O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu elevar, nesta quarta-feira (4) a taxa Selic, os juros básicos da economia, em um ponto percentual.

De acordo com a Agência Brasil, a Selic a de 11,75% para 12,75% ao ano, sendo a 10ª alta consecutiva. O atual ciclo de alta dos juros básicos teve início em março de 2021.
De acordo com o último boletim Focus, em que o Banco Central mede a expectativa do mercado financeiro, a projeção é que a taxa básica encerre 2022 em 13,25% ao ano.
O Banco Central emitiu um comunicado avaliando que o ambiente externo segue se deteriorando e que as pressões inflacionárias por conta da pandemia intensificaram com problemas de ofertas da nova onda da Covid-19 na China e também da Guerra entre Ucrânia e Rússia.
O Copom indicou que, para a próxima reunião, deverá manter o aperto monetário, mas com reajuste de menor magnitude, ou seja, inferior a 1%.
Com a decisão, a taxa Selic está no maior nível desde fevereiro de 2017, quando era 13% ao ano. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano.
Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018.
A Selic voltou a ser reduzida em agosto de 2019, até alcançar 2% ao ano em agosto de 2020, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Esse foi o menor nível da série histórica iniciada em 1986.
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A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Apesar disso, as estimativas do mercado para a inflação vêm crescendo há pelo menos 16 semanas.
Em março, o IPCA foi 1,62%, maior taxa para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. Em 12 meses, o acumulado chegou a 11,30%, quase o dobro do teto da meta do Banco Central, que é de encerrar o ano com inflação de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
No mês ado, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicou que o futuro das taxas de juros no Brasil dependerá da extensão dos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia e de outros eventuais choques sobre a inflação.
A taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) serve como parâmetro de quanto o governo paga para tomar dinheiro emprestado por meio da emissão de títulos públicos.
Câmbio 1d21a
A política monetária tem também efeito sobre o câmbio. Em tese, altas na taxa Selic tendem a atrair o investimento externo em títulos públicos brasileiros, cuja rentabilidade aumenta, o que acaba pressionando o dólar para baixo diante do real.
Eventos em outros países, contudo, têm o poder de mitigar esse efeito. Também nesta quarta-feira, o Federal Reserve Bank (FED), o banco central dos Estados Unidos, aumentou em meio ponto percentual os juros para os títulos norte-americanos. Assim, a taxa de referência no país saiu de 0,5% para 1%.
Os EUA vivem um aumento histórico da inflação, o maior em mais de 40 anos, e já ou o patamar de 8% nos últimos 12 meses. A alta na taxa básica de juros dos EUA tem o poder de atrair o fluxo de capital que iria para outros países, com reflexos na valorização do dólar em relação ao real.
*Com informações da Agência Brasil