
“DIY” é uma abreviação em inglês do termo “Do it Yourself”, que significa “Faça você mesmo”. O termo não é novidade no mundo e é usado principalmente por blogueiras de design de interiores e crafts (artesanatos), que buscam por meio de produtos feitos por elas mesmas sustentabilidade e, por que não, exclusividade? O termo também está relacionado ao fato de gastar menos e ter o poder de fazer o que quiser.
Em Florianópolis, a partir do dia 3 de maio, em Jurerê Internacional, um evento vai dar a chance a quem quiser aprender os primeiros os para fazer algo na área da marcenaria. A Design Business Fair, feira anual que promove o design em Santa Catarina, trará pelo menos dois workshops de iniciação com as empresas Oficina Kalmar e Crush Design.
Já bem avançada nessa área de DIY, a médica internista e blogueira Francine Bagnati, 36, desde os anos 2000 costuma ter como hobby o feitio de coisas manuais, como costura e pintura, e mais tarde, a produção de móveis para a própria casa. Ela, que é da Capital, aprendeu sozinha o ofício, pesquisando em sites da internet e assistindo a tutoriais. “Tudo que eu aprendi foi a partir de gente que dispôs o seu conhecimento”, diz.
A cabeceira da cama, a mesa de centro, o banco e o balcão da pia do próprio banheiro foram feitos por ela. Todo o material foi reutilizado para não ser jogado fora, como a cabeceira da cama, que veio de uma parede de madeira antiga da casa da mãe, e que ainda resultou em um para a “oficina” que ela tem em casa. A madeira nobre usada para a pia veio de um poste de luz que estava abandonado em frente à sua casa, e a mesa de centro de um carretel de fio de eletricidade.
A inspiração para tudo isso Francine afirma que vem do fato de morar sozinha desde os 17 anos e precisar se virar para decorar a casa. Na realidade, o gosto pela madeira vem de muitos anos antes, quando seu pai fazia alguns móveis também por diversão, entre eles a mesa de jantar que está hoje no centro da casa de Francine. Outros móveis da casa da médica também refletem seu interesse pela decoração em madeira, como a estante de 90 anos localizada na sala, herança da avó.
A oficina improvisada nos fundos da casa, que de improvisada não tem nada, é dividida com a cervejaria do marido. Por lá, os dois am suas horas de folga. O espaço, megaorganizado, tem tudo que um marceneiro nas horas vagas precisa, como uma super máquina de cortar madeira que a médica ganhou no ano ado de Dia das Mães e não esconde o apreço especial por ela.
Por todo esse envolvimento com os produtos feitos à mão, algumas pessoas começaram a pedir que ela ensinasse a fazê-los. Foi assim que surgiu o blog Lá de Casa, em 2014. “Eu queria ensinar e principalmente estimular as pessoas e desmistificar um pouco, apresentar as ferramentas, os materiais, porque conseguimos fazer em casa coisas reaproveitando o lixo e transformá-lo em objetos”, explica ela, que há poucos meses também abriu um canal no YouTube homônimo ao blog.

Móveis rústicos
Cristiane Severino, 50, de São José, viu no “DIY” a opção mais favorável para decorar o apartamento que recém comprou. Ela afirma que começou a buscar por decoração e se encantou com os móveis rústicos. Para começar algo que nunca havia feito, Cristiane recorreu também aos famosos tutoriais. O primeiro móvel foi um sofá de pallets, em seguida veio um abajur com cúpula de papel de jornal, uma estante e criados-mudos para o quarto com caixote de feira, um baú e um pufe de pneu.
O mais difícil de fabricar foi a mesa de centro com tronco de árvore. Esse demandou mais tempo, pois precisou secar, descascar o tronco, lixar, fazer o tratamento contra cupim e ar verniz. De um tronco ela também vai produzir uma luminária com espaço para livros. A inspiração para o design escolhido por ela também vem da internet, do site Pinterest, uma rede de compartilhamento de imagens.
Cristiane afirma que sua maior preocupação é quanto a sustentabilidade, além disso, tudo ficou muito mais barato para a nova casa, que terá apenas a cozinha de fábrica.
Iniciação à marcenaria
Lorena Krueger, que esteve à frente da istração do Kalmar, estaleiro com 33 anos de história em Itajaí, criou em 2015 ao lado de Alex Silva e Natália Câmara a Oficina Kalmar. A escola de marcenaria, que hoje é um negócio independente em um galpão ao lado do estaleiro, surgiu da vontade de Lorena em ensinar o ofício da família. “As pessoas demonstram muito gosto quando vêem as coisas em madeira, e não sabem que é fácil de fazer. É algo que todo mundo consegue, porque não tem muita tecnologia ou equipamentos caros”, coloca Lorena.
