A participação da família na escola ficou prejudicada ao longo do período de restrições da pandemia causada pela Covid-19. Ainda por conta disso, a Secretaria de Educação de Navegantes vem realizando um movimento de reaproximação dos pais e escola para acompanhar as atividades feitas pelas crianças e adolescentes nas unidades educativas, promovendo essa circulação da comunidade novamente nos espaços escolares.

Em outubro, o “Sábado Letivo” – promovido pela Rede Municipal de Ensino de Navegantes – levou as famílias para dentro das escolas para conhecer as propostas pedagógicas e visitar mostras educativas que ocorreram em várias unidades. O Centro Educacional Municipal (CEM) Professora Maria Hostin da Costa, por exemplo, promoveu uma gincana com cunho sustentável, recreativo e social e é sobre isso que vamos contar nesta edição.
Do lixo ao luxo 2i4t3b
Tudo começou no Dia do Estudante, 11 de agosto, quando a gincana foi proposta no CEM Professora Maria Hostin da Costa. A cada semana um desafio novo surgia com as equipes.
Para a diretora Márcia de Oliveira, que está há cinco anos na escola, a palavra que resume a gincana é integração. “O grito de guerra das equipes, a interação, movimento de ver pais participando, correndo e interagindo. Gratificante por conta da arrecadação solidária, que será destinada para a própria comunidade escolar. Eles saíram no comércio pedindo alimentos”, relembra.
A escola já arrecadou 69 cestas básicas e várias latinhas que serão vendidas. A vencedora da gincana, após totalização de pontos de todas as etapas, foi a “Equipe Vermelha”.
O prêmio será um eio no final do ano custeado com a venda de todas as latinhas e de outras que ainda estão sendo recolhidas. “Eles entenderam que o lixo virou dinheiro para custear o eio deles”, ressalta a diretora.
Houve também a plantação de mudas de árvores, a quaresmeira, que é uma espécie nativa da região e leva até dois anos para florescer. “Cada equipe tinha que plantar uma árvore, e 12 mudas foram plantadas, no Dia da Árvore, em 21 de setembro”, detalha Márcia.
Uma ação social também foi o acolhimento de meninas carentes com a distribuição de absorventes com a arrecadação no local que foi realizada. Todos os funcionários estavam envolvidos, além dos agentes de limpeza, de serviços gerais e até o vigia da escola.
Tal pai, tal filho 3y5q35
As equipes da gincana eram compostas por três turmas, mesclando anos iniciais e finais, e também por funcionários da unidade. A mãe de Lydia Deluca, Scheila Adriana Deluca, avalia que a competição foi muito especial.
“A alegria dos alunos de estarem junto com os pais, o pai jogando vôlei, a mãe na corrida do saco. É um retorno à infância que se perdeu ao longo do tempo, e isso precisa ser resgatado. O trabalho da educação caminha junto com a família, com os pais.”
Na visão de Scheila, com esse movimento da escola, a filha ou a demonstrar mais animação em estar na unidade. “Ela vinha mais empolgada, com a curiosidade de saber o que seria lançado naquela semana sobre a gincana. Confeccionaram cartazes, fizeram bandeiras da equipe, envolveram professores de artes e educação física”, finaliza.
Dagmar Maria Gonzaga Kalbush, mãe de Heloiza Gonzaga, achou o movimento da gincana uma empolgação contagiante. “Não tinha como não se envolver, pois elas chegavam da escola contando tudo que tinha acontecido a respeito das tarefas da gincana, mandando mensagem para família toda ajudar a arrecadar”, comenta.
Já Juliana Santos Couto, mãe de Helena Couto Querino, parabenizou a iniciativa da escola.
“O meu sentimento como mãe é de gratidão pelo projeto da gincana envolver as crianças de várias idades e turmas diferenciadas, que ajudou as famílias carentes da comunidade com a arrecadação de alimentos. A elaboração de projetos escolares, com a participação da família e da comunidade, é rica em compartilhamento de vivência, permite o diálogo e divide a responsabilidade, fortalecendo a relação entre pais, filhos e professores, facilitando a integração da criança na instituição de ensino”, avalia.
