O Halloween, ou Dia das Bruxas, é uma comemoração marcada por histórias e lendas que são conhecidas e difundidas por muitas pessoas mundo afora. Em Blumenau, não poderia ser diferente. A cidade possui diversos mitos que já fazem parte da história local, e que hoje serão especialmente relembrados pelo portal ND +.

Guilherme Nau, 26 anos, motion designer e CEO do Naumotion, cria diversos conteúdos sobre Blumenau para o canal Capivara Godofredu, e em 2020, fez uma série especial de vídeos que retratam algumas das lendas urbanas mais famosas da cidade.
Ele comenta que gosta bastante de toda a história por trás do Halloween e toda essa temática fantasiosa. “É uma época interessante para a gente brincar com a fantasia das crianças. Tudo que é para criança eu acho que agrega bastante, porque com o tempo, a gente vai sempre lembrar da data e das histórias da nossa região”, comenta.
A série de vídeos feita especialmente para o halloween, do Capivara Godofredu, chama muita atenção dos blumenauenses e dos moradores de diversas cidades do país, pela produção, imagens e narração. “Mesmo não sendo algo que você vai usar no seu dia a dia, são histórias interessantes para você contar e criar aquele clima fantasioso sobre halloween, um folclore que não temos aqui na região, apesar de termos muitas lendas urbanas”, relata Guilherme.
O colunista do blog de Adalberto Day, Carlos Braga Müller, também explorou o universo das lendas urbanas de Blumenau. O cientista social e pesquisador conta em detalhes nos seus textos informações a respeito das histórias, buscando as diversas versões e apresentando bases históricas.
Ele acredita que as lendas muitas vezes acabam se sobrepondo à realidade e que acabam por fazer parte da cultura daqueles que ali vivem. “As lendas urbanas devem ser preservadas, adas adiante, pois fazem parte da cultura de um povo”, comenta.
Confira as quatro lendas mais curiosas sobre o ado de Blumenau, relatadas nos blogs de Adalberto Day e Capivara Godofredu:
Enterrado-vivo em Blumenau 4r101j

Você já se imaginou sendo enterrado vivo? Bem, relatos contam que o famoso jornalista Hermann Baumgarten, na época com 45 anos, presenciou um episódio assim.
Na Blumenau de meados de 1905, existiam duas igrejas na cidade, uma luterana e outra católica – onde hoje é localizada a Igreja Matriz. Dentro de ambas foram construídos cemitérios para atender à demanda de falecimentos da cidade recém colonizada.
Em uma manhã comum, Hermann parecia misteriosamente desacordado e com sinais vitais aparentemente inexistentes, “confirmando”, para aqueles ao seu redor, sua morte.
Para prestar homenagens no funeral de seu grande amigo, o médico e deputado José Bonifácio foi até Blumenau. Ao chegar próximo do corpo, percebeu que Hermann não aparentava pele pálida ou frieza, estados comuns em cadáveres, então optou por realizar técnicas de reanimação, para estimular o corpo a voltar à vida.
Ainda no funeral algo inesperado aconteceu. De maneira inesperada, Hermann despertou e assustou todos ao seu redor, ao declarar que estava consciente durante todo aquele tempo. Ele ouviu tudo o que as pessoas lhe falavam aos prantos, enquanto seu desespero crescia por pensar que seria enterrado vivo em um caixão.
Ainda há boatos de que não somente Hermann teria sido enterrado vivo em Blumenau. Fala-se que muitos foram enterrados ainda com vida, em estado cataléptico, e acabaram morrendo por falta de oxigênio, uma vez que ossadas dentro dos caixões teriam sido encontradas em posturas estranhas, anormais para quem havia sido enterrado já sem vida. No entanto, é importante reforçar que essas suposições são rumores, sem que haja qualquer confirmação a respeito.
O fantasma da Rua Ângelo Dias 2u3x5h

