Muitas décadas antes de termos as plataformas de streaming e um o magicamente fácil às canções, um gênero musical surgiu como uma grande mistura de estilos, ritmos e movimentos culturais. Foi na década de 1960, após a explosão da bossa nova, que a MPB (música popular brasileira) começou a se consolidar como referência e algo que viria a se perpetuar.

A sigla surgiu em 1965, e é em outubro, mais precisamente no dia 17, que comemoramos o Dia Nacional da Música Popular Brasileira. Mesmo sendo comumente chamada de gênero musical, a Música Popular Brasileira também traz debates em torno disso.
Apesar do nome, ela não enquadra necessariamente todas as músicas que se tornaram populares no Brasil, assim como não engloba exatamente um único estilo de produção, estrutura ou sonoridade.
Bastante associada ao violão, a Musica Popular Brasileira também abrange clássicos do samba ou rock brasileiro. Em certo momento, houve até discussões sobre como a guitarra poderia destoar do gênero.
No fim das contas, representou um novo conceito de música nacional ao abraçar uma grande diversidade e transitar entre gêneros e décadas. A relação com a ditadura e a Era dos Festivais, que promoveram fortemente esse tipo de música nos anos 1960 e 1970, deu significado à MPB.
Foi nessa época que os maiores nomes do gênero fizeram história, muitas vezes batendo de frente contra a censura e fomentando a cultura nacional. Conheça seis sucessos da MPB cantados por vozes que marcaram o gênero:
Aquele Abraço, de Gilberto Gil 1m5g2d
“Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço”
Natural de Salvador, na Bahia, o artista é um dos nomes mais associados à Música Popular Brasileira. Foi ele, inclusive, que escreveu e cantou a música-tema do “Sítio do Picapau Amarelo”, em 1977.
Já “Aquele Abraço” foi concebida logo após Gil receber a informação de que teria que deixar o país, por causa da ditadura, e foi lançada em um show de despedida, em 1969.
Como Nossos Pais, de Elis Regina 33e18

“Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”
A canção foi escrita e gravada primeiro por Belchior, que quis criar uma música “ácida, um pouco amarga e reflexiva” sobre as frequentes mudanças do jovem “na era da comunicação”.
Foi a versão de Elis Regina, lançada também em 1976, que mais estourou e acabou encantando multidões. A artista apresentou a faixa primeiramente em um show próprio e foi aplaudida de pé.
Alegria, Alegria, de Caetano Veloso 1b4h29
“Caminhando contra o vento, sem lenço, sem documento”
Foi com essa canção que Caetano se apresentou no 3º Festival da Canção da Record, em 1967, junto com o grupo Beat Boys, formado por artistas argentinos.
A música foi um marco do tropicalismo, trazendo uma letra que fala sobre caminhar “contra o vento”, uma referência direta à ditadura.
Travessia, de Milton Nascimento 6d533r
“Eu não quero mais a morte, tenho muito o que viver”
Com uma letra tomada pela tristeza e frustração, “Travessia” é um dos maiores sucessos do artista carioca, criado em Minas Gerais.
Ela fala sobre o difícil período após o fim de um amor, e seu título é inspirado no livro “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa. A faixa teve seu lançamento em 1967, no primeiro álbum de Milton.
Baby, de Gal Costa 51472k
“Você precisa, você precisa, você precisa… Não sei, leia na minha camisa”
Parceira de Gilberto Gil e Maria Bethânia no grupo Doces Bárbaros, Gal canta sobre a cultura de massa nessa faixa que bem simboliza muitas das pressões do fim dos anos 1960.
Além de abordar a necessidade de ter e saber sobre tantas coisas, a artista traz confissões de amor amarradas ao consumismo.
Construção, de Chico Buarque 4d2lk

“Agonizou no meio do eio náufrago, morreu na contramão atrapalhando o público”
Escolhida como a maior música brasileira de todos os tempos pela conceituada revista Rolling Stone, “Construção” narra o dia de um operário, que sai de casa, trabalha como se fosse máquina e acaba tendo um fim trágico.
A letra surgiu após o exílio de Chico na Itália e traz críticas, de forma indireta, tanto ao sistema quanto ao governo.
E a lista continua… 7501r
Nomes como Geraldo Vandré e Maria Bethânia também deram voz a sucessos da Música Popular Brasileira, como “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores” e “Não Dá Mais Pra Segurar (Explode Coração)”, respectivamente. Essa última foi escrita por Gonzaguinha, outro nome marcante do gênero.
Já Vinicius de Moraes lançou, em 1970, a inesquecível “Eu Sei que Vou Te Amar”, que compôs com Tom Jobim.
A versatilidade da Música Popular Brasileira também incorpora artistas como Cássia Eller, que canta “Malandragem” e tem o pé no rock, e a banda Demônios da Garoa, com seu sucesso “Trem das Onze” e muito samba na veia.
Colaborações icônicas e atemporais 6b5i5p
- Águas de Março – Elis Regina e Tom Jobim
- Domingo no Parque – Gilberto Gil e Os Mutantes
- Garota de Ipanema – Tom Jobim e Vinicius de Moraes