A safra da tainha começa no próximo domingo (1º). Nos ranchos do litoral de Santa Catarina, pescadores e donos de botes trabalham duro para consertar as redes. No Sul da Ilha, uma das principais comunidades pesqueiras de Florianópolis, os preparativos já começaram.

Este é o processo que antecede à saída para o mar. A maioria dos pescadores da Armação do Pântano do Sul utiliza seu barco durante os meses do verão para eios à Ilha do Campeche. Agora, com a chegada do frio, é a vez de se dedicar ao ofício que é ado de geração em geração.
No caso do pescador Adir Artur Arsênio, o trabalho “é todo em família, quatro irmãos e dois sobrinhos”. Para eles está aberta a temporada de trabalho duro. “A gente prepara a rede. Quando chega metade de abril, a gente ajeita a rede para no dia 15 de maio, quando abre a pesca, ir pescar”, disse Adir.
“A gente vai lá pro Sul, a uma semana, duas semanas mais ou menos. O gelo também tem que aguentar. Sem gelo a gente não trabalha, porque o peixe tem que vir gelado. É um trabalho bem complicadinho”, contou Oswaldir Serafim Arsênio, um dos irmãos de Adir que também é pescador.
Para dar tudo certo, não dá para deixar furos para trás. São os dias de trabalho em terra que garantem bons resultados em alto mar. Para remendar a rede é preciso paciência, técnica e agilidade.
De acordo com o também pescador Adilson Sousa, mais conhecido como Tio Zé, “a expectativa este ano para a tainha e o camarão, o preço que chegou, foi porque a água salgou e encheu a Lagoa dos Patos toda”.
Todo esse esforço é para conseguir colocar a rede no mar a partir do dia 15 de maio, data da liberação da modalidade de emalhe anilhado, que utiliza o bote a motor.
Um pouco antes, a partir do dia 1º, estarão autorizadas a pesca de canoa de arrasto de praia. Para a modalidade de pesca de cerco traineira, o período autorizado é de 1º de junho a 31 de julho.
A portaria que apresenta a relação final das embarcações de pesca habilitadas e não habilitadas foi publicada no dia 18 de abril. Das 130 embarcações que poderiam se habilitar para o anilhado, somente 96 foram homologadas.
“A gente teve algumas surpresas no edital. Em especial, relacionadas aos prazos de inscrição. Tivemos menos de sete dias úteis para formalizar as inscrições e acabamos enfrentando algumas dificuldades para cumprir todas as exigências. Somado a isso ainda temos a impossibilidade de apresentarmos recursos de inscrições indeferidas, o que prejudica de maneira absurda o cumprimento de todos os requisitos e a obtenção de direito ao credenciamento e a autorização complementar para a pesca da tainha”, explicou o advogado Marcos Manoel Domingos.
Sobre as regras sanitárias pouca coisa muda. Conforme o superintendente de Pesca, Maricultura e Agricultura da Capital, Adriano Weickert, “as regras sanitárias vão continuar, com a mesma regulamentação do ano ado, exceto as máscaras e aquela vacinação que a gente fazia da gripe nos ranchos de pesca”.
Na Capital haverá novidades na infraestrutura. Além dos ranchos provisórios, serão instalados 28 banheiros químicos e cedidos quiosques de verão. “Em algumas praias, aqueles contêineres que ficam no verão vão continuar dando e, do dia 1º de maio até o dia 31 de julho, para os nossos pescadores”, disse Weickert.
Até lá, muito trabalho e espera pela virada no tempo. O pescador Adir falou que “quanto mais vento Sul, para nós [pescadores] melhor. Quanto mais frio, mais peixe vem e isso não é só para a tainha, é para a corvina e tudo”.
Confira mais informações na reportagem do Balanço Geral Florianópolis.