Ele estava à frente do seu tempo, mas não estava sozinho. Falava cinco idiomas, tocava piano e declamava poesias, mas foi na literatura que o desterrense, João da Cruz e Sousa, se tornou o diamante do simbolismo.
Ele é nome de palácio, museu, ruas, clubes de futebol, associações negras e de galerias de arte. Mas mais do que isso, o personagem de Florianópolis tem notoriedade mundial, sendo considerado o maior poeta do movimento no Brasil, ao lado de nomes importantes da literatura mundial, como Stéphane Mallarmé.

Cruz e Sousa, o Cisne Negro de Florianópolis, nasceu em 24 de novembro de 1861. Filho de ex-escravos, seus pais aguardaram a libertação para se casarem e construírem uma família livre do estigma da escravidão. Essa foi a maneira que encontraram para assegurar que seus filhos, João da Cruz e Sousa e Norberto da Conceição Sousa, fossem negros livres.
O pai dele era um excelente mestre-pedreiro. A mãe, lavadeira de primeira categoria. Segundo o historiador e escritor Fábio Garcia, mesmo libertos, o casal manteve vínculos com a família do Marechal Guilherme Xavier de Sousa e Clara Angélica de Sousa Fagundes, na qual atuavam anteriormente como escravos.
“Isso auxiliou Cruz e Sousa a ter o à educação. Foi escolarizado, era um dos melhores alunos da classe. Era um pequeno gênio”, diz o historiador.
“A vocação de Cruz e Sousa pela literatura veio cedo. Rascunhou os primeiros poemas ainda na escola, mas foi ao lado dos amigos Horácio de Carvalho, Tibúrcio de Freitas, Virgílio Várzea, Timóteo Maia, entre outros, que a brincadeira ficou séria e ele tomou gosto pelas letras e poemas”, detalha Garcia.
Na Florianópolis de antigamente, em Desterro, Cruz e Sousa era bem conhecido por declamar poemas nas praças e eventos sociais, além de tocar piano perfeitamente.
“Nesta época, chega à cidade a Companhia Julieta dos Santos. Dante — outro apelido peculiar de Cruz e Sousa — então é convidado para fazer parte da trupe, atuando como ponto (a pessoa que sopra o texto ao ator principal). Foi o ponto de partida para Cruz e Sousa sair de Desterro e ganhar o Brasil”, explica o historiador Fábio Garcia.

Assim, Cruz e Sousa viajou e levou sua arte aos quatro cantos do país, até se estabelecer no Rio de Janeiro. Lá, assim como em Santa Catarina, ele fundou jornais e continuou sua jornada de escrever poemas.
Ele faleceu em Minas Gerais em 19 de março de 1898. Seu corpo foi levado para o Rio de Janeiro e posteriormente trazido para o Palácio Cruz e Sousa, em Florianópolis, onde existe um memorial dedicado ao simbolista.
Saiba mais detalhes sobre Cruz e Sousa 65l22
Quem detalha esta história em uma reportagem especial, do Floripa 350, para o Balanço Geral Florianópolis, é a repórter Karina Koppe. Confira!
Floripa 350 674oy
O projeto Floripa 350 é uma iniciativa do Grupo ND em comemoração ao aniversário de 350 anos de Florianópolis. Ao longo de dez meses, reportagens especiais sobre a cultura, o desenvolvimento e personalidades da cidade serão publicadas e exibidas no jornal ND, no portal ND+ e na NDTV RecordTV.