O programa Mulheres+Tec vai destinar R$ 1,4 milhão a 24 startups catarinenses. A iniciativa será lançada nesta terça-feira (8) pela Fapesc (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação).
Apenas uma em cada quatro empresas que participam dos programas de fomento do organismo estadual são lideradas por mulheres.
Ana Paula Leite, de Florianópolis, é um exemplo.
INÍCIO
Às vésperas de lançar o Mingoo, uma plataforma de turismo áudio-guiado, Ana Paula conta que sempre gostou de viajar muito.
“Sempre gostei de ter muitas viagens no currículo. Por isso, sempre viajei a baixo custo. Nunca escolhi o destino, sempre foi o destino que me escolheu. Ligava alertas de agens, quando aparecia um bom preço, ‘opa, é para lá que eu vou’. Em função das viagens, tive a ideia de uma plataforma. Mas, ficava só na ideia. A última viagem antes da pandemia foi com meu marido para Israel. Comentei com ele e ele disse ‘vamos tirar do papel’”.
E assim, a empreendedora ingressou no Cocreation/Nascer e agora está no Inovatur 2.
MUDANÇAS
“O meio de tecnologia ainda é dominado pelos homens. Existe uma questão cultural, as mulheres não foram preparadas para o trabalho em tecnologia. Mas, isso não quer dizer que não possa mudar, e está mudando. É um desafio. Até por isso a importância desses programas, para capacitar as mulheres, mostrar que é possível aprender”, afirmou, citando as ações da Fapesc.
“A gente tem que respirar e enfrentar. Depois, vem aquele sentimento incrível de liberdade por ter conseguido. Ou, se não conseguiu, a gente se sente mais forte para a próxima”, disse.
EQUIDADE
Tão importante quanto os recursos financeiros destinados, as mentorias, workshops e orientações aos empreendedores são fundamentais no processo.
“É devido a esses editais que eu cheguei até aqui. Senão, sem chances, não teria chegado”, disse.
E esse apoio é ainda mais fundamental para as mulheres. “Vamos falar de igualdade e equidade. Igualdade seria abrir um edital para todo mundo e os melhores são classificados. Equidade é entender que são poucas as mulheres na área de tecnologia e que as mulheres precisam de qualificação nessa área. Equidade é deixar a coisa mais justa, para que a meritocracia prevaleça. Eu acredito que os melhores têm que ser aprovados, promovidos, ganhar mais, mas, antes, temos que equiparar”, afirmou.
EXEMPLO
Ao mesmo tempo em que cita “mulheres fantásticas”, que estão “acelerando startups no Brasil e no exterior”, que cita iniciativas como o Sebrae Delas e o Mulheres Acate, Ana Paula também é inspiração. “Faça conexões. Compartilhe a sua ideia, não tenha medo que alguém vá roubar. Uma ideia sem execução não vale nada. A gente ganha muito mais buscando parcerias, buscando pessoas com perfis diferentes para a equipe”. E como recado final: “aproveite o movimento da tecnologia que está fervilhando”.