A OSF (Orquestra Sinfônica de Florianópolis) deve retornar os concertos no primeiro semestre de 2022, por conta do avanço da vacinação. Agora, o grupo busca novo espaço para ensaios.

A sinfônica voltou a performar em única apresentação no final de 2019, após o hiato de 8 anos. As atividades tiveram que ser suspensas com o surgimento dos casos da Covid-19.
Como a orquestra reúne muitos músicos e plateia grande, era inviável realizar atividades sem o registro de aglomerações. O corpo musical é composto de instrumentos que propagam ar, como clarinetes e flautas, o que torna ainda mais perigoso.
Porém, a imunização em massa possibilita o retorno aos palcos com maior segurança sanitária, se os devidos protocolos, como o uso de máscaras, de preferência PFF2, distanciamento de ao menos 1,5 metro e higienização das mãos, forem seguidos.
Nesse sentido, a Osesp (Orquestra Sinfônica de São Paulo), a Sinfônica de Berlin, de Frankfurt e muitas outras já reocuparam as principais salas de concertos do mundo.
Busca por local em Florianópolis 4k2d5b
A diretoria procura local que seja amplo e arejado para a realização dos ensaios. Já existem conversas avançadas com a Catedral Metropolitana de Florianópolis. Para que a igreja ceda seu espaço, o grupo terá que realizar ao menos três concertos gratuitos no local.
OSF executa a “Dança Húngara Nº 05 em Sol Menor”, do compositor alemão Johannes Brahms, na Catedral Metropolitana de Florianópolis – Vídeo: Rose Paulino/Divulgação/ND
O maestro e diretor artístico, Carlos Alberto Vieira, garantiu que o repertório será diverso e percorrerá os principais movimentos da música de concerto e da popular, principalmente a brasileira.
Além disso, Carlos Alberto Vieira também revelou que os músicos, que não tocam com o grupo há mais de 2 anos, estão ansiosos para o retorno das atividades. “O pessoal está esperançoso de realizarmos os ensaios”, contou o maestro.
O grupo também deve desenvolver atividades educacionais, através da Orquestra Escola. “Nós temos muita gente jovem, crianças, que querem participar”, disse o condutor, que também é professor e estudou pedagogia musical no Japão, com Shinichi Suzuki.
A pedagoga musical e nova tesoureira da OSF, Esmeralda Fabri, expressou empolgação com o projeto.
“Educação musical transforma o ser humano. A prática de orquestra é uma célula que reflete a sociedade”, afirma Esmeralda.
“Cada um cumpre o seu papel. A criança permite escutar-se e escutar o outro. A perseverança, a calma, memória e estrutura do ser-humano são desenvolvidas com o ensino musical. Nem todos os estudantes podem tornar-se músicos, mas todos serão cidadãos”, esclarece a pedagoga.
Esmeralda também disse sentir-se feliz e honrada por fazer parte da nova diretoria e que a orquestra viva é muito importante.
“A primeira coisa que um governo autoritário faz é reprimir a cultura. A saúde mental e emocional de povos se mede com ela”, disse a professora.
“Precisamos trabalhar para o fortalecimento da arte. Ela nos cura, nos da ar. Necessitamos dela, principalmente agora, que vivemos um clima político de muita violência e ódio contra as minorias e o povo pobre”, finaliza.
Músicos ansiosos para o retorno 124a4z
Orquestra ensaia o movimento final da “9º Sinfonia em Ré Menor, Op. 125”, de Ludwig Van Beethoven. A letra, escrita pelo poeta classicista Friedrich Schiller, diz em trecho “O que era dividido em vão,/Homens e mulheres, juntos/São agora irmã e irmão – Vídeo: Rose Paulino/Reprodução/ND
Alguns músicos, apesar do entusiasmo, apresentam preocupação. “Eu estou com bastante vontade. Eu acho que todos estão com muita expectativa”, contou Pedro Bernardo, violista do grupo e estudante de música da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina).
“Mas estou um pouco receoso. Tudo depende da situação que a pandemia se encontra. Hoje [com o avanço da variante Ômicron do coronavírus], tenho medo. Daqui dois meses, não sei. Precisamos seguir bons protocolos, me sentiria seguro assim.”
Histórico da OSF 4x712q
A OSF foi fundada em 1944, em um concerto realizado no clube Lira Tênis. Entretanto, encerrou suas atividades em 1963. A orquestra também recebeu apoio durante alguns anos da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Vinte anos após o “nascimento”, a OSF foi refundada e declarada utilidade pública pelo ex-prefeito Sérgio Grando (PPS).
Os dirigentes da orquestra explicam que desde 2011 o grupo nunca mais recebeu verbas para a manutenção das atividades. Em 2019, os músicos reuniram-se de forma voluntária para único concerto.
Entre os fundadores da OSF, estavam o ex-governador de Santa Catarina, Aderbal Ramos da Silva (PSD) e o ex-presidente da Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina), Oswaldo Bulcão Viana (UDN).
Atualmente, a OSF abriga 3 gerações de músicos da família Vieira. O pai, o maestro Carlos Alberto Vieira, os filhos, o spalla Carlos Augusto Vieira e o violinista e violista André Luiz Vieira e a neta, a violinista Natacha Vieira.