Agora, quase todos os finais de semana, o espaço tem cursos variados, tanto de introdução à marcenaria, workshops com crianças a cursos de níveis mais elevados. A sócia explica que o público é bem distinto, reunindo homens e mulheres de 18 a 60 anos. “Muita mulher está se envolvendo, ficamos muito felizes. Algumas até perguntam se podem ir. Eu quero que deixe de ter esse preconceito, e trabalhamos isso nas nossas mídias sociais”, diz.
Recentemente, a empresa lançou o projeto Oficina Livre, em que o aluno pode comprar horas para executar os próprios projetos. “É um Espaço Maker, de uso compartilhado, em que podemos dar auxílio a eles e receber encomendas, por exemplo”, diz Lorena.
Em Florianópolis, nos dias 6 e 7 de maio, a oficina estará ministrando dois cursos: Um dia de Marcenaria e Poltrona Krat. No primeiro, Lorena explica que ele reúne duas coisas: a pessoa que quer experimentar sem gastar muito e a que quer mais liberdade de criação com madeiras diferenciadas. O curso da poltrona Krat foi adaptado para turma mais curta. Os métodos utilizados são corte, montagem e acabamento de superfície e bordas/cantos. A Poltrona Krat é um clássico do design, de autoria do arquiteto holandês Gerit Rietveld, que a desenvolveu com intuito de promover o o ao bom design com produtos simples, que pudessem ser feitos em casa, em meados do século ado. O sucesso da Krat foi tamanho que até hoje ela é fabricada por pessoas no mundo todo. Para ambos não é necessário experiência prévia.
Inovação em 3D

A Crush Design, de Tubarão, também tem presença marcada no Design Business Fair, e dará um curso de Iniciação à Impressão 3D no dia 4. A startup de design de móveis é a primeira do Brasil a trabalhar com móveis impressos em 3D no mercado. Pelo modelo de marketplace, a startup une pessoas que procuram móveis com design bacana, por um preço ível e que possam ser customizados de acordo com suas necessidades. A inovação é que, além da plataforma de vendas, eles também entregam os projetos de design de móveis para as fábricas de todo o Brasil executarem.
Na prática, o cliente final tem a opção de comprar o móvel no site da Crush Design e a fábrica parceira da startup mais próxima do cliente se encarrega da produção e da entrega do móvel. A outra opção é o cliente final comprar o projeto digital (desenho vetorizado) e ele mesmo fabricar o móvel em um fab lab ou makerspace. O projeto começou em 2014, quando Mateus Machado, designer de produto, resolveu produzir móveis e disponibilizar os projetos para em um blog. O trabalho foi feito em conjunto com o publicitário Guilherme Santos. Até o meio do ano ado, o blog teve 12 mil s de todo o país e de fora, como da Rússia e Estados Unidos.
Os sócios, que se uniram ainda a Matheus de Souza e Laís Schulz, conquistaram no meio do ano ado R$ 90 mil do edital Sinapse da Inovação do governo do Estado, que visa fomentar empresas dando. Desde então, como a Crush não tem o formato de fábrica, eles vendem os projetos por meio de uma loja virtual, que então comercializa os móveis físicos para serem produzidos pelas fábricas e ganham uma porcentagem em cima disso. Eles também deixam o design aberto no site, autorizando a reprodução comercial dos projetos.
Mateus explica que com a Crush foi criado um novo ‘ecossistema’, que une a fábrica; o designer, que pode incluir seu projeto na plataforma e ganhar royalties; e o arquiteto ou design de interior, que pode indicar um dos móveis da Crush e ganhar um valor em cima disso. Hoje, a impressora 3D descentraliza a produção, imprimindo componentes que permitem montar um móvel real dentro de casa. No curso que a startup ministrará em Florianópolis, Mateus irá desmistificar o cenário do 3D em parceria com o Senai, mostrando que há equipamento bons por até R$ 4.000 no mercado, e que podemos ar projetos gráficos de casa para a máquina. No evento, eles também irão apresentar o funcionamento da impressora, como programar e executar um objeto.
SERVIÇO
O que: 1ª Design Business Fair
Quando: 3 a 7/5, das 12h às 22h
Onde: Jurerê Sports Center – Centro Esportivo e Artístico, avenida dos Dourados, 481, Jurerê Internacional, Fpolis
Quanto: R$ 10
Saiba mais: www.designbusinessfair.com.br
Oficinas
Iniciação à impressão em 3D (Crush Design – Apoio SENAI Lab Aberto)
Quando: 4/5, das 13h30 às 15h
Quanto: R$ 40
Um dia na Marcenaria (Oficina Kalmar)
Quando: 6 e 7/5 (uma turma no sábado e outra no domingo), das 9 às 14h
Quanto: R$ 120 (com todos os materiais inclusos)
Poltrona Krat (Oficina Kalmar)
Quando: 6 e 7/5 (uma turma no sábado e outra no domingo), das 15h às 20h
Quanto: R$ 320 (com todos os materiais inclusos)