A partir da 0h desta segunda-feira (7), os mineiros do Sul de Santa Catarina iniciam greve por reajuste salarial e por melhores condições de trabalho.

A categoria solicita 4,27% de aumento real, mais a inflação de 10,16%, com base no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de 2021, enquanto o sindicato patronal até o momento só ofereceu reajuste real de 2,29%, mais a inflação.
Entre as exigências dos mineiros, está também a manutenção do vale-leite por mais de 30 dias para profissionais acidentados e afastados, a ampliação do plano de saúde e a equidade salarial entre todas as carboníferas e a garantia da pensão por morte do trabalhador para a família por cinco meses.
Sobre esses itens, o Siecesc (Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina), por meio de nota, informou que pretende cumprir, em partes, cinco solicitações.
No documento, também ressaltou que o reajuste de 12,45% é o maior índice já concedido em Santa Catarina para uma categoria laboral nos últimos anos.
“As empresas respeitam a decisão, contudo reforçam que a paralisação gera danos para trabalhadores e empresários”, disse o Siecesc em um dos trechos da nota.
Sem acordo, aproximadamente 2,8 mil trabalhadores paralisam os serviços em seis mineradoras que operam em Siderópolis, Treviso, Içara, Urussanga e Lauro Müller.
Aval do TRT d5f50
O Siecesc tentou reverter o cenário ao encaminhar na última quarta-feira (2) um pedido de antecipação de tutela ao TRT (Tribunal Regional do Trabalho). A intenção era solicitar que uma eventual greve fosse considerada abusiva.
No documento, encaminhado ao órgão, o sindicato patronal pediu, por exemplo, que fosse mantida no mínimo 80% da força de trabalho nas mineradoras, assim como a imposição de multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento.
Entretanto, em despacho, a desembargadora federal do Trabalho Quezia Gonzalez negou o pedido das empresas. Ela entendeu que a atividade de mineração não se enquadra em serviços essenciais da Lei nº 7.783/1989, por isso, autorizou o direito à greve dos mineiros.
A única ressalva da desembargadora é que os trabalhadores garantam um contingente mínimo para a segurança das minas, antes do início da paralisação.
Confira a nota do Siecesc 32a6d
O Siecesc (Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina) recebeu, em 31 de Janeiro de 2022, uma notificação de paralisação da Federação Interestadual do Fitiec (Trabalhadores na Indústria da Extração do Carvão nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e dos Sindicatos dos Mineiros de Criciúma, Lauro Müller, Siderópolis e Urussanga.
Em seguida, em 02 de fevereiro, o Siecesc ajuizou dissidio coletivo de greve perante ao TRT (Tribunal Regional do Trabalho) e na última sexta-feira (4), realizou audiência de tentativa de conciliação.
Na ocasião, após amplo debate, chegou-se a uma proposta, por parte das empresas, sendo oferecido o reajuste total de 12,45% sobre o salário de dezembro de 2021 e mais a concessão em parte de cinco itens do rol de reivindicações dos trabalhadores.
Essa proposta foi levada para votação na Assembleia Unificada, realizada na manhã de sábado (5), na Associação dos Mineiros, em Siderópolis, onde a maioria presente votou contra a proposta oferecida e a favor da greve.
Ressalte-se que o reajuste de 12,45% é o maior índice já concedido em Santa Catarina, para uma categoria laboral, nos últimos anos.
As empresas respeitam a decisão, contudo reforçam que a paralisação gera danos para trabalhadores e empresários.
Carboníferas já concederam INPC integral (10,16%) na folha de pagamento referente a janeiro
As Carboníferas tomaram a iniciativa de iniciar o processo de negociação ainda em dezembro de 2021, objetivando uma negociação rápida, responsável e buscando as melhores alternativas para a manutenção saudável da atividade.
Como gesto de reconhecimento, empatia e valorização de todos os trabalhadores, as mineradoras já concederam, a partir da folha de pagamento de janeiro de 2022, antecipação integral de 10,16%, que corresponde ao INPC acumulado de 2021.
Isso ocorreu, mesmo antes de finalizarem as negociações com a Federação e os sindicatos laborais.