A Oktoberfest é vivida de diferentes maneiras, a partir do ponto de vista de cada pessoa que se envolve com a festividade. Nesta reportagem, o ND+ conta histórias e tradições que fazem os turistas desejarem voltar para o evento; blumenauenses abrirem mão da rotina para um brinde, e os comerciantes se reinventarem.

Um dos fatores que impactam a maneira como uma cidade se comporta são os eventos. Blumenau, por exemplo, se transforma durante a Oktoberfest.
Turistas de ponta a ponta do Brasil reúnem-se em frente às vitrines para comprar trajes típicos, com o objetivo de experimentar a cultura local, e com a atitude possibilitam a movimentação da economia. Já os blumenauenses matam a saudade do evento, e adaptam às rotinas um tempo para festejar.
O presidente da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) de Blumenau, Eduardo Soares, enaltece que o blumenauense é responsável por grande parte do sucesso econômico da Oktoberfest. Seja frequentando a festa ou abrigando amigos e parentes de outras regiões. “Em conversas com associados é notório que a festa gera vendas no comércio”, relata o presidente.
Comércio impulsionado 2v5i1n
Da gastronomia até a rede hoteleira, são vários os beneficiados nos setores de comércio e serviços durante a Oktoberfest. Entretanto, se engana quem acha que é apenas o comércio de dentro da Vila Germânica que sente o aumento nas vendas.
Um exemplo é o caso de um empreendedor que decidiu fazer mudanças em sua vida. Pedro Galvão Machado, de 33 anos, sempre teve o sonho de abrir um negócio, porém a vida o levou a uma empresa de softwares, na área de gestão pública, em Blumenau.
No pico da pandemia, em 2020, tomou uma decisão. Incentivado por sua esposa, decidiu largar a rotina em que vivia e comprar uma franquia de café. Instalou o estabelecimento na rua Dr. Amadeu da luz, no Centro, onde está até hoje, com fachada chamativa, em amarelo e preto, e interior aconchegante.
E esta é a primeira Oktoberfest Blumenau como empreendedor. E no caso de Pedro, não foi preciso mudar os produtos que são vendidos para sentir os impactos da festa. “Blumenau se move através da Oktoberfest, esperávamos há muito tempo a festa e está muito positivo (o movimento), principalmente nos dias de desfile. A gente vê que o pessoal está cansado de ficar em casa e ver shows apenas pela TV e como o desfile atinge vários nichos, essas pessoas frequentam aqui”, analisa o empreendedor.
Para atender a esse público ativo, o comércio se adapta em vários sentidos. E no caso da cafeteria, ganhou decoração com laços e cores que remetam à Alemanha.
E claro, a improvisação ao falar com turistas de fora do Brasil é fundamental. Pedro conta que foi pego de surpresa quando precisou “gastar” o inglês com um turista alemão, de Munique. “O inglês estava enferrujado, foi difícil”, conta o empreendedor.
Escrever e reescrever histórias 6c2944
Turistas e blumenauenses se misturam durante a festa, e para saber quem é quem, é preciso percorrer os caminhos da Vila Germânica (e fora dela), conversando com as pessoas e descobrindo novas histórias a cada metro quadrado.
Na praça de alimentação, Mariana e Gabriel conversavam em volta de uma mesa, quase ando despercebidos. O casal de Jaraguá do Sul veio de ônibus aproveitar um dia de festa e prolongar uma herança cultural. “Meus pais se conheceram na Oktoberfest e como nos casamos recentemente, viemos à festa manter a tradição”, explica Gabriel, de 25 anos.
Há pouco menos de uma hora de Jaraguá do Sul fica ville, terra de Daniele, de 43 anos, e Paulo, de 46, que eavam pelos estreitos corredores da Vila Germânica e olhavam as vitrines. Diferentemente de Mariana e Gabriel, o casal conta que já é a 10ª edição da Oktoberfest em que marcam presença.
Os dois já estão habituados com a festa e sabem o que não pode faltar no cardápio para vir ao evento: “linguiça Blumenau, qualquer prato com linguiça Blumenau”, destaca Paulo.
De Brasília, a cerca de 1.500 quilômetros de Blumenau, Davi e Rodrigo aproveitaram a viagem a Florianópolis para dar uma ada na cidade. “A Oktoberfest é super famosa, sempre ouvimos falar, mas nunca tivemos a oportunidade de vir”, explica Davi, de 29 anos.
Mas não é só o turista que aproveita a festa. Solteiros, casados, crianças, idosos, famílias inteiras, comprovam que os blumenauenses arranjam tempo para festejar. No caso de Rodrigo Liano, de 40 anos, ocasiões como a Oktoberfest não podem ar em branco. “Eu sempre venho o máximo que posso, nesta edição não perdi um dia”, comenta o morador da cidade.

Caracterizado com o suspensório marrom, camisa branca com botões e gravata vermelha, Rodrigo explicou que por ser integrante do grupo Blumenauer Volkstranzgruppe, toda quarta e sábado participa do desfile.
Futuro promissor 4bo66
O cenário que a 37ª Oktoberfest Blumenau deixa nesses 19 dias, além de positivo para a economia da região, é promissor para o futuro da cidade. Após dois anos sem acontecer em virtude da pandemia de Covid-19, a festa voltou com tudo, e até esta sexta-feira (21), mais de 450 mil pessoas se reuniram para festejar.
Blumenau se despede da festa, mas a festa não se despede de Blumenau. Isso porque, quando uma edição termina, a ansiedade pela próxima inicia. E assim já se aram 37 edições.