O preço médio do aluguel em Florianópolis cresceu 58% acima do salário mínimo regional de Santa Catarina em oito anos e pressionou o custo de vida na capital. Conforme o levantamento FipeZap+ de fevereiro, o custo para morar de aluguel foi de R$ 55,64/m², enquanto a primeira faixa do mínimo regional foi fixada em R$ 1.730 em 2025.
O salário mínimo regional catarinense não acompanha o aumento do preço do aluguel da capital e pressiona o custo de vida em Florianópolis – Foto: Daniel Queiroz/NDOs dados do salário mínimo regional são da Fecormércio SC (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina). A comparação proporcional entre o aumento do preço do aluguel e o do salário mínimo mostra que o preço para morar na capital não acompanhou a renda mensal dos trabalhadores contemplados pela 1ª faixa de salário.
Em 2017, o valor do metro quadrado era de R$ 21,91, enquanto o salário mínimo era de R$ 1.078. Naquele ano, o metro quadrado representava 2,03% do salário. Em 2025, o metro quadrado ou a custar R$ 55,64, com o salário mínimo em R$ 1.730, o que corresponde a 3,2% do rendimento mensal. Dessa forma, o metro quadrado ficou 58,6% mais caro em relação ao salário mínimo no período de oito anos.
A economista Laura Pacheco, membro do Instituto Brasileiro de Finanças, ressaltou que as duas medidas podem usar cálculos de inflação diferentes. No entanto, ela afirmou que pessoas que moram em Florianópolis com o salário mínimo levam uma vida “apertada”.
“Uma pessoa que tem um salário mínimo, em tese, não tem condições nem de se manter. Não é só o preço do aluguel, é preciso olhar para o preço da cesta básica, que em Florianópolis é uma das mais caras do Brasil. Então a pessoa vai morar numa casa emprestada ou mora com familiares. São pessoas que precisam buscar outras formas de morar, de conseguir pagar as suas contas. É de fato uma vida relativamente apertada.”
Aluguel em Florianópolis ficou acima da média brasileira a partir de 2023 2h6a1q
O aluguel em Florianópolis cresceu gradativamente desde 2017, no entanto, só a partir de 2023, quando o preço subiu para R$ 41,48/m² a capital catarinense ultraou a média nacional, que era de R$ 37,71/m².
Foi neste ano que a capital catarinense ou a figurar entre os cinco aluguéis mais caros do Brasil. Em 2025, Florianópolis ocupou a 5ª posição do ranking.
- Barueri (SP)-R$ 63,57/m²
- São Paulo (SP)-R$ 59,19/m²
- Recife (PE)-R$ 56,67/m²
- Belém (PA)-R$ 56,62/m²
- Florianópolis (SC)-R$ 55,64/m²
Conforme a economista, a elevação de preços a partir de 2023 foi um dos reflexos da pandemia.
“Houve uma transição no padrão de preços de aluguel em Florianópolis no pré e pós-pandemia. A pandemia trouxe o trabalho remoto e o híbrido. A intensificação desses modelos de trabalho atraiu pessoas de salários relativamente altos, que estavam dispostas a pagar o preço e que queriam morar em Florianópolis”, avalia Pacheco.
“Pode ser também que muitos desses que vivem um custo de vida alto em Florianópolis podem não ter contrato de trabalho na capital”, pondera a economista.
No entanto, na contramão do aumento dos preços para quem mora de aluguel em Florianópolis, o lucro do dono do imóvel residencial está entre as menores do Brasil. Conforme o FipeZap+, a taxa de rentabilidade do locador sobre o preço do aluguel em Florianópolis é de 5,56%. O índice coloca a capital como a 9ª que menos rende entre 36 municípios analisados do ranking.
