Você já falou sobre algo que quer comprar com alguém da sua família e, quando abre o celular, aparecem anúncios do tal produto? Ou, quando viaja para algum lugar, você sente que anúncios de lojas daquela cidade que você nunca visitou começam a aparecer para você?
Dependendo do que você faz e das autorizações que você dá ao celular e aos aplicativos que você baixa, é possível saber algumas coisas, como sua localização e o que você fala e faz.

Uma escala maior dessa ideia já foi até tema de filmes de heróis. Por exemplo, em “Capitão América 2: O Soldado Invernal”, um dos planos dos vilões do filme (que, no caso, estão infiltrados no governo) envolve o rastreamento de pessoas pelas atividades que elas exercem na internet — sem mais detalhes para não dar spoiler.
Segurança e privacidade 4to4z
É um assunto complexo. As big techs tentam convencer de que tudo é sobre segurança ou melhorar a experiência do usuário. Porém, isso também é usado para vendas e anúncios, mais uma forma como essas empresas ganham dinheiro.
Uma anedota cada vez mais popular é “o Google conhece você mais do que você mesmo”. Não é exclusividade do Google — muitas empresas usam informações de seus usuários para vender.
Por isso, cada vez mais governos no mundo se mobilizam para estabelecer limites sobre o que essas empresas podem fazer com os seus dados. Em agosto de 2018, o Brasil instituiu a famosa LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), seguindo os modelos mundiais como exemplo. Não à toa, de lá para cá, a maioria dos sites que amos pede permissão para o uso de cookies e rastreadores.
São questões que devem ser pensadas, mas o público muitas vezes fica de fora do debate e, pela praticidade, acaba liberando suas informações conforme os aplicativos e sites pedem.
Permitir localização ou não? 3q1a6s
Essa é uma pergunta que todo mundo se fala e a resposta é: depende. Não é algo simples de se dizer, pois temos que analisar sempre o custo-benefício dessa escolha. Os aplicativos de mapa e GPS, por exemplo, são ferramentas essenciais nos dias de hoje e, para usá-los, é preciso liberar a localização do celular.
Outro exemplo básico de localização são os aplicativos de transporte, particular ou público, que precisam também dessa liberação. Os de corrida e ciclismo de rua, idem. Porém, uma calculadora definitivamente não usa a sua localização, então é para esses casos que deve estar voltada a nossa atenção.
Há opções no próprio celular para você conferir quais aplicativos usam a localização. Pode variar de aparelho para aparelho, mas o caminho básico é: configurações > aplicativos > permissões de aplicativos > localização. Nesse local, você vai poder gerenciar as opções e aí começam as escolhas.
Alguns aplicativos, como o Instagram, perdem algumas funções menos importantes sem essa permissão. Você não consegue marcar locais das fotos, por exemplo.
Outro aplicativo que usa isso como entretenimento é o Google Maps, que salva seu histórico de trajetos e mostra por quais locais você esteve nas datas específicas. É divertido para lembrar de uma viagem que você fez ou ver os lugares que você mais frequenta, mas talvez não valha a sua privacidade.
Liberar para sua segurança 1r5i1l

Tem casos específicos em que liberar a localização pode salvar sua vida, como aconteceu com Ricardo Medeiros. Ele estava há nove anos aguardando um transplante de rim e, em setembro de 2023, recebeu o aviso de que acharam um órgão compatível.
Porém, ele estava em uma trilha na Serra do Rio de Janeiro, a 2,2 mil metros de altitude, e ter essa comunicação foi o que permitiu que os bombeiros pudessem quebrar protocolos e ir resgatá-lo de helicóptero para levá-lo ao hospital, sendo a primeira vez que essa tecnologia levou a um episódio neste estilo.
Em outros casos, a localização pode ajudar a recuperar um celular perdido ou furtado, por exemplo, com o sistema antifurto, que tende a ser mais discreto e não usar seus dados para vendas ou anúncios.
A tecnologia de rastreamento geralmente se vale da internet estar conectada, porém, a Samsung conseguiu fazer um tipo de rastreamento sem internet que lembra filmes de espionagem. Alguns dos modelos mais novos têm um tipo de comunicação entre eles e, mesmo que você perca seu celular sem internet, outros aparelhos da linha te ajudam a encontrá-lo, quase como um sonar.
O fato é que as escolhas de liberar ou não a localização depende dos benefícios que os aplicativos oferecem e se você acha que vale a pena liberar essa informação. Muitas vezes se coloca o embate como uma escolha: privacidade ou segurança.
Mas sabemos que a tecnologia já avançou o suficiente para termos privacidade E segurança. A questão é: quem ganha e quem perde com isso?