O cooperativismo em Santa Catarina é diverso e começou a mirar destinos internacionais. Em visita ao Grupo ND ontem, Vanir Zanatta, presidente da OCESC (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina), falou sobre como gargalos do Estado podem se tornar oportunidades para crescimento por meio do cooperativismo.

Em abril, a entidade elegeu Vanir como o novo presidente para o mandato de 2024/2027. Durante a visita, ele explicou que o cooperativismo em Santa Catarina vai muito além do agronegócio e do crédito. Ao todo, são sete ramos no Estado: agropecuário; consumo; crédito; infraestrutura; saúde; trabalho, produção e serviços e transporte.
O sucesso do cooperativismo em Santa Catarina 5e5h
Das 249 cooperativas catarinenses, 34 estão na Grande Florianópolis, 66 no Oeste, 50 no Sul, 25 na Serra, 36 no Norte e 38 na região do Vale. A diversidade do cooperativismo faz com que Santa Catarina tenha mais de 50% da população associada a algum tipo de cooperativa, cerca de 4,2 milhões. Só em 2023, 370 pessoas ingressaram em algum tipo de cooperativa, um crescimento de 9,6%.
Foram 7 mil novos postos de trabalho criados no ano ado, que se somaram aos mais de 93,5 mil empregos diretos gerados em Santa Catarina.
Apenas em receita, foram R$ 85,3 bilhões, um crescimento de 3,7%, acima da expansão do PIB (produto interno bruto) brasileiro no período, de 2,9%. Sobre esse valor, foram R$ 3,4 bi de impostos, revertidos para creches, hospitais, estradas e segurança, por exemplo.
Em sua visita ao Grupo ND, Vanir falou sobre a diversidade do cooperativismo, sobre o mercado em Santa Catarina, refletiu sobre os gargalos do Estado e falou sobre a meta de expandir internacionalmente.
Entrevista completa com Vanir Zanatta, presidente da OCESC 193028
- Além do agronegócio, quais outros setores prosperam em Santa Catarina por meio do cooperativismo?
“O sistema OCESC trabalha com sete ramos do cooperativismo, são 249 cooperativas registradas e todos os setores são importantes. O crédito é o ramo que mais tem associados, o agro o que tem uma potência maior de faturamento. Isso faz o cooperativismo catarinense ser o mais diversificado e o estado mais cooperativista do Brasil, mais de 50% da nossa população já é associada a uma cooperativa em todos os nossos sete ramos e isso nos dá uma certeza de que Santa Catarina é bastante associativa e cooperativa.” - De onde veio a afinidade do catarinense com o cooperativismo?
“A educação que temos, talvez herança dos europeus, fez com que o nosso Estado desenvolvesse muito esse lado cooperativista. Além disso, uma cooperativa só nasce por conta de uma necessidade e faz com que as pessoas tentem resolver os seus gargalos juntos. Assim, eles formam uma cooperativa”, reflete. - Qual é o gargalo do sistema cooperativista catarinense hoje?
“A infraestrutura. Nós precisamos ajustar a infraestrutura catarinense. Por exemplo, o Estado de São Paulo tem estradas melhores e, com isso, uma logística mais ajustada e mais rápida. Se nós tivéssemos isso eu acho que o nosso Estado cresceria muito. Não deixa de ser uma oportunidade, assim que nós resolvermos isso, o nosso estado cresce. Além disso, o governo tem que fazer a sua parte. Nós gostamos de ter governo, mas um que fique como um juiz de futebol, que quanto menos aparece é o que melhor acontece”, exemplifica. - Como o sistema cooperativista pode aproveitar o mercado internacional?
“Tem essa possibilidade, claro. Gostaríamos muito que até o final do mandato dos quatro anos que a gente se comprometeu a ficar na OCESC o nosso sistema tivesse alguma cooperativa com uma filial lá fora. Porque outros países vêm para o Brasil e abrem tem várias cooperativas de outros países, tem filiais aqui. Nós estamos ainda crescendo horizontalmente, temos que crescer agora para outros países, para que a gente também coloque uma semente e vá trabalhando, aprendendo e desenvolvendo esse lado internacional. Santa Catarina é um estado e o mundo é muito maior. Nós podemos crescer junto a eles. O nosso trabalho é tão bom quanto o deles ou melhor”, fala.