Um investidor mexicano e seu sócio, de Rio do Sul, no Vale do Itajaí, tiveram duas reuniões com representantes catarinenses. Uma delas foi com a governadora interina de Santa Catarina, Daniela Reinehr (Sem partido), e outra com o prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira (Podemos), nos últimos dias. O motivo seria a instalação de uma suposta fábrica da Lamborghini no Estado.
No entanto, a própria marca italiana de esportivos de luxo negou que tenha anunciado investimentos no Brasil. A empresa que quer investir no país é a Lamborghini Latinoamérica, que tem sede no México e detém licença para uso da marca europeia na América Latina.

O empresário mexicano conhecido como Joan Fercí comprou o direito de usar a marca em 1996, mas desde que a Lamborghini foi adquirida pelo grupo Volkswagen, em 1998, há ações judiciais contestando o uso do nome.
Em Santa Catarina, Fercí afirmou que quer instalar uma fábrica, com sede em Balneário Camboriú, mas os investimentos não foram detalhados. Seriam projetos em 20 áreas, ao longo de 30 anos.
No Brasil, não há “nada de concreto ainda”, afirmou o secretário de Estado da Fazenda, Rogério Macanhão, que participou da reunião com a governadora interina.
“Após um ano de estudos, definimos que o Brasil, e mais especificamente Santa Catarina, seria o lugar ideal para ser a sede da Lamborghini na América Latina”, destacou Gilson Pierri, sócio catarinense da empresa.
Negociações em outros países 44q2r
A marca latinoamericana já chegou a produzir carros – o modelo Coatl, por exemplo. Mas apenas três exemplares saíram da fábrica. Nos últimos 15 anos, a Lamborghini Latinoamérica não tem mais produzido nenhum veículo.

Fercí já iniciou tratativas para fabricar no Uruguai, em 2013, e na Argentina, em 2014 e em 2020, além do Paraguai, em 2019, e agora, no Brasil.
Fábrica em SC 1u556h
Em Santa Catarina, participaram da reunião, além da chefe do executivo, o deputado estadual Milton Hobus (PSD), o chefe da Casa Civil, Gerson Luiz Schwerdt, e os secretários da Fazenda, Rogério Macanhão, do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Luciano Buligon, e da secretária executiva de assuntos internacionais, Daniella Abreu.
No site da Lamborghini Latinoamérica, a empresa anuncia que está trabalhando em protótipos de um carro elétrico, 100% sustentável – equivalente ao Tesla, do bilionário Elon Musk. Estes automóveis seram fabricados na nova fábrica.
Atualmente, segundo o site, a empresa tem produzido itens como peças de roupas, órios e até chaveiros: tudo com a marca Lamborghini.
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Encontro “deletado” 5b5a58
A notícia do encontro entre Reinehr e os representantes da Lamborghini Latinoamérica foi retirada do site do governo do Estado. Segundo a assessoria, o texto foi deletado porque “eles não formalizaram propostas, e foi verificado que esse grupo fez o mesmo movimento em outros países e também não resultou em nada”.
No site da prefeitura de Balneário Camboriú, o encontro do grupo com o prefeito também não foi divulgado.
Trajetória 142a13
A trajetória de Fercí levanta dúvidas. Ele ela representante de outra marca de carros, a Chrysler, no México. Quando a marca foi vendida para um fundo de investimentos Indonésio, o empresário procurou a Lamborghini.
Das negociações, ele saiu com a licença para explorar a marca na América Latina por 99 anos, a partir de 1996.

No entanto, em 1998, a Lamborghini foi comprada pela Audi, braço de luxo da Volkswagen. O que poderia ser o fim, para Fercí foi o começo. Isso porque o contrato dele autorizava a Lamborghini Latinoamérica a fazer seus próprios redesenhos.
No entanto, os produtos latinoamericanos da marca não “vingaram”. Nos últimos anos, Fercí tem procurado governantes – como a chefe do Executivo de Santa Catarina e o prefeito de Balneário Camboriú – com projetos para uma fábrica.
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Em resposta à reportagem, a Lamborghini Latinoamérica informou, por meio de nota, que tem uma licença que autoriza o uso da marca por 99 anos, emitida pela própria Lamborghini, na Itália.
Mas, segundo a empresa, desde que a Volkswagen adquiriu a montadora italiana, a marca alemã afirma que desconhece as licenças obtidas pela Lamborghini Latinoamérica.
Segundo a nota, a empresa mexicana entrou com ações judiciais em 2015 para “exigir seus direitos”. A Justiça da Argentina decidiu, ainda, que a Lamborghini da Itália e a Volkswagen devem “cessar imediatamente
as ações ou omissões que turvam os direitos exclusivos outorgados pelo contrato” à Lamborghini Latinoamérica.
A nota ainda afirma que a Lamborghini Latinoamérica “conta com todos os direitos necessários para o uso e exploração da marca Lamborghini”. “Nosso compromisso sempre seguirá pelo povo latino-americano e em especial aos brasileiros. Buscando gerar fontes de emprego, impulsionando e posicionando este território como uma zona geográfica estratégica para o investimento de alto capital internacional”, completa a nota.