Você sabia que o Brasil está entre os países com as leis mais avançadas sobre inclusão de pessoas com deficiências (PCDs)? A lei de cotas para PCDs, por exemplo, completa 30 anos em 2023.
Mas a execução dessas leis está defasada e mudar o mundo para que todas as pessoas tenham autonomia de executar tarefas simples e complexas é o grande desafio. A inclusão digital é uma das ferramentas para avançar nesta luta.

Como conta o psicólogo e jornalista Vinicius Schmidt, consultor de inclusão e criador da página “Sobre PCD”, a partir de 1970 surge o modelo Social de Deficiência, em contraponto ao modelo médico em que a premissa é: em vez de tentar mudar o corpo da pessoa com deficiência (modelo médico), criar alternativas no ambiente para essas pessoas.
E, para os ambientes estarem mais íveis, as pessoas sem deficiência também devem ser mais íveis.
– Hand Talk 316h5y
A opção mais conhecida para auxiliar na língua brasileira de sinais (Libras) é o aplicativo chamado Hand Talk. Há mais de dez anos no mercado, esse aplicativo utiliza dois avatares, o Hugo e a Maya, para auxiliar pessoas e empresas a se comunicarem via Libras.
Diversas empresas de renome no mercado usam o serviço em seus sites e aplicativos, mas no dia a dia o Hand Talk também pode ser uma opção. O usuário tem a opção de se comunicar por texto, fala ou escolha de palavras-chave no dicionário do aplicativo para que um dos intérpretes faça a tradução.
– PictoTEA 3v2pa
Outro aplicativo que trabalha com a comunicação é o PictoTEA, porém, como o próprio nome sugere, é voltado para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) por meio de imagens desenhadas (o prefixo picto). Com diversas imagens do dia a dia e em cinco níveis diferentes, a pessoa pode se comunicar indicando as figuras.
No nível 1, por exemplo, figuras simples relacionadas às necessidades básicas, como água, comida, banheiro etc. Conforme o nível avança, as possibilidades ficam mais complexas. Como no nível 3, em que começam a entrar as emoções mais simples, e no nível 5, no qual frases completas são formadas para auxiliar na comunicação e aprendizado da comunicação pelo aluno.
– Expressia 2b3o6b
Mais um aplicativo de comunicação cognitiva é o Expressia, criação brasileira que tem diversas opções de personalização. Tem a versão gratuita – que já permite várias possibilidades aos usuários – e as versões pagas, voltadas aos profissionais que forem utilizar a ferramenta. O método do aplicativo é semelhante ao do PictoTEA, mas permite mais possibilidades com a personalização dos conteúdos.
Audiolivros para todos 4h256l
Aqui vamos indicar três dicas de aplicativos com audiolivros. Esses não foram criados para pessoas com deficiência visual, mas são uma ferramenta importante de inclusão para quem quer conhecer grandes obras da literatura.
O primeiro é o Librivox, que é totalmente gratuito por ser todo com obras de domínio público. Apesar de ter o foco em obras americanas, tem também diversos livros históricos de autores da língua portuguesa, como Euclides da Cunha e Eça de Queiroz.
Outras opções que conversam mais com as obras atuais são aplicativos pagos, mas que disponibilizam alguns audiolivros de graça. São os casos do Ubook e do Tocalivros. São centenas de milhares de títulos em cada um desses aplicativos na sua versão paga. Ainda assim, alguns livros são gratuitos.
Lendo o mundo pelos aplicativos 4v2ah
Mais uma dica tripla para as pessoas com deficiência visual, mas desta vez para ler o mundo. Dois deles são o Envision AI (para Android) e o Seeing AI (para iPhone), aplicativos que utilizam a câmera para identificar imagens e traduzi-las em falas.
Os aplicativos leem objetos, textos curtos à mão, notas de dinheiro, embalagens pelo código de barras, descrevem pessoas, entre outras coisas.
Outro aplicativo que utiliza colaboradores voluntários é o Be My Eyes (em tradução literal “seja meus olhos”), que é justamente o que o nome diz: a pessoa aciona o aplicativo e entra em contato com algum voluntário disponível por meio de videochamada.
Ao apontar a câmera do celular para o que quer identificar, o voluntário descreve o objeto e ajuda a pessoa com deficiência a executar a tarefa. Um modo prático e direto de conectar pessoas para se auxiliarem no dia a dia.