Uma pesquisa da Global Petrol Prices, de setembro deste ano, mostrou que, em dólar, o preço da gasolina no Brasil é menor que no Japão e nos Estados Unidos, por exemplo. Mas o comparativo considerando apenas o preço em dólar pode não ser fiel ao impacto que o valor tem no bolso no brasileiro.

Carla Beni, economista e professora de MBAs da FGV, explicou ao R7 que o preço da gasolina vem de uma base única: o dólar. “Dentro de cada país, adicionam-se os impostos e subsídios, e como cada um deles lida com exploração, refino e distribuição”, afirma.

Ela afirma que, para a comparação ser mais real e completa, é necessário analisar o salário médio ou mínimo de cada país. “As pessoas recebem em real, gastam em real, e o preço é em dólar”, explica. Só desta forma é possível entender o peso da gasolina no bolso do cidadão.
Conforme o levantamento do Global Petrol Prices, o preço médio do litro da gasolina no Brasil (US$ 0,96, ou R$ 5,18) é comparativamente mais baixo que o dos Estados Unidos (US$ 1,03, ou R$ 5,60), da Alemanha (US$ 1,90, ou R$ 10,30) e do Japão (US$ 1,15, ou R$ 6,22), por exemplo. No ranking geral, o valor do combustível brasileiro é o 31ª mais baixo do mundo em dólar.
Comparativo com o salário 4y1y6p
Nos Estados Unidos, o salário mínimo é medido por hora, e não por mês, como no Brasil. Se o trabalhador fizer 40 horas semanais, ele recebe US$ 1.276 (R$ 6.864,88). Já na Alemanha, o novo salário mínimo foi reajustado e a a valer a partir de 1º de outubro de 2022, e terá como base 12 euros por hora, o que, para um trabalhador que faz 40 horas semanais, chega a 1.920 euros (R$ 9.926,40).
No Japão, o mínimo que se paga mensalmente a um trabalhador são 149.248 ienes (R$ 5.393,82).
No Brasil, o salário mínimo é R$ 1.212. Então, ainda que o preço bruto do litro da gasolina seja mais baixo em solo brasileiro (o 31º mais baixo do mundo), o impacto real no bolso do cidadão é maior que nos Estados Unidos, na Alemanha e no Japão, conforme as informações do R7.

No fim de junho, o governo federal aprovou a redução do ICMS nos estados, de 25% para 17% na alíquota máxima, o que causou uma drástica diminuição do preço dos combustíveis nos postos.
Carla explica que “a União vai precisar fazer a compensação da perda de arrecadação para os estados” e que, apesar de ter baixado os preços, a medida é de curto prazo e pode gerar um problema de ordem fiscal no ano que vem.
Ela conclui dizendo que o cenário internacional, por causa da guerra entre a Rússia e Ucrânia, é incerto e imprevisível, mas as condições internas apontam para um aumento de preços a partir de janeiro de 2023.
Levantamento ANP 603n6l
Segundo o último levantamento da ANP (Agência Nacional de Petróleo), feito entre 25 de setembro e 1º de outubro, o preço médio da gasolina aditivada em Santa Catarina é de R$ 4,92. Já a gasolina comum está em média R$ 4,80.
Impacto na inflação w275u
Segundo informações da Agência Brasil, o preço dos combustíveis é um dos fatores que mais impacta no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que em setembro registrou deflação (queda de preços) de 0,29%.
“Os combustíveis e, principalmente, a gasolina, têm um peso muito grande dentro do IPCA. Em julho, o efeito foi maior por conta da fixação da alíquota máxima de ICMS, mas, além disso, temos observado reduções no preço médio do combustível vendido para as distribuidoras, o que tem contribuído para a continuidade da queda dos preços”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
*Com informações do R7 e da Agência Brasil.