Rafael Dorti Costiche, pai de Rafaela André Costiche, sabe a dificuldade que é levantar donativos como cesta básica para ajudar a população. Ele é presidente da Associação de Moradores Porto das Balsas e acredita que a ação foi um marco para a vida das crianças.
“Por onde ela for, se não tiver essa interação, vai fazer falta. As ações aproximam mais as pessoas, não só a parte social entre escola e comunidade, mas também entre os próprios alunos. Com essas ações acabam caindo essas barreiras.”
Miss Literatura e Princesa Literária 8254a
Uma das fases da gincana foi o desafio de cada equipe de criar um produto com material reciclado: teve quem elaborou cachepô com tampinhas de garrafa pet. Outra etapa foi a eleição presencial para escolher o melhor trabalho, trazendo o maior número de pessoas para votar nos projetos desenvolvidos pelo time, em um formato semelhante ao da votação eletrônica, estimulando também a participação e a cidadania. Cerca de 800 pessoas aram pela escola, estima a diretora Márcia.
Estímulo à leitura 4a2f5k
Numa atividade de estímulo à leitura, desenvolvida na disciplina de Língua Portuguesa, com a professora Zilda Lira, as estudantes Ana Luiza e Lydia Deluca leram o maior número de livros e apresentaram o maior número de resumos literários. Lydia ficou em segundo lugar e ganhou o título de Princesa Literária.
A coroa de Miss Literatura foi para Ana Luiza, apreciadora de diversos gêneros literários. “Eu leio os livros que a minha amiga Lydia me empresta, romances, aventura. Pego da biblioteca, peço para o meu pai comprar livros também. E todo dia eu leio alguma coisa”, relata a aluna, que, assim como a amiga, recebeu de prêmio um buquê de livros.
A professora Zilda Lira conta que a integração do projeto literário com a gincana trouxe os personagens clássicos da literatura direto das páginas dos livros para a vida real.
“Os alunos vieram caracterizados de personagens na cor vermelha, como é o Chapeuzinho Vermelho, Saci, Pirata, Capitão Gancho, a Minnie, caracterizando a cor vermelha, e isso foi uma ideia para decorar e chamar atenção, com fantasias improvisadas. Tivemos a premiação do projeto literário no meio da gincana, reconhecendo o trabalho das alunas, e foram realizadas maquetes com relação aos livros que foram lidos”, detalha a professora.
A aluna Rayssa Pereira está no 9º ano e não poderia encontrar melhor forma de encerrar o Ensino Fundamental: ela fez parte do time vermelho, que venceu a gincana.
“Foi algo muito marcante, ainda mais porque eu sempre gostei e fui muito competitiva, sempre participei das gincanas da escola. Vim caracterizada de Chapeuzinho Vermelho, e as crianças vinham interagir comigo. A turma estava muito unida e isso ajudou bastante. Para mim é um pouco triste estar me despedindo da escola, é uma segunda família, fechando com chave de ouro, como integrante da equipe vencedora, para poder viajar no final do ano”, relata.
Gestão escolar e participação familiar 59301s
O prefeito de Navegantes, Liba Fronza, avaliou que o “Sábado Letivo” é um momento diferenciado por integrar a comunidade escolar.
“Os alunos, professores e agentes de educação têm trazido a família para dentro da escola, o que contribui para o desenvolvimento desse relacionamento entre professores e pais, além da integração, em que os pais acabam tendo um momento mais próximo dos filhos. A gente realiza gincanas e proporciona brinquedos e brincadeiras dentro das escolas para que haja integração e proximidade”, declara.
A secretária de Educação de Navegantes, Patrícia Duarte Cidral, confirma que a ideia do “Sábado Letivo” é que seja um momento diferente, com atividades em todas as escolas municipais.
“É um dia que traz a família para dentro da escola, compartilhando momentos, interagindo com os professores, alunos, funcionários e familiares. E tem sido um sucesso, pois as famílias têm aderido e estamos programando para o próximo ano esse dia diferente nas escolas”, finaliza.