Falar sobre mulheres pretas tem me incentivado todos os dias a ser alguém melhor e maior. Até porque a população negra nos últimos anos tem superado barreiras para conseguir inspirar pessoas a continuarem fazendo o seu trabalho, seja ele de qual área for. Apesar de manterem um negócio e a visão do capitalismo permear a conduta delas, o que elas fazem ultraa a esfera econômica e atinge a social, transformando a vida de outras pessoas.

São 3 os R’s que identificam o tema: Ressignificação. Reinvenção e Retomada. Uma informação curiosa sobre o ato de empreender é que, a taxa de empreendedorismo potencial, composta por cidadãos que não têm um negócio, mas pretendem abrir uma empresa em até três anos, teve um incremento de 75%, ando de 30%, em 2019, para 53%, em 2020. Os dados fazem parte do relatório da GEM (Global Entrepreneurship Monitor) 2020, realizado no Brasil pela parceria entre o Sebrae e o IBPQ (Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade).
Essa estatística pode ser o resultado de uma realidade no mínimo curiosa: a falta de emprego causada pela pandemia do coronavírus pode ter motivado os brasileiros a considerarem mais seriamente a ideia de ter um negócio próprio em um determinado espaço de tempo.
A crise gerada pela pandemia levou milhares de pessoas a empreender por necessidade e elas não estão sozinhas. O levantamento mostra que cresceu a participação de parentes e amigos que dão e a esses empreendedores. Mas também quem se viu em desafios maiores, duplos ou triplos neste período mas não necessariamente por crise financeira familiar.

Kelly Silva, 43 anos, é mãe de três filhos está entre as pretas empreendedoras que vivem se reinventando e dando conta de uma jornada que a de três períodos. a e MBA executivo em Gestão de Saúde, ela trabalha meio período em uma clínica multidisciplinar a 8 anos e a 2 anos e 4 meses ela está em uma segunda clínica auxiliando na gestão da empresa.
Além disso, já antes da pandemia ela auxiliava no bar da família, sendo caixa ou organizando a parte de finanças. O bar é tradicional no bairro de Coqueiros, conhecido pelo samba e MPB de qualidade. É um sucesso entre os sambistas e, particularmente falando, acho que Kelly tem muito a ver com isso. É como o ditado diz: atrás de um grande homem tem sempre uma grande mulher.
Reforçando o ditado, a Kelly (pasmem) não tem empregada, conta com só com a colaboração dos filhos em algumas coisas e mesmo assim consegue, dentro do possível fazer atividade física e cuidar de si. Como isso é possível?
Ela afirma: “Amo aquilo que faço. Amo estar com pessoas, istrar, aprender…isso me estimula a crescer e ir em busca de mais conhecimentos”. É muito orgulho falar de mulheres como ela e tornar público que a luta é enorme e diária mas que é possível.

Na mesma pegada, a professora auxiliar de classe da rede municipal de Florianópolis Eduarda Mendes, 29 anos, também tem feito a diferença no seu círculo de convivência. Sempre gostou de trabalhos manuais. Começou a fazer peças de bijuterias para si e chamou a atenção das amigas.
Recentemente resolveu empreender e criou uma microempresa de semijóias com peças exclusivas e feitas a mão, personalizadas, com banho de verniz italiano. Aliando o bom gosto e a vontade de criar, hoje possui uma segunda-profissão que vem dando certo.
Além do instagram da marca, as peças podem ser vistas na própria empresária em suas redes sociais ou pessoalmente nos ensaios da escola de samba Dascuia da Capital onde ela está como Rainha de Bateria há 2 anos. São 29 anos de muita arte nessa empreendedora nata!
Agora vamos voltar aos números. O afroempreendedorismo está presente na economia brasileira e somente segue firme porque as empresas entendem que, para ir longe, precisam se apoiar. Esse cenário é visível, principalmente no negócio das mulheres negras, uma vez que há uma raiz feminina afrocentrada na história do empreendedorismo brasileiro.
Voltando ao tempo, essa raiz nasce da necessidade de sobrevivência, liberdade e reação à escravidão e à violência. Ainda que o incentivo seja pequeno e o o ao crédito seja dificultada para nós, é importante destacar algo que já mencionei aqui. Esse nicho de mercado movimenta R$ 1,7 trilhão por ano no Brasil, o correspondente a 24% do PIB.
Nesse cenário tenho conhecido histórias incríveis que só me empoderam ainda mais. Com toda a humildade, é bom demais saber que temos a gente e que conseguimos romper a marca do preconceito, da solidão e da falta de rede de apoio. Sim, porque a mulher preta sente como mulher, como mulher preta e como mulher preta muitas vezes sem ninguém por perto para ficar com seus filhos para ela ir trabalhar. Eu sou grata por ter histórias como a de vocês para me apoiar. E que venham muitas outras. Parabéns!