A lenda conta que por volta de 1920 e 1930, conversas quase silenciosas eram compartilhadas entre moradores da região, curiosos para saber o que era aquilo que acontecia durante as noites na Travessa 4 de Fevereiro – atual Rua Ângelo Dias, no Centro da cidade.
As versões do que poderia ser variavam muito de pessoa para pessoa, mas o que se tinha em mente na época era de que um vulto encapuzado e em roupas escuras frequentava aquela rua de forma sorrateira e isolada durante a madrugada, e era avistada de longe por aqueles que ali avam, desaparecendo na escuridão.
Muitos tentaram descobrir quem estava por trás daquela aparição fantasmagórica. Mas as verdadeiras suspeitas giravam em torno de um sacerdote, uma vez que o “fantasma” fazia visitas regulares a uma pessoa querida por ele na calada da noite.
Rumores ainda apontam que essa história foi incentivada. A lenda chegou a ganhar tanta força que por muito tempo a Travessa 4 de Fevereiro foi chamada de Gespensterstrasse (do alemão: Rua do Fantasma). O nome da real figura ficou esquecida com o tempo, assim como a lenda.
Túneis secretos 6p5i2e

Não é novidade que Blumenau teve rumores de influência nazista durante o período entre guerras mundiais. Mas uma lenda que sempre volta à tona e gera novas especulações é a existência de túneis secretos que ligam o Teatro Carlos Gomes, os colégios Bom Jesus e Sagrada Família, até a escola Pedro II. Estes caminhos acabariam facilitando a movimentação do partido nazista pela cidade, caso ganhasse a guerra.
Engana-se quem pensa que esta é a única versão sobre o propósito dos túneis. Outra lenda conta que as agens serviam para uma movimentação “discreta” de padres entre um colégio e outro.
O propósito nunca foi realmente confirmado e os únicos documentos que poderiam servir de base histórica foram queimados durante um incêndio que aconteceu em 1985 no Arquivo Histórico municipal. O que se conta oficialmente, é que estes túneis foram construídos para canalizar antigos ribeirões e águas de chuva.
Fantasma do Morro da Laguna 2g445x

Outro mito fantasmagórico que assombra Blumenau é da mulher de branco do Morro da Laguna, no bairro Fidelis. A lenda diz que duas decoradoras subiram este morro à noite para preparar uma festa infantil que aconteceria na manhã seguinte.
Elas optaram por fazer a decoração no salão de festas naquela noite, por conta das agendas cheias em outros períodos. Após trabalharem um pouco, decidiram fazer uma pausa e ir até um bar que ficava próximo, exigindo uma caminhada de 15 minutos. As estradas eram de difícil o e muitas escuras, devido à escassez de postes de luz no local, e um clima estranho começou a se formar.
Nos minutos que seguiram, as luzes dos postes começaram a enfraquecer e a desaparecer. Ao ouvir um som estranho vindo mais a frente, algo como uma respiração ofegante, e os curtos próximos a elas, elas pararam e se entreolharam. Ao voltar sua atenção para o poste a frente, se assustaram ao ver que ali havia um vulto fantasmagórico.
“O que poderia ser aquilo?”, pensaram.
Por conta do tempo de cerração e do escuro ao redor, não conseguiam ver de quem se tratava, mas conseguiam distinguir a silhueta de uma mulher muito pálida com um vestido branco e cabelos molhados. Quando a mesma se virou para as mulheres, notava-se a ausência dos olhos, nariz e boca.
As duas decoradoras não perderam tempo e começaram a andar apressadas de volta para o salão de festas, mas pararam quando ouviram os os novamente, olharam para trás e perceberam que o vulto estava vindo em sua direção.
Dessa vez, correram em disparada para a direção contrária, em sentido ao bar que era seu destino original. Ao chegar, o dono do bar, vendo o desespero nos olhos das duas mulheres, perguntou: “Vocês também viram, não?”.
De acordo com o canal Capivara Godofredu, ninguém sabe ao certo qual a origem do tal fantasma e porque ela ronda aquelas regiões.
Você teria coragem de ar pela rua Ângelo Dias ou no Morro da Laguna e encontrar estes fantasmas? Ou talvez se aventurar pelos túneis de Blumenau? Essas lendas reconstroem o ado da cidade de uma forma arrepiante e misteriosa, mas que sem dúvidas, merecem ser lembradas nesta comemoração tão especial que é o Halloween.