Adequações físicas nas escolas, formação continuada de professores para o novo formato, diálogo constante com as famílias e comunidades, e a preservação da qualidade pedagógica diante do aumento da carga horária.
São José precisa avançar na oferta do ensino integral em creches e escolas – Foto: Germano Rorato/NDEsses são os maiores, mas não os únicos desafios da transição para o ensino integral em São José, segundo a própria prefeitura.
Em 2025, mais de 23 mil estudantes, entre a educação infantil e o ensino fundamental, retornaram às aulas, porém, o município ainda dá os primeiros os no ensino integral.
Considerando educação fundamental, infantil e vagas integrais em escolas conveniadas e instituições filantrópicas, aproximadamente 5.300 alunos am escola ou creche de manhã e de tarde.
De acordo com a prefeitura, a ampliação mais robusta do ensino em tempo integral demanda investimentos significativos, tanto em infraestrutura, quanto em recursos humanos.
O município menciona esforços recentes para aumentar a oferta, como a inauguração do CEI Rosângela Regina de Oliveira Caldas e a reforma em unidades como o CEM Jardim Solemar, além da construção do complexo educacional do José Nitro.
Para garantir a qualidade do atendimento, porém, reconhece que é fundamental ampliar a contratação de professores e equipes pedagógicas.
A gestão do prefeito Orvino frisou que estabeleceu como meta a ampliação progressiva das vagas em tempo integral e que novas unidades são planejadas estrategicamente, priorizando áreas de maior vulnerabilidade social.
No ensino fundamental, até o ano ado, a cidade tinha seis unidades com tempo integral, agora são 10. Com isso, foi possível sair de 945 para 1.145 alunos beneficiados em 47 turmas.
No caso dos CEIs (Centros de Educação Infantil), são 2.130 alunos em tempo integral, número superior aos 1.962 registrados no ano ado (aumento de 8,5%).
Dos 41 CEIs, 37 disponibilizam atendimento integral. Além da rede municipal, o ensino integral também está nas parcerias e convênios.
São José credencia instituições privadas para oferta de vagas em creches e, neste ano, começou a ofertar em período integral.
Hoje, são 324 matrículas em período integral em sete escolas parceiras. Nas oito instituições filantrópicas conveniadas, são 1.746 vagas em período integral, em creches e pré-escolas.
Conforme a prefeitura, as parcerias com instituições privadas e filantrópicas podem ajudar a ampliar as vagas do ensino integral:
“A expansão desses convênios é vista como uma estratégia eficiente para acelerar o processo de universalização do ensino em tempo integral, especialmente em regiões com maior demanda”.
Professor sênior da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e presidente do conselho municipal de educação de Florianópolis, Neri dos Santos é um defensor da educação em tempo integral, que considera fundamental para o desenvolvimento da cidade e argumenta que é preciso mais adesão ao modelo.
“Algumas famílias não gostam, querem que o filho estude de manhã e à tarde fique em casa. Quando falamos em tempo integral, não significa 100% do tempo em sala de aula, mas fazendo atividades artísticas, artes plásticas, cênicas, musicais, a parte desportiva. Quando temos crianças em tempo integral na escola, formamos melhores cidadãos”, salientou, destacando ainda a importância da educação digital para o futuro desses estudantes.
Ideb avança, mas aquém do período pré-pandemia 3f63e
Conforme o vice-prefeito de São José, Michel Schlemper, a educação foi uma das áreas mais prejudicadas pela pandemia da Covid-19. Em relação ao Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), indicador do governo federal para medir a qualidade da educação básica, a nota de São José é 6.4 nas séries iniciais (1º ao 5º ano) e 5.5 nos anos finais (6º ao 9º ano).
Antes da pandemia, a nota era 7,0 nos anos iniciais e 5,8 nos anos finais. Questionada sobre a estratégia para retomar números melhores, a prefeitura disse que o plano de ação estratégico do município contém seis eixos, entre eles, diagnóstico educacional, que foca na análise detalhada da realidade das escolas, com base em dados pedagógicos e de desempenho.
O eixo reforço escolar e apoio pedagógico diz respeito à ampliação de estratégias para garantir a aprendizagem efetiva de todos os alunos.
Já o eixo uso de tecnologias educacionais visa à incorporação de ferramentas digitais que apoiem o ensino e otimizem a gestão escolar.
Para Schlemper, o maior desafio para o futuro da educação no município vai ser a Inteligência Artificial. Ele quer saber como as redes de ensino e a educação de forma geral vão conciliar o ensino e essas ferramentas para as crianças.
“Para nós, adultos, a Inteligência Artificial ajuda muito, mas para uma criança, que está sendo preparada, pode ser algo perigoso, um atalho para dificultar a formação”, ponderou o vice-prefeito.
“Talvez a Inteligência Artificial seja um dos grandes desafios para os nossos professores, pedagogos, coordenadores e grupos. É preciso ver de que maneira as redes de ensino vão lidar com essa questão”, completou.
