Visitas ao Museu do Homem do Sambaqui e ao Centro Cultural Continente, trilhas ecológicas, idas à praia e eios na Beira-Mar Norte são algumas das atividades que os estudantes da Educação de Jovens, Adultos (EJA) já realizaram em Florianópolis neste ano. Com a participação garantida em peças, apresentações musicais, cinema e saraus, as saídas vão além da aproximação com a arte.

O projeto Ocupa Floripa foi pensado com o objetivo de aproximar os estudantes dos espaços, entendendo que o pertencimento ao local é fundamental. Ocupar os espaços da cidade é uma das ações pedagógicas dos núcleos e polos, levando os estudantes a exercerem o direito à cidade.
As saídas ocorrem frequentemente. A sugestão pode partir dos estudantes ou dos professores, dependendo das pesquisas que estão sendo desenvolvidas. Em alguns casos, os convites podem ser direcionados para determinada turma ou grupo, já que cada unidade é responsável por escolher e colocar na agenda a próxima saída pedagógica.
A busca pelo direito à cidade e a bandeira de um lugar democrático estão presentes na abordagem da EJA – e existem alguns questionamentos que devem ser feitos.
“Tem uma barreira invisível na cidade. Esse espaço é gratuito, mas será que é para todos? O o é realmente democrático? É pensado para todos?”, indaga a coordenadora do núcleo Centro II, Vívian de Camargo Coronato.
O Ocupa Floripa proporciona a esses estudantes, na maioria das vezes, o primeiro o a esses espaços. “É o caso de muitos estudantes que nunca foram ao cinema, nunca foram ao teatro, nunca foram aos espetáculos de música. Alguns nunca foram à praia”, conta Vívian.
Além de proporcionar um momento diferenciado, apresentando outros aspectos de Florianópolis, os aprendizados também chegam à população, pelo menos para Fábio da Silva, 49. “Sair daqui para mostrar o nosso trabalho lá fora, a gente como estudante, é mostrar um mundo novo para aqueles que querem aprender.”
Após a saída, as experiências rendem análises e debates com toda a turma. O intuito é relembrar e discutir as sensações que foram vivenciadas em cada canto do município.
O meu primeiro amor 6t153x
“Eu sou a resistência da educação, minha trajetória tem luta e paixão, mergulhando no mar de sonhos eu vou, é a EJA o meu primeiro amor.” Esse é um trecho do samba da EJA (Povo da Noite), que foi cantado pelo Centro da cidade em maio, durante a primeira edição do CortEJA. A ação foi planejada pelos professores de música dos núcleos Centro II, Continente II e Maciço do Morro da Cruz.
O intuito era criar um cortejo festivo, mas que também fosse capaz de chamar a atenção para a educação, de mostrar para a população os direitos garantidos daqueles que querem aprender, independentemente da idade.
Para colocar o povo na rua, a primeira missão foi confeccionar instrumentos. Os estudantes participaram da oficina de percussão e fizeram um ensaio na arela Nego Quirido.
O CortEJA deu vida às ruas de Florianópolis em um sábado de manhã, com um roteiro que começou perto da Assembleia Legislativa de Santa Catarina e foi até o Museu de Florianópolis.
Além de dar visibilidade e aproximar a arte, por meio da música, a data é importante para Jandeilson de Jesus Ferreira. O jovem estava na região quando viu uma turma ando. Curioso, decidiu seguir para saber o que era. O final da história? Agora ele também é um estudante.
“Eu andei, andei, querendo encostar e pensando: ‘eu vou lá’. Eu conversei com a moça, que não conhecia, e falei como conseguiria entrar na EJA. Ela conseguiu um papel”, conta o estudante, que já está frequentando o núcleo Centro II.
Por já tocar pandeiro e violão, a socialização começou antes de entrar na sala de aula. O bloco cantou alguns sambas, dançando e apresentando a Educação de Jovens e Adultos para aqueles que ainda não conheciam.
Florianópolis também é afro! 462e4u
Florianópolis é composta por diferentes povos. Muitas vezes, essa história não aparece nos livros: são contadas a partir de uma ótica branca.
Florianópolis tem em sua constituição povos descendentes de africanos, indígenas e europeus que se apresentam nos territórios, nos seus modos de ser e viver no mundo.
É possível identificar essas presenças em espaços como a Igreja do Rosário, a Escadaria, o Largo da Alfândega, o Miramar, entre outros. A saída do roteiro afro possibilita recontar a história por outra ótica.