perspectiva positivíssima, para o reposicionamento da etapa final da educação básica, e otimista, resgatando o ensino médio para o século 21.
As habilidades e competências socioemocionais – sendo o projeto de vida um importante representante – arão a ser muito mais estimuladas, fazendo parte de uma matriz curricular com 60% do tempo (de um total de 3.000 horas) dedicados à FGB (formação geral básica), comum a todos, e 40% dedicados a cinco itinerários formativos, podendo o aluno optar entre linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e sociais ou formação técnica e profissional.
ND: Quais os desafios da implementação do novo ensino médio com qualidade? 235u71
F.F.: É imprescindível que diretores, coordenadores e professores, atualizem-se. As escolas devem investir em tecnologia para oferecer infraestrutura. Isso inclui treinamento de professores e a oferta de ambientes na instituição que promovam a execução das etapas em cada ano letivo. Tem, ainda, o desafio do aumento da jornada escolar. É uma mudança significativa em relação à ampliação da carga horária de 800 horas para, no mínimo, 1.000 por ano, totalizando 3.000.
Eles aprendem utilizando os polegares e estudam pelos meios digitais – Foto: Leo Munhoz/NDA formação técnica e profissional também será desafiadora. Os estudantes devem escolher por trajetos que tenham a ver com seus anseios e aptidões. Para isso, é imprescindível que as escolas criem debates e orientem os alunos. O caminho é longo e cheio de obstáculos, por isso, é essencial se preparar e atuar para oferecer o sistema educativo previsto – esta é a nossa missão enquanto instituição reguladora.
