A UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) publicou na noite de segunda-feira (27) uma nota do Comando Local de Greve que reafirma a continuidade da paralisação dos professores, mesmo após o sindicato Apufsc ter anunciado o fim da greve.

Os docentes contestam a decisão da Apufsc-Sindical, que representa a categoria.
Os filiados à entidade votaram por aceitar o acordo com o governo federal e acabar com a greve na sexta-feira (24).
Em uma votação acirrada com 1.505 professores, 767 (51%) escolheram o fim da paralisação, enquanto 717 (48%) votaram contra e 21 em branco. O movimento na universidade foi deflagrado em 7 de maio.

O Comando Local de Greve argumenta que a deliberação não teve legitimidade por contar somente com os docentes filiados à Apufsc-Sindical e não a categoria inteira.
“Por ser a greve um direito não exclusivo de sindicalizados, somente a Assembleia Permanente de Greve, que garante a participação de toda a categoria docente, tem legitimidade e legalidade para deliberar sobre a continuidade ou não da greve e sobre a aceitação ou recusa de propostas e de acordos”, afirmaram em nota.

No dia 20 de maio, uma assembleia permanente de greve com 344 professores aprovou por unanimidade a rejeição da proposta do governo. Os grevistas também defenderam que o sindicato nacional Proifes não poderia o acordo em nome dos docentes da UFSC.
A paralisação dos professores, portanto, segue por tempo indeterminado. O Comando Local de Greve alega que essa é a posição oficial, em vez da decisão tomada somente pelos sindicalizados.

“O encaminhamento de uma votação eletrônica pela diretoria da Apufsc-Sindical, de maneira autoritária e anti-estatutária, pois não a submeteu à própria Assembleia Extraordinária que tinha convocado, para aceitar a proposta do governo e sair da greve, foi mais uma demonstração da irresponsabilidade e descaso da diretoria com a Universidade pública brasileira”, criticaram os grevistas.
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O Comando Local de Greve foi formado em 10 de maio por uma assembleia da própria Apufsc-Sindical, que delegou aos eleitos a condução de todos os assuntos referentes à mobilização dos professores na UFSC.
Na terça-feira (28) o Conselho Universitário da universidade deve se reunir em uma sessão extraordinária para debater a suspensão do calendário acadêmico.
Professores da UFSC divergem sobre proposta do governo 2h4k3h
Enquanto a votação divulgada pelo sindicato em 24 de maio decidiu aceitar o acordo, a assembleia do Comando Local no dia 20 já havia deliberado a rejeição da proposta e manutenção da greve.

O acordo com o governo federal foi assinado na segunda-feira (27) pelo Proifes-Federação, entidade à qual o sindicato local é filiado.
O presidente da Apufsc José Guadalupe Fletes participou do ato de em Brasília.
O Comando Local de Greve, porém, afirma que o Proifes não foi autorizado a o acordo em nome dos professores da instituição, conforme decisão da assembleia de 20 de maio.
Os grevistas rejeitaram a proposta apresentada pelo governo federal no dia 15, que manteve o reajuste zero para a categoria em 2024. Eles exigem uma correção de 22,71% a ser paga até 2026.

O acordo assinado pelo Proifes na segunda-feira prevê um reajuste de 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026. O aumento seria de 13,6% para aqueles com salários mais altos e de até 31% para os mais baixos.
A proposta também inclui uma reestruturação na progressão entre os diferentes níveis da carreira docente. O movimento nacional, no entanto, criticou a exclusão dos aposentados e a falta de recomposição do orçamento das instituições federais.
“O governo respondeu parcialmente, e de forma insuficiente, a apenas dois itens da nossa pauta, em relação ao reajuste salarial e aspectos da carreira, sem apresentação de termo de acordo”, apontou o Comando Local de Greve em nota.

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos alega falta de espaço orçamentário. Além disso, os representantes da pasta afirmaram que essa é a última oferta durante a mesa de negociação em 15 de maio.
“Por fim, a greve nacional da categoria docente segue – em âmbito nacional e local – e a grande maioria das assembleias de docentes das Instituições Federais de Ensino está rejeitando a proposta do governo e indicando a continuidade da greve”, definiram os professores da UFSC.
“A força da nossa mobilização é fundamental para pressionar o governo a negociar os pontos da pauta de reivindicações não atendidos, em especial a recomposição do orçamento das Universidades”, completaram.